quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Feliz dia meus amigos, por Rogério Loureiro Xavier

 


Olá 🖐 pessoa amiga e do bem. 


*"Feliz dia meus amigos"*

Sabe aquele dia lindo, cheio de coisas boas? Pois é... É este que vim te desejar. Que você tenha um amanhecer com sabor da alegria e deslumbre um dia radioso e feliz!

*"As coisas mais simples da vida, são as que mais me surpreendem... Porque tudo que é simples tem cheiro de Deus.”*

*"✍️ ... Rogerio Loureiro Xavier"*

quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Dorcas de Paula Vieira: Mestra de Gerações e Costureira de Sonhos

                                    Por Gino Martins Borges Bastos 

Dorcas de Paula Vieira (foto:Gino Martins Borges Bastos)


Em 2012 entrevistei Dorcas de Paula Vieira. Na travessia do tempo, algumas vidas se tecem como pano raro. É o caso de Dorcas, filha da terra de Liberdade, mais tarde chamada Carabuçu, a partir do Decreto-lei Estadual nº. 1056 de 31.12.1943. Nasceu no  dia 24 de outubro de 1928, como quem já carregava no nome o destino bíblico da “discípula”.

Filha de José Francisco de Paula, artesão, lavrador e comerciante, e Sebastiana Maria de Paula, do lar. Seu pai foi também artesão de couro e de esperanças, plantou nela o gosto pelos estudos e pela arte. Foi colega, nos tempos de primário, do saudoso desembargador Antônio Izaías da Costa Abreu.

E foi entre sol e chuva que a menina, teimosa como o próprio sertão, abriu a primeira escola no terreiro dos pais, em 1940, costurando letras no caderno das crianças. É uma entre doze filhos, além de ter tido uma irmã de criação.

Vieram os caminhos difíceis, como a Serra do Fogão, onde o preconceito ousou lhe perguntar se uma mulher negra poderia ensinar. Dorcas não respondeu com palavras duras: deixou que o tempo falasse por ela, e o respeito nasceu da convivência. Acabou elogiada por quem manifestou o preconceito.

Seguiu estudando contra os conselhos do mundo. Enquanto lhe diziam “arranja um marido”, ela respondia em silêncio com livros abertos. A cultura era o altar em que depositava sua fé, fé que se estendia também à Igreja, onde servia com devoção.

Casou-se no dia 16/09/1967 com Jorge Gomes Vieira, motorista da Empresa Brasil. Tornou-se viúva em 28/09/2002. Mestra, diretora, pintora e pianista, Dorcas estudou piano durante quatro anos com Dona Nina, no Conservatório de Bom Jesus, a partir de 1977, aprendendo a parte teórica. Dorcas vestiu-se de muitas artes, sem nunca abandonar a simplicidade de quem sabe de onde veio. Aposentou-se em 1990, mas não se recolheu: ajudou a fundar o ILAC, Instituto de Letras e Arte de Carabuçu, e na cadeira que ocupa repousa o nome de outra mulher de fibra, Maria Joaquina Sabina.

No portão da casa, por ocasião da entrevista, um cartaz anunciava aulas da jovem Laís Monteiro. Oitenta e quatro anos antes, naquele mesmo espaço, Dorcas havia inaugurado seu destino de educadora. O tempo é círculo, e os sonhos, quando são nobres, florescem de geração em geração.

Na sala, um quadro pintado por ela guardava a lembrança da casa de infância. E de sua boca, a mensagem que atravessa os anos:

" - Estudem, lutem pela vida, lutem pela cultura. Sempre procurem coisas nobres e boas, para que o mundo se torne melhor cada vez mais!".

Se a Dorcas bíblica costurava roupas para os necessitados, a Dorcas de Carabuçu costura sonhos. Uma e outra, unidas pelo mesmo fio: o de transformar amor em permanência.

Dorcas e o quadro que pintou da casa de infância (Foto: Gino Martins Borges Bastos)










Belos dias..., por Rogério Loureiro Xavier


 Olá 🖐 pessoa amiga e do bem. 


