A Fazenda Santa Clara (na foto acima de Márcio Lucinda-Sauá Turismo) é uma atração turística localizada no município brasileiro de Santa Rita de Jacutinga, na Zona da Mata Mineira a 140 km de Juiz de Fora. 190 km do Rio de Janeiro e 380 km de Belo Horizonte. O fazendeiro e minerador nascido em São João Del Rei, então Capitania de Minas Gerais, Luiz Fortes de Bustamante e Sá, assumiu, no final do século XVIII, o cargo de guarda-mor do registro de Rio Preto. Mas Luiz desistiu do cargo, sendo substituído pelo seu irmão Francisco Dionísio Fortes de Bustamante, que mudou com a esposa e filhos em Rio Preto, em 1800, aproximadamente. No ano de 1824 o seu filho Francisco Tereziano Fortes de Bustamante foi agraciado pelo governo imperial com uma sesmaria de terras, onde montou a fazenda Santa Clara, concluída em 1856. A fazenda foi deixada, com sua morte, para a viúva Maria Tereza de Souza Fortes, Viscondessa de Monte Verde. Com a morte da Viscondessa, que não tinha descendentes diretos, a fazenda ficou com o seu irmão Carlos Teodoro de Souza Fortes, que era o 2º Barão de Santa Clara. A fazenda acabou sendo hipotecada ao banco. Depois, foi à leilão e arrematada pelo Comendador Modesto Leal e, em seguida, ao Coronel João Honório. Hoje é propriedade de seus descendentes.
Com 6 mil m², a Fazenda Santa Clara(na foto acima de Márcio Lucinda-Sauá Turismo) deve ser uma das maiores propriedades rurais com origem no século XIX ainda existentes. É a maior construção rural colonial da América Latina. Possui 365 janelas, 54 quartos, 12 salões, 3 cozinhas, 2 terreiros de café, uma capela, uma mirante, senzala, masmorra e outras dependências apropriadas. Iniciada em 1805, levou mais de 15 anos para ser construída. Toda em pau-à-pique e feita por escravos. O terreiro de café é primoroso e foi construído com conchas e óleo de baleia. A masmorra foi concebida com solidez tal que impedisse fugas. No mirante, construído para vigiar a propriedade do alto, foi instalado um grande relógio alemão, fabricado em 1840 e ainda funcionando. A fazenda foi utilizada como cenário dos seriados de televisão "Abolição", veiculado em 1988, e da novela "Terra Nostra", exibida em 1999. (na foto abaixo, de autoria de Marcos Lamas, a Senzala da fazenda e os instrumentos de castigo aos escravos)
Como ocorre com muitas construções antigas, a fazenda tem suas lendas como a escada do "Pai Nosso" e a escada da "Ave Maria". Ali, o crente faz um um pedido assim que chegar ao último degrau. Dizem que o casarão foi concebido com 365 janelas para simbolizar todos os dias do ano. Também há "janelas" apenas pintadas que, segundo a lenda, objetivavam somar 365 ou, na verdade, para burlar a fiscalização escravagista, já que na época já estava proibido o comércio de escravos. A história conta que pela fazenda teriam passado aproximadamente 2.800 escravos, o que pode ser uma verdade, pois ali se produzia muito café, o que exigia uma grande quantidade de mão de obra. Um dos objetivos da construção dessa fazenda foi a comercialização de escravos para os senhores da região.
A Fazenda ontem e hoje
A fazenda Santa Clara (na foto acima de Márcio Lucinda-Sauá Turismo) , localizada no município de Santa Rita de Jacutinga, a 140 quilômetros de Juiz de Fora, guarda anos de história e tradição. De acordo com um dos herdeiros, Victor Emmanuel de Paula Nogueira, são seis mil metros quadrados de área construída, o que a configura como uma das maiores fazendas da América Latina. Além disso, a sede conta com três andares e é toda feita de pau-a-pique. Atualmente, apenas a fachada principal é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), já que a parte interna ainda está em processo de avaliação pelo órgão. O local tem grande força no turismo da Zona da Mata e é mantido exclusivamente pelo que arrecada com as visitas.
A casa (foto acima de Márcio Lucina-Sauá Turismo)foi construída em meados do século XVIII e apresenta números exorbitantes: são 365 janelas, uma para cada dia no ano; 52 quartos, um para cada semana e 12 salões, representando cada mês do ano. A construção é toda coberta com telhas moldadas nas coxas dos escravos e, por isso, apresenta algumas imperfeições. “Foi dessa prática, que era uma atividade de lazer dos escravos, que surgiu a expressão ‘feita nas coxas’", explicou Victor. O herdeiro conta também que no primeiro piso da construção há pedras portuguesas vindas de Paraty, no estado do Rio de Janeiro. “As pedras vinham de Portugal dentro do navio que chegava ao Brasil para buscar ouro. Elas faziam peso para que o navio ganhasse estabilidade no mar. Chegando em Paraty, as pedras eram substituídas por ouro”, disse Victor.
