terça-feira, 15 de março de 2016

CANÇÃO DA RUA QUE NÃO EXISTE (da Biblioteca de ELCIO XAVIER)



                                                Zila Mamede


Ideia da cor da rua
Que não tem cor nem tem nome,
Sem gente, cansada, nua,
Rua pavilhão da fome.

Rua asfaltada de lama,
Tetos negros de fumaça.
A calçada fria é cama
Para os que bebem cachaça.

Ideia que não tem cor
Verteu-se negra do fumo
Daquela rua da dor,
Da rua que não tem rumo.

Perdida ideia na rua,
Na rua que não existe
Mas que, sem gente, que nua,
Ao tempo, incerta, resiste.




Do livro ROSA DE PEDRA
da Biblioteca de ELCIO XAVIER doada à Biblioteca do ECLB

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