Na Tenda Cultural da 166ª Festa de Emancipação Político-administrativa de Casimiro de Abreu, o barro respirou. O Mestre Daniel de Lima moldou o silêncio em formas, deu corpo à terra, ensinou o gesto paciente de criar.
Ao lado dele, outro mestre traduziu o invisível: o intérprete de Libras. Suas mãos dançaram no ar como pássaros breves, e aquilo que poderia ser distância virou ponte.
O som das palavras encontrou o eco dos sinais. Os olhos dos aprendizes brilharam, alguns ouviram, outros escutaram com os olhos. Mas todos compreenderam.
Na roda da oficina, não há margens: o barro é comum, o gesto é universal. Cada peça de cerâmica guarda em si a memória de um instante, o sopro de inclusão que transforma um encontro em eternidade.
E assim, na festa da cidade, não se celebrou apenas a emancipação política. Celebrou-se a liberdade maior: a de falar e ouvir em diferentes línguas, até na língua silenciosa que floresce em mãos abertas.
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