terça-feira, 26 de março de 2019

BOAS PALAVRAS CAÍDAS EM DESUSO



Aquele *abilolado* está namorando aquela *gasguita* que tem os *cambitos* mais finos que canela de sabiá.

​Pela frase acima, quem tem mais de 40 anos já deve ter percebido que muitas palavras e expressões  que se usavam  até  bem pouco tempo, não fazem mais  parte  do  vocabulário.

​Para *adentrarmos* ao colégio no início do ano letivo,  tínhamos que ir ao serviço de Saúde Pública para fazer uma *abreugrafia*, cujo aparelho estava no outro lado de um *biombo.*

​As casas, muitas delas *bangalôs*, eram arrodeadas de *alpendres*, onde nas salas além do *soumier,*  sempre tinham uma *cristaleira* enfeitada com *biscuit*, uma *eletrola* (que é uma *vitrola* elétrica) para tocar disco.

Na copa, a *petisqueira* guardava doces, sobremesas, bolos e  o *lambedor* que era o melhor remédio para gripe. Substituía qualquer *cachete*. No quarto,  junto ao *criado mudo*, ficava o *urinol* para *mictar* durante a noite e, em cima, a *quartinha* com água.

​Os *petizes*, quando muito danados, eram chamados de *azougue*, e quase sempre faziam uma *arte*, se arranhavam, produzindo uma *pereba* ou *tuíta*. O pai além de uns *croques, cascudos ou cocorotes* ainda  os  colocava de castigo sem direito a *fita* da matinal no cinema aos sábado e nem tampouco o sorvete com *carlito*.

​As meninas que estavam ficando mocinhas, as mães faziam penteados armados com *laquê*, presos com *biliro* ou *invisível* que é a mesma coisa ou um belo *diadema*, estava chegando a hora das moçoilas usarem *corpete, saieta  e porta-seios.*

​O automóvel era dirigido por um *chofer* particular que  usava um *casquete* na cabeça e tinha toda responsabilidade sobre o veículo, evitar os *catabis*, atenção ao atravessar uma *pinguela*, não dar *bigu* a desconhecido. Tinha também obrigação de manter o carro limpo, principalmente a *boléia*, com o *tabelier* lustrando.

Quando viajava, para economizar combustível, a marcha utilizada deveria ser a *prise*  e tomar todo cuidado quando fosse dar *riê* para não amassar o pára-choques. A *rodagem* deveria sempre ser verificada e em caso de problema com um dos pneus usaria o *suporte.*

​Aos recém-nascidos costumava-se dar de lembrança um par de *chiquitos* e os mais abastados presenteavam com *trancelim* de ouro.

​As lojas, armarinhos, as empresas  de modo geral , nos finais de ano sempre mandavam confeccionar *cromos* com calendários para distribuir com seus fregueses.

​Os barbeiros, perguntavam ao cliente se a *liberdade* do cabelo era no meio ou de lado.

​Sentir-se mal, era ter um *farnesim*. Urinar no *mictório*. Escrever para alguém , era uma *missiva*. Se tinha ânsia de vômito, cuidado aonde ia *lançar*. Se na cozinha a buchada não estava bem lavada subia aquele *pituim.*

​Palavras chulas não se permitia usar.  *Vá prá baixa da égua, filho de uma mãe*, você parece um *três vezes oito*. *Fruviôco e fiofó* eram o extremo,

​Ah! Na minha casa para se fazer *ponche* de cajá ou mangaba ainda se usa a *urupema.*
       
8/9/99     
Mário Alberto P. de Paiva

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