A fazenda foi adquirida pelo bisavô de Victor, Coronel João Honório de Paula Motta, em 1924. Antes ela pertencia ao Comendador Francisco Tereziano Fortes de Bustamante. “O patrimônio é da época do café. Com a abolição dos escravos, o fazendeiro ficou sem gente para trabalhar e acabou em dificuldades financeiras. Com isso, o local ficou por mais de 20 anos nas mãos de um banco, até que meu bisavô comprou”, relatou. (na fotografia acima, de Volnei Almeida/Panorâmio, o Salão do Sarau da Fazenda e na foto abaixo, também de Volnei Almeida a masmorra onde os escravos eram castigados)
Atualmente a propriedade é dividida em oito partes, uma para cada herdeiro. Além disso, tem um museu, no qual os turistas tem a oportunidade de conhecer grande parte do casarão. “Eu e minha mãe conduzimos a visita. Recebemos muitos turistas por mês. Em época de férias e feriados, contamos até com estrangeiros querendo conhecer o local. Cobramos R$15,00 (esse preço pode ter sofrido alterações, verifique antes) e mantemos a casa com o que arrecadamos”, destacou.
No lugar os turistas tem a oportunidade conhecer várias peças históricas, como um tapete persa de mais de 20 metros quadrados, um espelho todo coberto com ouro e coleções de móveis. Além disso, podem observar como era a vida dos escravos na época. “Temos tudo conservado, como a senzala, a masmorra e um mirante, construído para vigiar a propriedade”, contou. (Na foto acima, de Marcos Lamas a entrada da senzala e abaixo, do mesmo autor, vista da fazenda.)
A fazenda reserva tanta história que foi escolhida como um dos cenários da novela da Rede Globo. A novela “Terra Nostra”, filmada entre os anos de 1999 e 2000. “A produção alugou o local por um ano, mas usaram mesmo por 22 dias. Porém, foram 24 horas de gravação durante este período. A equipe estava aqui de manhã, tarde e noite. Foi muito bacana, conhecemos os artistas e acompanhamos tudo de perto”, destacou Victor.
Além da telenovela, a propriedade também recebeu as filmagens da minissérie “Abolição”, da Rede Globo. “Foi uma gravação realizada em 1988 em comemoração ao centenário da abolição. Eles usaram inclusive histórias da fazenda durante a trama”, disse Victor. (na foto abaixo detalhes do casarão que tem três andares e todos são feitos de pau-a-pique. (Foto: Victor Nogueira/Arquivo Pessoal)
Memória viva
Para o historiador Roberto Dilly, dentre todas as peças que sobraram da época do café, a Fazenda Santa Clara é a mais completa e preservada. “Normalmente, sobraram apenas fragmentos dessas grandes fazendas produtoras de café. Porém, nesse caso, está tudo muito bem preservado. É um grande feito para a recuperação da memória e da história”, enfatizou.
Ainda de acordo com ele, no local é possível entender exatamente como era a vida naquela época. “A Santa Clara foi altamente produtiva no século XIX. Apesar dela ser do século XVIII, a parte cafeeira só vai atingir seu ápice no século seguinte, principalmente com a chegada da família imperial em 1808. O número de escravos no local era muito grande, acima do normal, possibilitando a grande produção. Ao visitar a propriedade, o turista consegue saber como era a vida na casa grande, a vida na senzala e entender como a questão produtiva era organizada. O local conta a história naturalmente”, explicou.
A casa (foto acima de Márcio Lucina-Sauá Turismo)foi construída em meados do século XVIII e apresenta números exorbitantes: são 365 janelas, uma para cada dia no ano; 52 quartos, um para cada semana e 12 salões, representando cada mês do ano. A construção é toda coberta com telhas moldadas nas coxas dos escravos e, por isso, apresenta algumas imperfeições. “Foi dessa prática, que era uma atividade de lazer dos escravos, que surgiu a expressão ‘feita nas coxas’", explicou Victor. O herdeiro conta também que no primeiro piso da construção há pedras portuguesas vindas de Paraty, no estado do Rio de Janeiro. “As pedras vinham de Portugal dentro do navio que chegava ao Brasil para buscar ouro. Elas faziam peso para que o navio ganhasse estabilidade no mar. Chegando em Paraty, as pedras eram substituídas por ouro”, disse Victor.
