Lenice Xavier
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A notícia alvissareira de que nosso tão ilustre conterrâneo Raul
Travassos, atual Secretário de Cultura Municipal, iria revitalizar o carnaval
da cidade, incentivou-me a pensar e relembrar do que vivi, assisti e das
informações que tenho, no que se refere ao carnaval em nossa cidade.
No final da década de 60 (1968/69) surgiu o Bloco Carnavalesco Barra
Pesada, ainda bem improvisado, com fantasias simples, mas de bom gosto e uma
bateria bem afinada. Segundo sei, os idealizadores desse bloco teriam sido
Jorge Falcão, entre outros, e meu irmão Samuel Caldeira Xavier. O bloco se
concentrou, organizou-se e saiu da residência do casal Luiz Falcão e D. Edir
Falcão, que muito apoio deram à moçada, se alegravam e incentivavam os
participantes. O percurso inicial foi até o Aero Clube, onde a sociedade estava
reunida para um baile de carnaval, naturalmente, e a animação foi imensa, os
espectadores aplaudiam entusiasticamente e foi uma felicidade inesquecível ter
feito parte daquele grupo tão empolgado.
No ano seguinte o Barra Pesada foi para as ruas, com o objetivo de
desfilar na Praça Governador Portela e veio a contar com um oponente, ao qual
foi dado o nome de Iuruçú. Não saberia precisar o tempo que duraram esses
blocos, porém durante alguns anos, ao vir passar o carnaval em Bom Jesus,
cheguei a pegá-los desfilando, até que aos poucos foram se desfazendo. Se não
me falha a memória de bom-jesuense ausente, me parece que o Iuruçú foi o
remanescente, ainda que bem reduzido.
Considerei a presença e o desfile dos bonecos gigantes do Tupi
bastante interessante, o que significa uma doce lembrança da infância, época em
que as crianças ainda eram tolinhas, sem informações como hoje se tem excesso,
e confesso que sentia um certo medo deles. Eles continuaram por bastante tempo
e, com o passar dos anos passei a considerá-los divertidos.
Agora quero remontar aos anos de 1935/36, ocasião em que meu pai, Levy
de Aquino Xavier, apesar de pouco conhecido atualmente em sua cidade, foi
poeta, músico e regente de bandas e orquestras, e, em sua época foi um homem à
frente do seu tempo. Pois ele criou o Bloco Carnavalesco Rosa Branca, para o
qual compôs uma animada marchinha, cujos integrantes, em sua maioria moças,
desfilavam uniformizadas sobre um carro alegórico montado em cima de um
caminhão da serraria do meu avô, tocando, cantando e dançando animadamente para
a alegria do povo não só da cidade, mas para os muitos “turistas” vindos de
Niterói, Cabo Frio, Petrópolis e tantas outras cidade do Estado, dada a animação
que causavam.
Para opor-se ao Rosa Branca foi criado o Bloco Recreio das Flores e
disputavam o campeonato de um carnaval tão puro, sem uso de bebida alcoólica e
sensualidade, mas traziam uma alegria que o povo bonjesuense tanto apreciava.
O segundo carro do Rosa Branca foi inspirado em seu nome e trazia uma
imensa rosa branca que ao abrir-se exibia a figura de uma jovem dançando
alegremente e, assim, ia a rosa, abrindo e fechando, o que, convenhamos, na
década de 1930 era de uma criatividade imensa do meu pai, uma das razões de
considerá-lo à frente do seu tempo. O que deixava papai enfurecido foi o
apelido que seu rival deu ao seu bloco, de Repolho, dada a função da rosa
abrir-se e fechar-se.
O Rosa Branca tinha sede no centro da cidade, cujo nome era Salão Rosa
Branca, onde muitos bailes foram realizados, que iam até o raiar do dia, pois
música não lhes faltava, com um maestro e pistonista de primeira à frente, e
muitos músicos ligados a ele, presente que estava em todas os segmentos de
música da época.
Termino dizendo, que desde sempre Bom Jesus foi uma cidade musical,
berço de muitos músicos competentes e dedicados e, por que não dizer,
carnavalescos também!!
14/02/2017
O melhor carnaval, foi no governo Paulo Portugal, foi muito legal.
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