domingo, 21 de setembro de 2025

Toninho do Tupy: o artesão de Gigantes e da Memória


                       


Na curva mansa do tempo, Toninho do Tupy sopra as velas da vida no dia 8 de abril.

Conta com noventa e cinco anos guardados em memórias que dançam como orquestras antigas, embalando os passos de um povo e de duas cidades irmãs: Bom Jesus do Itabapoana e Bom Jesus do Norte.

Em 2012, Toninho foi entrevistado pelo jornal O Norte Fluminense. Filho de João de Dão e Rosa Maria da Conceição, cresceu entre irmãos e sonhos, até atravessar a linha do rio e fazer da vida um palco. No chão capixaba, fincou morada; no samba, ergueu bandeira.

Com amigos, criou a Unidos do Samba. Mais tarde, levantou o Tupy Dancing Club, inspirado nos ecos da Rua Tiradentes, no Rio de Janeiro. Ali, os bailes acendiam a noite, as orquestras sopravam ventos de alegria, e os bonecos gigantes, Careca Barrigudo, a Boneca, a Mula Rosada, caminhavam orgulhosos, misturando o riso nordestino à festa fluminense.

Toninho sempre confiou no valor da palavra dada, como quando José Mansur lhe entregou uma casa sem recibo, apenas com a fé no nome que herdara: “Quem é filho de João de Dão não precisa de avalista”. Tremiam as pernas, mas firme estava o coração.

Vieram perseguições, fechamentos, injustiças. Vieram também resistências, cartas, lutas. O Tupy caiu, mas Toninho permaneceu. O clube se foi, mas os bonecos ressuscitaram, com o mesmo sopro de alegria que ele aprendeu a dar ao papel, ao arame, à tradição.

Hoje, Toninho é lenda viva.

Artesão de gigantes, guardião da memória, homem de fé e festa.

Patrimônio de duas cidades, de dois estados, de todos os que ainda acreditam que a cultura é casa, é chão, é música que não se cala.

Toninho do Tupy é a lembrança que dança. É saudade que se veste de boneco e vai para a rua. É vida que insiste em celebrar. Hoje, ele é memória pulsando em dois estados. É rastro de música nos salões apagados. É o riso de bonecos que ainda dançam no coração de quem se lembra.

Toninho do Tupy não é só um homem. É uma escola de festa, um tambor de esperança, um patrimônio vivo. Hoje, ele é lembrança viva. É a memória das duas Bom Jesus, de dois estados irmãos. É o mestre que molda bonecos como quem molda afetos.

Toninho do Tupy não é apenas um nome: é patrimônio de um povo, é festa que resiste, é saudade que sorri.

Enquanto houver quem conte sua história, haverá sempre música no ar, e bonecos a dançar no coração da memória.

Enquanto Toninho do Tupy existir, a rua terá sempre cheiro de confete e o tempo terá sempre o gosto doce da saudade em forma de carnaval.

Em 2018, o documentário Ecos de um Carnaval foi apresentado no Espaço Cultural Luciano Bastos 

Desfile dos Bonecos do Tupy, no carnaval de 2017, patrocinado pelo jornal O Norte Fluminense 

Arquivo de Toninho do Tupy 


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