A fazenda foi adquirida pelo bisavô de Victor, Coronel João Honório de Paula Motta, em 1924. Antes ela pertencia ao Comendador Francisco Tereziano Fortes de Bustamante. “O patrimônio é da época do café. Com a abolição dos escravos, o fazendeiro ficou sem gente para trabalhar e acabou em dificuldades financeiras. Com isso, o local ficou por mais de 20 anos nas mãos de um banco, até que meu bisavô comprou”, relatou. (na fotografia acima, de Volnei Almeida/Panorâmio, o Salão do Sarau da Fazenda e na foto abaixo, também de Volnei Almeida a masmorra onde os escravos eram castigados)
Atualmente a propriedade é dividida em oito partes, uma para cada herdeiro. Além disso, tem um museu, no qual os turistas tem a oportunidade de conhecer grande parte do casarão. “Eu e minha mãe conduzimos a visita. Recebemos muitos turistas por mês. Em época de férias e feriados, contamos até com estrangeiros querendo conhecer o local. Cobramos R$15,00 (esse preço pode ter sofrido alterações, verifique antes) e mantemos a casa com o que arrecadamos”, destacou.
No lugar os turistas tem a oportunidade conhecer várias peças históricas, como um tapete persa de mais de 20 metros quadrados, um espelho todo coberto com ouro e coleções de móveis. Além disso, podem observar como era a vida dos escravos na época. “Temos tudo conservado, como a senzala, a masmorra e um mirante, construído para vigiar a propriedade”, contou. (Na foto acima, de Marcos Lamas a entrada da senzala e abaixo, do mesmo autor, vista da fazenda.)
A fazenda reserva tanta história que foi escolhida como um dos cenários da novela da Rede Globo. A novela “Terra Nostra”, filmada entre os anos de 1999 e 2000. “A produção alugou o local por um ano, mas usaram mesmo por 22 dias. Porém, foram 24 horas de gravação durante este período. A equipe estava aqui de manhã, tarde e noite. Foi muito bacana, conhecemos os artistas e acompanhamos tudo de perto”, destacou Victor.
Além da telenovela, a propriedade também recebeu as filmagens da minissérie “Abolição”, da Rede Globo. “Foi uma gravação realizada em 1988 em comemoração ao centenário da abolição. Eles usaram inclusive histórias da fazenda durante a trama”, disse Victor. (na foto abaixo detalhes do casarão que tem três andares e todos são feitos de pau-a-pique. (Foto: Victor Nogueira/Arquivo Pessoal)
Memória viva
Para o historiador Roberto Dilly, dentre todas as peças que sobraram da época do café, a Fazenda Santa Clara é a mais completa e preservada. “Normalmente, sobraram apenas fragmentos dessas grandes fazendas produtoras de café. Porém, nesse caso, está tudo muito bem preservado. É um grande feito para a recuperação da memória e da história”, enfatizou.
Ainda de acordo com ele, no local é possível entender exatamente como era a vida naquela época. “A Santa Clara foi altamente produtiva no século XIX. Apesar dela ser do século XVIII, a parte cafeeira só vai atingir seu ápice no século seguinte, principalmente com a chegada da família imperial em 1808. O número de escravos no local era muito grande, acima do normal, possibilitando a grande produção. Ao visitar a propriedade, o turista consegue saber como era a vida na casa grande, a vida na senzala e entender como a questão produtiva era organizada. O local conta a história naturalmente”, explicou.
Reportagem de Rafaela Borges do G1 Zona da Mata
Fonte:http://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/2014/01/fazenda-em-santa-rita-de-jacutinga-mg-revela-parte-da-historia-do-brasil.html
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COMO VISITAR A FAZENDA SANTA CLARA
Endereço: Estrada Santa Rita - Rio Preto Povoado João Honório, Santa Rita de Jacutinga MG
Horário visitas: Todos os dias de 8 às 17 horas com guia.
Enviado por Maria Beatriz, do CCMB, de Laje do Muriaé (RJ)
Fonte:http://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/2014/01/fazenda-em-santa-rita-de-jacutinga-mg-revela-parte-da-historia-do-brasil.html
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COMO VISITAR A FAZENDA SANTA CLARA
Endereço: Estrada Santa Rita - Rio Preto Povoado João Honório, Santa Rita de Jacutinga MG
Horário visitas: Todos os dias de 8 às 17 horas com guia.
Enviado por Maria Beatriz, do CCMB, de Laje do Muriaé (RJ)
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