Jornal fundado por Ésio Martins Bastos em 25 de dezembro de 1946 e dirigido por Luciano Augusto Bastos no período 2003-2011. E-mail: onortefluminense@hotmail.com
terça-feira, 26 de março de 2019
BOAS PALAVRAS CAÍDAS EM DESUSO
Aquele *abilolado* está namorando aquela *gasguita* que tem os *cambitos* mais finos que canela de sabiá.
Pela frase acima, quem tem mais de 40 anos já deve ter percebido que muitas palavras e expressões que se usavam até bem pouco tempo, não fazem mais parte do vocabulário.
Para *adentrarmos* ao colégio no início do ano letivo, tínhamos que ir ao serviço de Saúde Pública para fazer uma *abreugrafia*, cujo aparelho estava no outro lado de um *biombo.*
As casas, muitas delas *bangalôs*, eram arrodeadas de *alpendres*, onde nas salas além do *soumier,* sempre tinham uma *cristaleira* enfeitada com *biscuit*, uma *eletrola* (que é uma *vitrola* elétrica) para tocar disco.
Na copa, a *petisqueira* guardava doces, sobremesas, bolos e o *lambedor* que era o melhor remédio para gripe. Substituía qualquer *cachete*. No quarto, junto ao *criado mudo*, ficava o *urinol* para *mictar* durante a noite e, em cima, a *quartinha* com água.
Os *petizes*, quando muito danados, eram chamados de *azougue*, e quase sempre faziam uma *arte*, se arranhavam, produzindo uma *pereba* ou *tuíta*. O pai além de uns *croques, cascudos ou cocorotes* ainda os colocava de castigo sem direito a *fita* da matinal no cinema aos sábado e nem tampouco o sorvete com *carlito*.
As meninas que estavam ficando mocinhas, as mães faziam penteados armados com *laquê*, presos com *biliro* ou *invisível* que é a mesma coisa ou um belo *diadema*, estava chegando a hora das moçoilas usarem *corpete, saieta e porta-seios.*
O automóvel era dirigido por um *chofer* particular que usava um *casquete* na cabeça e tinha toda responsabilidade sobre o veículo, evitar os *catabis*, atenção ao atravessar uma *pinguela*, não dar *bigu* a desconhecido. Tinha também obrigação de manter o carro limpo, principalmente a *boléia*, com o *tabelier* lustrando.
Quando viajava, para economizar combustível, a marcha utilizada deveria ser a *prise* e tomar todo cuidado quando fosse dar *riê* para não amassar o pára-choques. A *rodagem* deveria sempre ser verificada e em caso de problema com um dos pneus usaria o *suporte.*
Aos recém-nascidos costumava-se dar de lembrança um par de *chiquitos* e os mais abastados presenteavam com *trancelim* de ouro.
As lojas, armarinhos, as empresas de modo geral , nos finais de ano sempre mandavam confeccionar *cromos* com calendários para distribuir com seus fregueses.
Os barbeiros, perguntavam ao cliente se a *liberdade* do cabelo era no meio ou de lado.
Sentir-se mal, era ter um *farnesim*. Urinar no *mictório*. Escrever para alguém , era uma *missiva*. Se tinha ânsia de vômito, cuidado aonde ia *lançar*. Se na cozinha a buchada não estava bem lavada subia aquele *pituim.*
Palavras chulas não se permitia usar. *Vá prá baixa da égua, filho de uma mãe*, você parece um *três vezes oito*. *Fruviôco e fiofó* eram o extremo,
Ah! Na minha casa para se fazer *ponche* de cajá ou mangaba ainda se usa a *urupema.*
8/9/99
Mário Alberto P. de Paiva
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