*"Belos dias..."*


Havia um tempo de cadeiras na calçada

Era um tempo em que havia mais estrela.

Tempo em que as crianças brincavam sob a claraboia da lua.

E o cachorro da casa era um grande personagem.

E havia também o relógio de parede.

Ele não media o tempo simplesmente: ele meditava o tempo!


Mário Quintana


Foto: Antuérpia - Bélgica, 1949


*"✍️ ... Rogerio Loureiro Xavier"*

terça-feira, 2 de setembro de 2025

O grande desfile militar em Pequim pelo 80º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial

 



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As novas obras de Ana Elisa Egreja, inspiradas na arte medieval

 

Casa Campo Belo' (2025): óleo e ouro sobre tela (Sérgio Guerini/Divulgação) 


https://share.google/uTQAVRiNCy5SPSJoQ

Imperdível: História Ilustrada da Arquitetura

 


Este livro, de Emily Cole, traça um panorama dos estilos arquitetônicos, baseado em dados históricos, informações descritivas e imagens de tratados da área, e mostra gravuras e desenhos que revelam características das construções em detalhes. Com comentários sobre colunas, arcos, escadarias e cúpulas, entre outros, faz referência ao contexto de cada época - da Antiguidade egípcia ao Neoclassicismo ocidental. Aborda também os elementos comuns em edificações e traz um glossário



Calendário Histórico-Cultural de Bom Jesus do Itabapoana: mês de Setembro


O JONF (Jornal O Norte Fluminense) apresenta a seguir o Calendário Histórico-Cultural de Bom Jesus do Itabapoana relativo ao mês de setembro. Trata-se de um processo, uma obra em andamento e em permanente construção.



04. Falecimento do poeta dr Ayrthon Borges Seródio, o mestre do soneto, em 2016.


06. Fundação, em 1930, do jornal A Voz do Povo, por Osório Carneiro. Hoje, tem o eficiente comando da Dra Nisia Campos.


08. Falecimento, em 1932, de Pedro Gonçalves da Silva Jr., o primeiro prefeito de Bom Jesus por ocasião de sua primeira emancipação, ocorrida no dia 25/12/1890..


09. Nascimento da Professora Maria Apparecida Dutra, em 1930, neta de Pedro Gonçalves da Silva Jr, primeiro prefeito de Bom Jesus do Itabapoana, por ocasião da primeira emancipação, e Isabel de Figueiredo (descendente de Silva Pinto, um dos primeiros colonizadores de nosso município). É filha do historiador Antônio de Sousa Dutra e Alice Gonçalves da Silva. Sua vida se confunde com a história de Bom Jesus do Itabapoana.


10. Nascimento da musicista Georgina Teixeira Mello, a Dona Nina, em 1924. Ela fez das notas musicais a trilha sonora de nossa cidade. Fundou a Escola de Música Levy Aquino Xavier, em homenagem ao 1º. maestro de Bom Jesus do Itabapoana, por onde passaram cerca de 2.000 alunos.


12. Fundação da Escola de Música Cristo Rei, em 1985, pela festejada pianista Marise Xavier.


17. Nascimento do consagrado violonista e compositor Amilcar Abreu, conhecido como "Mão de Ouro", que integrou o aclamado Grupo Musical Amantes da Arte.  Lançou o clássico CD "Pingos de Saudade".


22. Fundação da aclamada Companhia Musical Corre Coxia, em 1999, pelos irmãos Martha Salim (primeiro plano) e Pedro Salim.


24. Nascimento de Raul Travassos, um dos mais importantes cenógrafos do Brasil. Trabalhou em mais de 50 novelas da Rede Globo de Televisão. É  restaurador, músico e artista plástico, um dos gênios de nossa cultura.

Quando a Infância Reza em Mim

                                        Por Gino Martins Borges Bastos 



A contemplação da beleza sempre conduz à elevação espiritual. Ela nos devolve a nós mesmos, promove a interiorização do eu e nos aproxima do sentido mais profundo da vida.

