por Fábio Alexandre Miranda de Sousa
Depois que correu, literalmente, o mundo por mídias digitais, a declaração de um produtor rural Varre-saiense, de que a decisão da sobretaxa Norte-Americana, de 50% sobre as importações, incluindo o café, motor da economia da Capital Estadual do Café (Lei nº 6875/2014 do Estado do Rio), vamos tentar detalhar nossa perfeita concordância com o pequeno cafeicultor.
A realidade da cultura caffeeira de nossa região, possui características peculiares que devem ser enfatizadas, para uma melhor compreensão do assunto: Praticamente a totalidade das propriedades rurais, se enquadram na condição de pequeno e médio produtor rural, em sua esmagadora maioria, familiar. A topografia, embora favoreça com o clima temperado de altitude face à nossa condição de uma "continuidade" da Serra do Caparaó, por outro lado, consiste em um enorme desafio operacional, por serem as lavouras, situadas em montes de acentuada inclinação, passando dos 40º. Condição essa que, somada ao gigante êxodo rural dos últimos 30 anos, bem como aos baixíssimos preços do produto, só não extinguiu a cultura na região pela obstinação de seus produtores e pela chegada das mágicas "máquinas costais" - equipamentos individuais movidos a combustão que mecanizaram tarefas diversas, nos permitindo competir com as lavouras do eixo Sul/Sudeste, há muito, se utilizando de tratores para esse fim, dada sua topografia plana. Vale mencionar nossa entrada magistral, no importantíssimo mercado de café especias.
Para aqueles que não compreendem claramente a dinâmica econômica da questão, esclareçamos: Como são produtores familiares, cuja condição de consumir produtos (locais e externos), depende diretamente do sucesso do produto cafeeiro, precisamos compreender os efeitos em cascata de uma estagnação no preço do produto nos outros ramos da economia regional. Funciona mais ou menos assim - O comércio local é impactado imediatamente, nos itens menos primordiais: mercado de máquinas agrícolas - paralisa; mercado de combustíveis - reduz drasticamente, porque as máquinas vão diminuir suas atividades, restando apenas o uso de necessidades essenciais de deslocamento; mercado de veículos - estagnação total; mercado imobiliário - despenca, porque os produtores rurais, além de comprarem terras para produção, são os grandes compradores de imóveis urbanos; construção civil - estagnada, gerando desemprego; trabalho na lavoura - diminui drasticamente; mercado de cafés especias, fortemente ligado ao agroturismo - afetado fortemente; Já imaginou que a Administração Pública será afetada pela queda de arrecadação de impostos né? Não cabem nesse artigo os demais impactos…
Diante disso, resta-nos concordar com a ideia de nosso produtor, de que a bomba (a sobretaxa) lançada pelos EUA, foi pior do que a que (literalmente) jogaram recentemente, pois aquela perfurava 60 metros de profundidade e esta agora, se forem mantidas as ameaças de sobretaxa (o que eu não acredito que será desse patamar pois, logo que atingirem seus objetivos geopolíticos, a trarão de volta para níveis aceitáveis, mas sem deixar de ganhar uma "beiradinha"), irradiará seus efeitos a partir do epicentro (bolso dos produtores locais) para todas os demais setores da economia, sendo assim, mais parecida em efeitos, com uma bomba atômica. E, atingirá assim, o fim do mundo.
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