terça-feira, 13 de maio de 2014





 O ENCONTRO DE SANTAS EM CRUZ DA ANA


Virgínia Moraes do Amaral: seu pai construiu a capela em honra a Santa Ana



A reportagem de O NORTE FLUMINENSE esteve em Cruz da Ana, distrito de Varre-Sai (RJ), no dia 3 de maio passado, data em que é comemorado o dia de Ana, martirizada na comunidade no final do século passado. 

Ana é tida como santa pela população, embora não tenha sido instaurado, até agora, qualquer procedimento para o reconhecimento de sua santidade, no Vaticano.


Na oportunidade, o jornal entrevistou Virgínia Moraes do Amaral, a matriarca da família, cujo pai, Sebastião Machado de Moraes construiu a capela em homenagem à Santa. 

Segundo Virginia, "a Santa de Cruz da Ana ainda não é reconhecida oficialmente pela Igreja Católica, pois não houve um processo de reconhecimento, mas para nós ela é santa", assinalou.

 Após os festejos em honra a Santa Ana, Virginia foi internada no Hospital de Varre-Sai, no dia 6 de maio, vindo a falecer no dia 12, às 23 h, véspera do dia de Nossa Senhora de Fátima.

Segue a matéria preparada pelo O NORTE FLUMINENSE.

Virgínia e as filhas Carlésia e Sirlene

Virginia nasceu no dia 4 de outubro de 1920, na Fazenda do Paraíso, em Varre-Sai.

Seus pais, Sebastião Machado de Moraes e Dalila de Assis Moraes, tiveram 8 filhos: Anézio, Zoraide, Ademir, Sebastião, Pedro, Virgínia, Erly e Tereza.

Casou-se em 1938 com Aníbal do Amaral. Morou na Fazenda Paraíso, em Caiana (MG), Itaperuna (RJ) e depois retornou à Fazenda Paraíso. Ficou viúva em 1996.


Carlos Roberto, Aristides, Sirlene, Adolpho, Carlésia (no colo), Virgínia e Anibal, em foto de 1940, em Barra Funda, Bom Jesus do Itabapoana (RJ)


A Fazenda Paraíso foi desmembrada e a área foi distribuída com os filhos Adolpho, Sirlene, Aristides, Carlos Roberto, Carlésia e José Aníbal.

Com 10 netos, 11 bisnetos e 5 trinetos, contando com 93 anos de idade, Virgínia afirmou que "me sinto bem, graças a Deus. Moro com minha filha Carlésia, levando uma vida tranquila. Meu pai foi trabalhador. Minha mãe morreu nova". 


Residência de Virgínia, em Cruz da Ana, local de beleza e tranquilidade



 A respeito de Ana, Virgínia conta:

"Papai construiu a Igreja para a alma de Ana. Ela foi martirizada, foi judiada desde Bom Jesus do Querendo, distrito de Natividade (RJ). Minha avó Virgínia, conhecida como Gininha, contava que ela era filha única, e morava em Bom Jesus do Querendo

José Pernambucano veio do Nordeste, a cavalo. Achou Ana muito bonita e raptou-a, porque ela se recusou a se entregar a ele. Ela teve de vir andando de lá até Cruz da Ana.

Aqui, ele matou Ana e cortou seus dois seios, enterrando-os num buraco de tatu. Ali nasceu uma fonte de água com 3 peixinhos coloridos.

Segundo Virgínia, "no local onde está a cruz, foi encontrado o corpo de Ana"


O corpo só foi encontrado vários 8 dias depois, mas perfumava como rosas.


Capela construída pelo pai de Virgínia, a cruz onde foi encontrado o corpo de Ana e, ao fundo, a fonte considerada milagrosa


Tempos depois, houve uma doença, conhecida como bexiga preta, que matou muita gente no distrito de Calheiros, de Bom Jesus do Itabapoana (RJ). Meu pai fez uma promessa  de que se a doença não pegasse na família e nos meeiros, ele construiria uma capela para ela. Há 81 anos, ela foi edificada. O altar foi doado há cerca de 70 anos, por um devoto de Cachoeiro de Itapemirim (ES)", salienta.

Sirlene Moraes foi batizada na capela


Sirlene, filha de Virgínia, que acompanhou a entrevista, complementou: " Ana nasceu no dia 18 de maio de 1888. Meu tio Umbelino de Oliveira, conhecido como tio Dadá, colocou uma cruz no dia 3 de maio, por ser o dia da Santa Cruz. A partir daí o dia 3 de maio passou a ser rezado em favor da alma de Ana. Observo que, a cada ano, mais pessoas comparecem a este ato de fé, registrou.


Geraldo, Maria,  Maria Aparecida, Luana, Júlio e Chaiane e a sala dos milagres, ao fundo



Geraldo, Maria José, Maria Aparecida, Luana, Júlio e Chaiane alugaram uma van no Sítio Caeté, em Bom Jesus do Itabapoana, para participarem dos festejos. Maria Aparecida diz que há vários anos ela e a familia participam da comemoração: "A água é milagrosa, com certeza. Quando eu era criança, tive uma grave queda. Graças a esta água e a minha fé, não fiquei com nenhuma sequela".


Cecília da Costa Lima: "Água e fé"

Cecília da Costa Lima, de Santa Clara, distrito de Porciúncula (RJ), por sua vez,  diz que "venho todo o ano na festa. Tendo fé a água funciona. Recebi uma graça há 30 anos e, desde então, venho aqui agradecer".

Isabel Cristina da Silva Dias e Renato Dias da Silva é um casal que veio de Bom Jesus do Querendo, distrito de Natividade (RJ). Ela conta que "meu filho tinha uma vida irregular. Passei a orar a Santa Ana e levar a água milagrosa para ele. Um tempo depois, ele se transformou, e hoje é outra pessoa. Além disso, certa vez, pedi a Santa Ana uma bênção para que permitisse que eu me deslocasse até aqui com mais segurança, uma vez que eu tinha que vir de carona. Dois anos depois, eu e meu marido conseguimos comprar um Del Rey", salientou.

Isabel Cristina e Renato Dias e a fonte: "a água é milagrosa...

... além de uma graça dada a nosso filho, Santa Ana concedeu-nos outra: conseguimos comprar um carro", salientou
 

Multidão comparece anualmente a Cruz da Ana






Com a despedida de Virginia, no dia 12 de maio, seu corpo foi velado, com a imagem de Santa Rita de Cássia, no Centro Comunitário Aníbal de Amaral, nome de seu marido, com a presença de filhos, netos, bisnetos e trinetos, além do cão Peter.

Com a despedida de Virgínia, pode-se dizer que ocorreu, em Cruz da Ana, um encontro de santas.


No dia 12 de maio de 2014, houve um encontro de santas...



...em Cruz da Ana





Um comentário:


  1. "História emocionante.
    Seria interessante que o povo lutasse para o reconhecimento pela igreja dessa santa"
    Elizete Maria, por email.

    ResponderExcluir