Contemplo meu passado infantil, guardado em pureza que jamais se apagou. Contemplo os cafés da manhã ao lado de meus pais, Luciano e Leny, e de minha avó Vivaldina. Ao sair, apressado, gritava em voz clara: “Bença mãe, bença pai, bença vó!”, e naquele instante a bênção se fazia escudo e poesia.

Contemplo os rostos ternos de meus tios Bada, Claudi e Rui. Contemplo meus avós: Chiquinho, que me ensinava a brincar com os dedos na mesa, e Niniu, que adoçava a vida com suas balas de coco. Contemplo a foto de meu avô Olívio Bastos, que nunca conheci, e também da de meus bisavós Segisnando Pinto Martins e Mariana Duarte Martins. Contemplo a presença luminosa de meu tio Claudinier, artista e intelectual. Contemplo a tia Nini, a tia Odete e seu esposo Luiz Baldan, que chegava de botas cheirando a gado, trazendo balas da Koppenhauer, queijo de casca vermelha e piadinhas alegres. Contemplo o carinho de Rodoval e Mariquinha, de tio Noca e tia Olga, que me acolheram em Niterói como filho. Contemplo tio Liá, Elza, Missinha. Contemplo tio Djalma, farmacêutico na Barra do Pirapetinga, e Peinha. Contemplo meu tio Ésio Bastos, à frente da Gráfica Gutemberg e do jornal O Norte Fluminense, tia Célia, tia Maria Ruth, José Guerra. Contemplo Maria Alexandrina, Dr. Rui, Maria Célia, e os tios Ernesto - o Doto - Ercília e Luizinho.

Contemplo os bancos escolares do Colégio Rio Branco: a professora Clarice, dona Carmita, seu Heliton, Chico, Vera, Judith Arantes, Maria Apparecida Dutra, meu próprio pai, a professora de piano Regina, dona Nina e Elcio Xavier. Contemplo o velho Eurico, negro sábio que, com sua bengala, apontava os frutos do pé de abil no quintal da casa de minha avó. Contemplo Luiza, que cuidou de minha mãe desde o nascimento e depois também cuidou de mim. Contemplo ainda uma cena de infância: quando, sem meus pais saberem, peguei um cobertor e o levei para cobrir um homem que dormia sobre a calçada fria.

Contemplo as balebas, os coquinhos coloridos que disputávamos no buraco, as tampinhas, as figurinhas perdidas no jogo do bafo, a coleção de selos, as pipas que dançavam no céu, as bancas de revistas e as emocionantes aventuras em quadrinhos, trocadas com coleguinhas. Contemplo os discos de vinil na eletrola tocando baladas que encantaram meu coração.

Contemplo o padre Francisco Apoliano, conversando com meu pai na igreja e segurando carinhosamente minha mão. Contemplo o silêncio de um jogo de xadrez, peças imóveis, relógio em tic-tac, jogadores concentrados. Contemplo o sorriso de uma criança, o nascer e o pôr do sol. Contemplo cachorrinhos e gatinhos em suas estripulias. Contemplo a plantinha que brota no concreto, a chuva que cai e o cheiro da terra molhada. Contemplo montanhas, vales e mares. Contemplo o vento no horizonte. Contemplo os distritos de Bom Jesus e o rio Itabapoana.

Contemplo Museus e Antiquários, os prédios históricos de Bom Jesus do Itabapoana e dos locais onde passo, as fotos da extinta estação ferroviária Itabapoana, assim como as peças e os móveis antigos que ainda guardam ecos de glórias. Contemplo a imagem do extinto Palacete de Malvino Rangel e sinto que ele pode renascer como símbolo do apreço ao belo, à história e à cultura. Contemplo jornalistas, escritores e poetas. Contemplo os que têm histórias para contar, os que lutam pelo que acreditam, mesmo contra a maioria. Contemplo os que se unem por ideais que nascem do coração, a união entre os povos. Contemplo os que acreditam no poder transformador da cultura, os que resgatam a memória e celebram heróis como faróis, iluminando o futuro de uma sociedade culta e humanizada.

