quinta-feira, 6 de outubro de 2016

O ESCRITOR DOMINGOS PELLEGRINI EM LAJE DO MURIAÉ (RJ)




Entre versos e prosas da primavera, na Biblioteca Comunitária Esperança do CCMB (Centro Cultural Maria Beatriz) um grande encontro virtual acontece com o escritor e jornalista paranaense, Domingos Pellegrini.  Uma curiosidade era saber como ele veio a conhecer Laje do Muriaé, local em que se inspirou para criar "Felicidade", a cidadezinha de "A Árvore que Dava Dinheiro". Em uma prosa virtual, Domingos Pellegrini explica: “Visitei Laje do Muriaé em janeiro de 1972, com meu amigo Apolo Mário de Sousa Theodoro, que é natural daí. Ficamos durante uma semana tomando banho de rio, tomando pinga com caju, conversando com tanta gente boa. A primeira edição do livro saiu em 1981, era para ser inicialmente uma peça de teatro, depois era para ser um romance de realismo fantástico, até que, escrevendo, saiu um romancete juvenil, que tanta gente leu e muito me orgulha.”

Para a nossa alegria, com muito carinho recebemos preciosa doação de vários livros do escritor jornalista, entre eles o livro que até hoje encanta leitores do Brasil inteiro: "A Árvore Que Dava Dinheiro."

 Sinceros agradecimentos ao escritor pelo precioso acervo que já se encontra em uso na nossa Biblioteca.



ÁRVORE DE INFLAÇÃO

Como será que Pellegrini teve a idéia de escrever sobre uma árvore de dinheiro que vira de cabeça para baixo a vida dos moradores de uma cidadezinha?

O escritor estava em Laje do Muriaé, quando teve a inspiração. Lá, uns moços contaram uma história que ficou na cabeça do escritor: "Eles diziam estar à espera de emprego nas futuras fábricas de arredondar tijolo, engarrafar fumaça e desentortar banana. E completavam que talvez nem fosse preciso esperar as fábricas, se crescessem depressa as árvores de dinheiro plantadas pelo prefeito..." Claro que uma conversa dessas não ia passar em branco para um contador de histórias como Pellegrini! Logo virou livro.

A obra tem um ingrediente curioso. Por trás da história envolvente e divertida, “A árvore que dava dinheiro” trata de temas que costumam nos aborrecer quando aparecem no noticiário: economia, inflação... Embora não tenha intenção didática, o livro estimula a reflexão sobre a relação do homem com essa sua invenção tão genial quanto perigosa: o dinheiro. Pellegrini diz que o livro retrata, com uma visão crítica, "os principais sistemas econômicos usados pela Humanidade". Vale a pena reproduzir suas palavras: "Os simplórios habitantes de Felicidade, que vivem numa pacata pobreza, tornam-se espertos capitalistas quando as árvores começam a dar dinheiro. Como o dinheiro é tanto que gera tremenda inflação, a economia da cidadezinha (já que as notas se esfarelam ao sair de lá) regride para o mercado de troca. Daí evolui para o mercado de turismo e serviços, sempre cometendo, porém, os erros éticos que emperram essas atividades, como a ganância. Afinal, quando os
moradores percebem que aquelas árvores só trazem infelicidade, voltam a viver sem pensar apenas em dinheiro.

Apesar de toda essa estrutura, Pellegrini sabe que o livro não teria decolado sem uma bela história. Afinal, diz ele, "o jovem detesta moralismo e gosta é de aventura e ação". Mesmo assim, o autor desconfia que a discussão de fundo ético estimulada pelo livro seja um dos segredos do sucesso de “A árvore que dava dinheiro”. Escrita em 1981, a obra até hoje continua a encantar os jovens.

Se isso for mesmo verdade, Pellegrini acertou também na mosca ao escolher o título. Ele chegou a pensar em outro, "mais sintético, mais cinematográfico até: “A árvore de dinheiro”. Mas “A árvore que dava dinheiro” tem, segundo ele, mais cara de fábula, de história "com moral".

Algo que, para ele, ainda é "a maior carência da civilização brasileira".





Notas:
 - O próximo evento do CCMB será a IV Primavera de Arte, Educação e Cultura, e está previsto para iniciar no dia 10 de novembro, com término no dia 10 de dezembro. O evento contará com a Exposição Portinari e Meio Ambiente, entre outras programações.
- O livro "A Árvore Que Dava Dinheiro", será trabalhado a partir de março de 2017 dentro do projeto de leitura e haverá culminância em agosto dentro da programação do 8º Circuito Cultural Arte Entre Povos.



(Informações do CCMB)




Um comentário:

  1. A síntese do livro do Pellegrini inspira certa curiosidade, coloca na nossa mente problemas éticos e existenciais. Assim que tiver uma oportunidade vou lê-lo com a atenção que merece e aberta às expectativas que o comentário da Beatriz sugere.
    Parabéns a vocês, escritor, comentarista e feliz cidade que tem gente que se preocupa com a cultura!

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