Na III FLICbonjê, quando Bom Jesus do Itabapoana se vestiu com as cores da literatura, e o som suave das palavras ecoava na praça Governador Portela, algo extraordinário floresceu entre os estandes e os sorrisos. Não eram apenas livros que ali se lançavam — eram sementes. E uma dessas sementes, delicada e luminosa, tinha nome e voz: Isabela Gabetto de Oliveira Silva, 12 anos, que lançou seu primeiro livro, O Pulo do Gato.
Naquele palco transformado em templo, onde os aplausos pareciam orações, Isabela surgiu como uma flor do jardim da infância que ousou falar com todas as idades. Seu livro, escrito e ilustrado por ela em 2021, não é apenas uma história — é um gesto de amor, é um reflexo de um mundo possível. Um mundo em que crianças escrevem, desenham, sonham... e são escutadas.
O brilho no olhar da jovem autora misturava-se ao orgulho sereno dos pais. Era como se toda a cidade tivesse parado por um momento para testemunhar não apenas um lançamento literário, mas o nascimento visível de um novo tempo. Isabela não é apenas uma promessa. É presença. É prova.
Porque, como a própria FLICbonjê nos ensinou, para se compreender uma árvore é preciso conhecer a floresta. E ali, no meio daquela floresta cultural, Isabela ergueu sua árvore pequena e frondosa — já carregada de frutos doces.
O Pulo do Gato começa com um salto — um salto literal de um gato, um salto metafórico de uma imaginação sem fronteiras. Um gato, um rato, uma Praça Central, um queijo desejado, e o humor infantil que resiste à pressa do mundo adulto. A narrativa, leve e criativa, vem acompanhada de um convite generoso: que o livro seja lido em família.
E ali está uma das mais poderosas lições: a literatura como elo entre gerações. Isabela oferece não só uma história, mas sugestões de como contar essa história — com vozes, perguntas, desenhos, brincadeiras, tesouros escondidos e afetos revelados. É livro, é brinquedo, é espelho. É ponte entre pais e filhos, entre infância e permanência.
Na dedicatória, escreve: “Gino, obrigada por embarcar nessa aventura comigo. Espero que se divirta!” — e ao lado, o contorno de um gato nos olha, quase como cúmplice. E dedica a obra “para todas as crianças que amam se divertir com histórias e adoram desenhar.” A autenticidade da infância pulsa em cada traço, em cada linha — não para nos fazer lembrar do que fomos, mas do que ainda podemos ser.
Isabela não escreveu um manifesto. Ela viveu um. Sua obra não é teórica — é concreta. E, ao contrário de tantos livros que se alimentam do cinismo ou da crítica seca, O Pulo do Gato mostra, com a leveza da infância, que a nova sociedade não se desenha com slogans, mas com gestos. Com acolhimento. Com amor.
A III FLICbonjê foi espelho e janela. Mostrou à aldeia a beleza que carrega dentro e revelou ao mundo que, nas mãos de uma criança que escreve, cabe o futuro inteiro.
E no salto daquele gato — inesperado, divertido, cheio de vida — talvez estejamos todos sendo convidados a pular também. A saltar para um tempo novo, onde livros nascem do afeto, e a cultura, como um gato no alto do muro, observa tudo com olhos curiosos e um coração pronto para pular.
Para para a nova autora Isabela!
ResponderExcluirDeus abençoe com muito sucesso!
A dedicatória tem um toque especial! 🥰 Parabéns à Isabela por criar algo tão especial!"👏🏻👏🏻👏🏻
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