Contemplo o idoso e a idosa, que desfilam sabedoria em passos lentos e olhares em prece. Contemplo o piano e o pianista, o músico e seu instrumento, a orquestra e seus maestros. Contemplo o livro, a biblioteca, a livraria e o sebo. Contemplo o jovem estudioso e idealista, o adulto sábio que irradia dignidade. 

Contemplo o lar harmonioso, onde a autoridade se veste de amor. Contemplo a fé estampada em joelhos dobrados. Contemplo o gesto de acolher o desamparado e a luta por justiça. Contemplo a simplicidade que floresce no meio da aspereza humana. Contemplo a beleza feminina, força generosa e sensível, que gera o novo e dá à luz a sociedade por vir.

Contemplo o açoriano Padre Antônio Francisco de Mello, que, em sua ternura, contemplou as crianças e lhes dedicou um soneto eterno.

E, por fim, contemplo o sepulcrário. Diante da sepultura de meus pais, os olhos se enchem de lágrimas e os lábios balbuciam agradecimentos sinceros. Volto a elevar o olhar para Deus, bendizendo a graça extraordinária de tê-los em minha vida. Antes de partir, inclino-me mais uma vez diante deles e renovo o compromisso de honrá-los até o fim.

E me despeço, como quando menino:

“Bença pai, bença mãe, bença vó!”



A elegância feminina na cúpula da OCX, na China

 

Líderes dos países da Organização de Cooperação de Xangai (OCX) durante a cúpula em Tianjin
Foto da piscina de Sergei Bobilev / Sputnik /

A cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (OCX) na China já se tornou um dos eventos políticos definidores de 2025. Ela ressaltou o papel crescente da OCS como pedra angular de um mundo multipolar e destacou a consolidação do Sul Global em torno dos princípios de desenvolvimento soberano, não interferência e rejeição do modelo ocidental de globalização.

O que acrescentou um toque simbólico adicional ao encontro foi sua conexão com o próximo desfile militar em 3 de setembro em Pequim, marcando o 80º aniversário da vitória na Guerra Sino-Japonesa e o fim da Segunda Guerra Mundial. Desfiles como esse são raros na China — o último foi realizado em 2015 —, ressaltando a singularidade deste momento para a identidade política de Pequim e sua tentativa de projetar tanto continuidade histórica quanto ambição global.

O convidado principal tanto na cúpula quanto no próximo desfile foi o presidente russo, Vladimir Putin . Sua presença teve peso não apenas simbólico, mas também significado estratégico. Moscou continua a desempenhar o papel de ponte entre os principais atores da Ásia e do Oriente Médio , um papel que assume ainda maior relevância no contexto de uma ordem de segurança internacional fragmentada.

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Viva José Camilo! Memória Viva de Bom Jesus

 

José Camilo: o maior doador de sangue do Hospital São Vicente de Paulo

Hoje, aos 94 anos, José Camilo mantém sempre abertas as portas de sua casa em Bom Jesus do Itabapoana para receber, com a serenidade de quem muito deu, o carinho de tantos que comparecem para visitá-lo.

Cada visita que recebe é uma homenagem que cada coração bonjesuense lhe presta. Andre Luiz de Oliveira, presidente do Instituto de Menores Roberto Silveira, e representante do jornal O Norte Fluminense, está sempre a visitá-lo. Pequeno gesto diante da grandeza de uma vida inteira.

Nascido em Itaperuna, em 13 de fevereiro de 1931, filho de Camilo da Costa e Josefa da Costa, José cresceu entre sete irmãos, mas guarda viva a memória de apenas dois: Antônio e Djanira. Em 1951, deixou o trabalho no matadouro de sua cidade natal para atender a um chamado. Viera para Bom Jesus a convite de José Abreu, o Zé Bucheiro, e assim iniciou sua trajetória no matadouro municipal, aposentando-se apenas em 1980.

