Da Série Entrevistas de O Norte Fluminense
O BONJESUENSE QUE VOOU AO PÍNCARO DA GLÓRIA (2ª. parte)
Entrevista histórica com o Tenente-Brigadeiro SÉRGIO XAVIER FEROLLA (página...)
Ten-Brigadeiro Sérgio Xavier Ferolla |
O Norte Fluminense: Onde
e quando nasceu? Fale dos seus pais, avós e bisavós; onde nasceram e de onde vieram?
Sou natural de Bom Jesus, onde nasci em
janeiro de 1934. Meus avós paternos, Luiz e Maria Ferolla, vieram da Itália no
final do Século XIX, como integrantes da grande imigração estimulada pelo
governo brasileiro para receber mão de obra eficiente e qualificada, tão
necessária para a agricultura e o setor produtivo.
Meu pai, Domingos Ferolla,
formado em Ciências Contábeis, dedicou-se à produção e ao comércio do café, num
período em que nossa cidade foi líder nessa cultura e posterior preparação dos
selecionados grãos para consumo e exportação.
Dentre seus muitos irmãos
destacaria, para fins históricos, o Dr. Cezar Ferolla, médico que, como
Deputado Estadual, teve importante e decisiva participação na emancipação do nosso
município.
Minha
mãe, Lucylia Xavier Ferolla, teve como seus ascendentes, avós e pais, uma
estirpe de desbravadores e pioneiros. Migraram para a nossa região logo
após a execução de Joaquim José da Silva
Xavier, o grande líder da Inconfidência Mineira. Na ocasião, aos lacaios da
nobreza portuguesa cabia exterminar todos os familiares de Tiradentes. Como
empresários e comerciantes de sucesso em Vila Rica, atual Ouro Preto, aplicaram
seus recursos e experiência no Vale do Itabapoana.
Carlos Xavier, o pai da
minha avó Baldina, adquiriu uma grande área na margem esquerda do rio, onde
instalou a sede da sua fazenda, que acabou dando origem à irmã Bom Jesus do
Norte.
Meu primo Elcio Xavier redigiu meticuloso trabalho no qual realça a saga
dessa gente corajosa e empreendedora, mostrando que a Carlos Xavier, com
recursos próprios, coube a construção da primeira ponte de madeira interligando
as duas comunidades. Recorda, também, que nosso avô Samuel, primo de Baldina,
foi com o pai para região de Santo Eduardo e mais tarde, em Bom Jesus, tornou-se
destacado empresário na exploração e industrialização das toras de madeira
extraídas nas imediações do município.
O Norte Fluminense: Fale sobre seus irmãos e sobre os colégios onde estudaram. Fale, enfim, sobre sua
família.
Eu e meus três irmãos, Benito, Guido e
Dirceu, cursamos o Ginasial, atual fundamental, no inesquecível Colégio Rio
Branco. Para prosseguir nos estudos tivemos
de buscar o Científico, atual nível médio, em outras escolas. Tal decisão
acabou orientando, muito cedo, a minha carreira profissional quando, com quinze
anos e cursando o Liceu de Humanidades de Campos, tomei conhecimento do
primeiro concurso para a Escola Preparatória de Cadetes da Aeronáutica.
Meus irmãos seguiram caminhos semelhantes,
com o Benito e o Dirceu ingressando no Exército para cursar a Academia Militar
das Agulhas Negras, em Resende, e o Guido na Escola Naval da Marinha de Guerra,
no Rio de Janeiro. Posteriormente, já como Oficiais, optaram pela vida civil, com
os dois primeiros na advocacia e o Guido na engenharia. O Dr. Benito se
aposentou como Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Rio, o Guido é
Doutor (PhD) na carreira acadêmica e o Dirceu empresário.
O Norte Fluminense: Como foi seu ingresso na Aeronáutica?
Tendo obtido bom resultado nas provas para
a Escola Preparatória de Cadetes, fui matriculado no curso de formação de
Oficial Aviador a partir de janeiro de 1950. Como Tenente e Capitão, entre 1956
e 1963, fui piloto operacional no Primeiro Grupo de Aviação de Caça, a heroica
Unidade de combate que se destacou nos céus italianos durante a Segunda Guerra
Mundial. Meus contemporâneos devem se recordar da Festa de Agosto em 1960 quando, com 4 jatos Gloster Meteor sob
meu comando, a Força Aérea prestou inédita homenagem à cidade com passagens a
baixa altura em alta velocidade. Por participar ativamente na logística daqueles
modernos aviões, os primeiros jatos a operarem no Brasil, tomei a decisão de
ampliar meus conhecimentos técnicos. Em 1963 ingressei no famoso Instituto
Tecnológico da Aeronáutica, onde me graduei em engenharia eletrônica em 1967.
Como aviador e engenheiro atuei no setor de ciência e tecnologia no Centro
Técnico Aeroespacial, localizado em São Jose dos Campos, São Paulo. No fértil
período dos anos 70 a Aeronáutica liderou o surgimento de várias empresas
estratégicas, criou a EMBRAER e desenvolveu a técnica dos motores a etanol em
seus laboratórios, conquista coroada com a implantação do PROALCOOL.
(contnua)
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