quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Nem todos somos Charlie Hebdo






Ana Maria Silveira

 

   Ficamos assustados com os acontecimentos relacionados aos ataques ao semanário francês Charlie Hebdo. Ao primeiro impacto veio à tona a defesa incondicional da Liberdade de Expressão. Milhares de pessoas em todo o mundo foram às ruas para protestar contra os ataques aos cartunistas do Charlie.

 Com o desenrolar das informações chegadas pela mídia nacional e internacional ficou-se sabendo também que a Religião Muçulmana não admite a representação de seu Profeta Maior, Maomé, em nenhum tipo de imagem gráfica ou escultural, como os Católicos, por exemplo, representam seus Santos.

  Foi dito ainda, pela mídia, que não era a primeira vez que os Muçulmanos se sentiam ofendidos com as representações impressas do seu Profeta pela imprensa de cultura ocidental. Eles vêm expressando com protestos e até mesmo com ataques a pessoas e a gráficas esse descontentamento.

Os cartunistas do Charlie, numa equivocada “arrogância colonizadora”, continuaram atacando e desrespeitando o Islamismo. Nada justifica qualquer tipo de violência seja ela física, ou verbal, ou moral, mas o comportamento deliberadamente agressivo dos cartunistas franceses culminaram com toda essa tragédia, perfeitamente dispensável se as pessoas, ditas “civilizadas” soubessem respeitar às outras, indiferentemente da nacionalidade, religiosidade, cor da pele, partido político, time de futebol.

Não satisfeitos, os jornalistas do Charlie, num gesto injuriante e de uma provocação sem precedentes, insistiram em representar o Profeta na capa da edição histórica do semanário, desta vez chorando e dizendo: “Je suis Charlie”.

 Fazer crítica é uma coisa, agredir é outra bem diferente. Quando percebemos nossos erros, devemos pedir desculpas.

Nesse episódio os muçulmanos não estavam se sentindo criticados e sim agredidos. Se lhes é demasiadamente ofensiva a representação da figura do seu Profeta, por que não respeitá-los? Não podemos confundir liberdade de expressão com bullying.

 Quando um falso pastor foi à televisão e despedaçou uma imagem de N.S. Aparecida, minha mãe, que era católica fervorosa, ficou indignada. Chocada. Adoecida. Aquele gesto a feriu profundamente, a ela, uma idosa que estava dentro de casa sem fazer mal a ninguém. É mais do que evidente que o mesmo acontece com os seguidores do Livro Sagrado do Islã quando veem seu profeta tripudiado.

Antiga, mas sempre válida para qualquer situação é a Terceira Lei de Newton, também conhecida como Princípio da Ação e Reação,que nos ensina:”A toda ação há sempre uma reaçãooposta e de igual intensidade.”

Admiráveis são nossos cartunistas Maurício de Souza, Juarez Machado, Ziraldo, Laerte, Millôr, Péricles, Luiz Sá, irmãos Caruso, Borjalo, Jaguar, Lan, Ique, Henfil, Angeli, Gonsales, Claudio Paiva, Glauco, e muitos outros, que nos arrancam --como reação-- saudáveis gargalhadas.

15 de Janeiro de 2015
 
Ana Maria Silveira é filha do ex-governador Badger Silveira

 

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