Foi nesse mesmo ano de chegada que começou sua missão maior: doar sangue para o Hospital São Vicente de Paulo. Do gesto simples nasceu um legado. Camilo se tornou o maior doador de sangue da história do hospital, socorrendo cerca de 75 vidas, entre elas a do próprio André Luiz de Oliveira, atropelado por uma bicicleta de carga. “Peguei-o caído na rua, levei ao hospital e doei meu sangue. Hoje ele está aí, vivo, presidente do Instituto de Menores”, relembra.

Mas Camilo deu muito mais do que sangue: deu tempo, deu presença. Ajudava nas campanhas do hospital, arrecadava bezerros para os leilões, apoiava a Festa de Agosto, sempre em silêncio, sempre em entrega.

E a vida também lhe reservou símbolos. Ao doar sangue para a esposa de Noé Borges, presidente do Aero Clube, recebeu de presente um título de sócio. Tornou-se, assim, o primeiro negro a entrar no clube, gesto que transformou não só sua história, mas também a história social da cidade.

Hoje, José Camilo olha para trás e sorri. “Sou reconhecido por tudo o que fiz pelo hospital e por Bom Jesus. Sinto-me realizado”, diz com voz doce, aquela mesma que embalou tantos encontros de gratidão.

José Camilo é mais que um homem. É memória, é eternidade. Escreveu sua biografia não em páginas de papel, mas em veias e corações, com o sangue que salvou vidas e com a bondade que nunca se esgota.

Viva José Camilo! Um homem bom. Uma vida solitária onde cabe o mundo. Nunca sozinho, porque se eternizou em todos aqueles a quem devolveu o direito de viver.


Poesia dedicada a José Camilo


Noventa e quatro anos,

um corpo feito de silêncio,

mas um coração que grita vida.


Deu sangue.

Deu tempo.

Deu esperança.


Setenta e cinco vidas

carregam em suas veias

o sopro generoso de Camilo.

Homem simples,

voz doce,

solidão que nunca foi solidão,

pois sempre coube o mundo em sua existência.


Primeiro negro a entrar no Aero Clube,

abriu portas com o gesto mais humano:

um ato de amor.


Camilo é memória.

Camilo é eternidade.

Ele escreveu sua história não em livros,

mas em corpos salvos,

em corações agradecidos,

em olhos que voltaram a ver o amanhã.


Celebramos a cada dia 

não apenas José Camilo,

mas a 

vida que pulsa em tantas outras

Graças ao sangue que ofereceu


Viva José Camilo!

Homem bom,

Homem grande,

Homem eterno!


José Camilo no Aero Clube 

José Camilo foi o 1º negro a ter acesso ao Aero Clube 

André Luiz de Oliveira, presidente do Instituto de Menores Roberto Silveira e representando o jornal O Norte Fluminense, em homenagem a José Camilo (foto: arquivo)


Duas portas unidas por uma arquivolta

 

Nas catedrais góticas, era frequente haver duas portas unidas por uma arquivolta. Na renascença isso acontece também.

segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Parabéns, Professores de Educação Física!

 


I ARTE E CULTURA: Toninho do Tupy e a Gigantura, a grandeza de quem faz do pequeno um gigante

 

Toninho do Tupy é referência nacional na confecção de Bonecos Gigantes 

"Gigantura" é o nome escolhido para celebrar Toninho do Tupy no I Arte e Cultura de Bom Jesus do Itabapoana, entre os dias 25 e 26 de setembro.

Entre as homenagens que aquecem corações, estarão: Toninho do Tupy, símbolo de uma cultura viva e popular; Therezinha Loureiro Borges, declamadora de poesia cuja arte floresceu nas salas do antigo Colégio Rio Branco, hoje transformado em palco de memória e criatividade; e Dona Nina, musicista que fez das notas musicais a trilha sonora de nossa cidade.

Alessandra Abreu, incansável guardiã da literatura e da memória cultural de Bom Jesus do Itabapoana, dá agora novos passos com a I Arte e Cultura, que se realizará com o apoio do Espaço Cultural Luciano Bastos, em celebração à Primavera de Museus, ação anual do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) que mobiliza museus em todo o Brasil.

O espaço, palco de tantas memórias, já recebeu em 2018 o documentário Ecos de um Carnaval, com a presença de Toninho do Tupy, acompanhado de sua bateria e dos famosos bonecos do Tupy, lembranças vivas da tradição carnavalesca da cidade.

"Gigantura” é mais que um título: é a medida da obra, de Toninho do Tupy, é a altura de sua presença, a eternidade de sua festa. Não apenas pelos Bonecos Gigantes que moldou com as próprias mãos, mas pela grandeza de sua vida, pela força de sua memória e pela alegria que deixou como herança.

No carnaval de 2017, André Luiz de Oliveira, representando o jornal O Norte Fluminense, acertou o desfile dos bonecos, imortalizando a tradição carnavalesca da cidade.


Desfile dos Bonecos do Tupy no carnaval de 2017

Documentário Ecos de um Carnaval foi apresentado em 2018, no Espaço Cultural Luciano Bastos 




Ouça versos musicados de Almeida Garrett, o Segundo Maior Gênio da Língua Portuguesa

 


O poema «Bela Infanta» de Almeida Garrett é uma narrativa de um amor perdido e da dor da infanta, que ao encontrar um capitão questiona-o sobre o paradeiro do seu marido, levando a uma revelação sobre o seu destino e o do capitão, que era na verdade o seu marido. Este poema, parte da tradição do Romanceiro, narra a história de uma mulher que procurava o seu marido, descobrindo que este estava disfarçado de capitão. 


POEMA

BELA INFANTA

Estava a bela Infanta

No seu jardim assentada

Com o pente de oiro fino

Seus cabelos penteava.

Deitou os olhos ao mar

Viu uma nobre armada;

Capitão que nela vinha,

Muito bem que a governava.

– «Diz-me, ó capitão

Dessa tua nobre armada,

Se encontraste meu marido

Na terra que Deus pisava.»

– «Anda tanto cavaleiro

Naquela terra sagrada…

Diz-me tu, ó senhora,

As senhas que ele levava.»

– «Levava cavalo branco,

Selim de prata doirada;

Na ponta da sua lança

A cruz de Cristo levava.

– «Pelos sinais que me deste

Lá o vi numa estacada

Morrer morte de valente:

Eu sua morte vingava.»

Ai triste de mim viúva,

Ai triste de mim coitada!

De três filhinhas que tenho,

Sem nenhuma ser casada!…»

– Que darias tu, senhora,

A quem no trouxera aqui?»

– «Dera-lhe oiro e prata fina,

Quanta riqueza há por i.»

– «Não quero oiro nem prata,

Não nos quero para mi:

Que darias mais, senhora,

A quem no trouxera aqui?»

– «De três moinhos que tenho,

Todos três tos dera a ti;

Um mói o cravo e a canela,

Outro mói do gerzelim:

Rica farinha que fazem!

Tomara-os el-rei para si.»

– «Os teus moinhos não quero,

Não nos quero para mi:

Que darias mais, senhora,

A quem to trouxera aqui?»

– «As telhas do meu telhado

Que são de oiro e marfim.»

– «As telhas do teu telhado

Não nas quero para mi:

Que darias mais, senhora,

A quem no trouxera aqui?»

– «De três filhas que tenho,

Todas três te dera a ti:

Uma para te calçar,

Outra para te vestir,

A mais formosa de todas

Para contigo dormir.»

– «As tuas filhas, infanta,

Não são damas para mi:

Dá-me outra coisa, senhora,

Se queres que o traga aqui.»

– «Não tenho mais que te dar,

Nem tu mais que me pedir.»

– «Tudo, não, senhora minha,

Que inda não te deste a ti.»

– «Cavaleiro que tal pede,

Que tão vilão é de si,

Por meus vilões arrastado

O farei andar aí

Ao rabo do meu cavalo,

À volta do meu jardim.

Vassalos, os meus vassalos,

Acudi-me agora aqui!»

– «Este anel de sete pedras

Que eu contigo reparti…

Que é dela a outra metade?

Pois a minha, vê-la aí!»

– «Tantos anos que chorei,

Tantos sustos que tremi!…

Deus te perdoe, marido,

Que me ias matando aqui.»



                     Quem foi Almeida Garret 


João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett, mais tarde 1.º Visconde de Almeida Garrett (Porto, 4 de fevereiro de 1799 – Lisboa, 9 de dezembro de 1854), foi um escritor e dramaturgo romântico, orador, par do reino, ministro e secretário de estado honorário português.

Grande impulsionador do teatro em Portugal, uma das maiores figuras do romantismo português, foi ele quem propôs a edificação do Teatro Nacional de D. Maria II e a criação do Conservatório de Arte Dramática.

Relevância na literatura portuguesa

No século XIX e em boa parte do século XX, a obra literária de Garrett era geralmente tida como uma das mais geniais da língua, inferior apenas à de Camões. A crítica do século XX (notavelmente João Gaspar Simões) veio questionar essa apreciação, assinalando os aspectos mais fracos da produção garrettiana.

No entanto, a sua obra conservará para sempre o seu lugar na história da literatura portuguesa, pelas inovações que a ela trouxe e que abriram novos rumos aos autores que se lhe seguiram. Garrett, até pelo acentuado individualismo que atravessa toda a sua obra, merece ser considerado o autor mais representativo do romantismo em Portugal.

Primeiras edições ou representações

1819: Lucrécia

1820: Mérope (não chegou a ser representada)

1821: O Retrato de Vénus; Catão (representado a 29 de setembro, no Teatro do Bairro Alto, a S. Roque);

1822: O Toucador

1825: Camões

1826: Dona Branca

1828: Adozinda

1829: Lírica de João Mínimo; Da Educação (ensaio)

1830: Portugal na Balança da Europa (ensaio)

1838: Um Auto de Gil Vicente (representado no teatro Nacional da rua dos Condes)

1841: O Alfageme de Santarém (1842 segundo algumas fontes; representado no teatro Nacional da rua dos Condes)

1843: Romanceiro e Cancioneiro Geral - tomo 1; Frei Luís de Sousa (representado no teatro particular da Quinta do Pinheiro)

1845: O Arco de Sant'Ana - tomo 1; Flores sem fruto

1846: Viagens na minha terra; D. Filipa de Vilhena (inclui Falar Verdade a Mentir e Tio Simplício; representada no teatro da rua do Salitre, por alunos do Conservatório Dramático)

1848: As profecias do Bandarra; Um Noivado no Dafundo; A sobrinha do Marquês

1849: Memória Histórica de J. Xavier Mouzinho da Silveira

1850: O Arco de Sant'Ana - tomo 2;

1851: Romanceiro e Cancioneiro Geral - tomos 2 e 3

1853: Folhas Caídas

1871: Discursos Parlamentares e Memórias Biográficas (antologia póstuma)

Publicações periódicas

1827: O cronista

1830: Memórias de uma África sofrida

Lembrança do Passado, por Rogério Loureiro Xavier

 


Olá 🖐 pessoa amiga e do bem. 


*"Lembrança do Passado"*

Esta é “Branca Alves de Lima”, criadora da Cartilha CAMINHO SUAVE. Em mais de meio século alfabetizou perto de 40 milhões de crianças e adultos. Branca nasceu em 1911 e faleceu em 2001, com 91 anos, injustamente esquecida. Devemos muito da alfabetização do nosso país a essa educadora. Por um dever moral espalhemos o nome e a história de Branca Alves de Lima! À sua memória nosso carinho e gratidão pela vida dedicada à Educação com amor e dignidade.

*"✍️ ... Rogerio Loureiro Xavier"*

Eduardo Rosa: o Guardião da Memória Coletiva e do Conchita

                          Por Gino Martins Borges Bastos 

Eduardo Rosa, o solitário guardião do Conchita de Moraes, em 2012 (foto: Gino Martins Borges Bastos)

Grande Eduardo Rosa!!! Seresteiro, jogador de futebol, carnavalesco, sapateiro (dos bons), mestre escoteiro, amigo!!
Que Deus o tenha em um bom lugar!!

Em 2012, encontrei Eduardo Rosa na Usina Santa Maria e o entrevistei.

Setenta e cinco anos. Um corpo gasto, mas os olhos de menino.

Sapateiro de mãos firmes, jogador de futebol em juventude de chuteiras gastas, seresteiro, carnavalesco, mestre escoteiro e mais tarde, guardião, não por escolha, mas por destino. Morava em um cômodo estreito, que já fora salão de beleza da dona da Usina. As paredes ainda guardavam ecos de vozes femininas, risos, perfumes. Ele, porém, vivia entre o silêncio e a vizinhança de um gigante adormecido: o Teatro Cinema Conchita de Moraes.

O prédio, construído na década de 30, foi cinema, teatro, clube. Depois, só ruína. Mas como toda ruína precisa de um guardião, Eduardo assumiu o posto. Sem farda, sem salário, com as chaves no bolso e poltronas encostadas nas portas, afastava os intrusos e os vândalos que dilapidaram outros bens da Usina. Ali, dividia vigília com marimbondos e fantasmas.

O Conchita ainda respirava graças a ele.

E porque vivia ao lado, Eduardo se tornou sentinela

Eduardo falava com a ternura dos que amam e a revolta dos que sofrem:

"Quando venta forte ou chove, a madeira do teto geme. No tempo bom, aqui passaram filmes, bailes, o tricampeonato do Santa Maria Futebol Clube… não podiam deixar acabar as Usinas. O açúcar viajava o mundo. exportando a grandeza que se perdeu. Hoje, minha rua mal resiste à chuva. O Conchita vai caindo. Já pedi reparo às autoridades, já vieram prometer. Nada fizeram. É maldade". E mesmo cansado, repetia o sonho: “O Conchita ainda há de renascer.”

Sobre a porta do velho teatro, uma inscrição sua feita com giz resistia como profecia: "Aqui será o Centro Cultural Histórico da Usina Santa Maria. O Povo Unido Jamais Será Vencido". Chegaram a propor a Eduardo a construção de uma fábrica no local, ideia imediatamente rechaçada. Ele era guardião de uma memória coletiva. Ele tinha uma missão e tinha plena consciência da mesma.

A Usina inteira passou a lhe dar o título de “Guardião do Conchita.” Um documentário registrou, por sua vez, sua figura, sua obstinação. O verdadeiro título foi o próprio tempo que o cunhou: mito da resistência.

Eduardo partiu antes de ver o milagre acontecer. Mas seu sonho se tornou um legado que santa-marienses e apoiadores prosseguiram.

E em agosto de 2024, o Conchita reabriu, liderado por Betinho Milão com o apoio da comunidade e idealistas. O povo santa-mariense retomou sua herança.

Em 2025, a música voltou também a ecoar, através da  renascida Sociedade Musical da Usina Santa Maria. Jovens agora aprendem notas como outrora, com o orgulho de um povo que reencontra sua história.

Betinho levou a diretora Maria de Lourdes de Sá Andrade, filha do saudoso Maestro Sebastião Vitorino de Sá - ambos aprenderam música com  Maestro José Primo - o Maestro Alessandro Azevedo e as crianças e jovens que voltaram a ocupar as cadeiras e tocar os instrumentos.

E no meio de cada acorde, de cada aplauso, de cada riso que vibra nas paredes restauradas, há um homem invisível que vigia.

Eduardo Rosa.

O guardião.

O mito que nunca abandonou o Conchita.

Hoje, cada santa-mariense é guardião do Conchita.

Hoje, cada santa-mariense é um pouco Eduardo Rosa.

Hoje, cada santa-mariense carrega um pouco dele.

Hoje, cada santa-mariense é guardião de sua própria memória.


Eduardo Rosa em 11 de agosto de 2013

O milagre ocorreu em agosto de 2024

Em 2025: cada santa-mariense é um pouco Eduardo Rosa