quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Os 411 anos de nascimento de Padre Antônio Vieira


Há exatos 411 anos, a 6 de fevereiro de 1608, nascia o Padre António Vieira, em Lisboa. O Padre António Vieira foi um religioso, escritor, filósofo e orador da Companhia de Jesus. Tornou-se uma das mais influentes personalidades do séc. XVII, destacando-se como missionário no Brasil. O Padre António Vieira passou pelos Açores e deixou por cá a devoção ao terço.

Com uma forte consciência social, o Padre António Vieira teve um papel de destaque na defesa dos direitos dos povos indígenas, combatendo a sua exploração e escravatura, mas não deixando de os evangelizar.

Chamavam-no de "Paiaçu" (Grande Padre/Pai, em tupi), em sinal de respeito e afeição por ele. Em 1654, logo depois de proferir o célebre Sermão de Santo António aos Peixes em São Luís, no estado do Maranhão, o Padre decidiu que era o momento certo para voltar a Lisboa. Ao lado de 2 companheiros, partiu a bordo de um navio da Companhia Geral, com vista a apresentar à regente D. Luísa de Gusmão (em nome do seu filho D. Afonso VI) uma reclamação pelos maus-tratos aos índios.

Durante a viagem, perto do Corvo, uma tempestade abalou o barco, e perante a agitação das pessoas, o Padre terá dito: “Anjos da guarda das almas do Maranhão lembrai-vos que vai este navio buscar o remédio e salvação delas. Fazei agora o que podeis e deveis, não a nós, que o não merecemos, mas àquelas tão desamparadas almas, que tendes a vosso cargo; olhai que aqui se perdem connosco”.

Fez todos prometerem que iam rezar um terço todos os dias se, porventura, conseguissem escapar daquela tempestade. E assim foi. No momento do naufrágio, um dos corsários holandeses que andava pelos mares dos Açores, recolheu os náufragos a bordo, pilharam o que puderam do navio já quase naufragado e desembarcaram os portugueses sãos e salvos na Graciosa após os terem despojado de todos os seus pertences pessoais.

Depois de 2 meses, o Padre António Vieira passou à Terceira, procurando arranjar uma embarcação para que todos os seus companheiros chegassem a Lisboa. O Padre António Vieira permaneceu na Ilha durante mais algum tempo, ficando instalado no Colégio dos Jesuítas, em Angra. Iniciou na Terceira a devoção do terço que, pela primeira vez, foi cantado na Igreja da Boa Nova, em Angra. Nos dias seguintes, muitos padres da Ilha pediram ao Padre António Vieira para pregar nas suas Igrejas.

Ficou conhecido o sermão que apresentou na Igreja da Sé, sede da Igreja açoriana, a 7 de outubro, dia da Festa da Senhora do Rosário. A Sé de Angra estava cheia de gente para ouvir o conhecido Padre António Vieira. O rosário passou a ser rezado e venerado pelos terceirenses.

Uma semana depois, Vieira passou a São Miguel, onde proferiu o Sermão de Santa Teresa. A 24 de outubro de 1654, embarcou a bordo de um navio inglês rumo a Lisboa. Esta viagem final, também cheia de peripécias, levou o Padre António Vieira finalmente à capital portuguesa, onde finalmente pôde falar e reclamar da forma como os índios eram tratados. Assim, é graças a este naufrágio que a devoção do terço começou em terras açorianas.

O Padre António Vieira defendeu também os judeus, sobretudo a abolição da distinção entre cristãos-novos e cristãos-velhos e criticou severamente a conduta e vida de muitos dos sacerdotes da sua época e a própria Inquisição, acabando por ser preso por esta de fevereiro de 1663 a outubro de 1665, mas estes meses de encarceramento não o desmotivaram das suas crenças e defesa dos mais fracos.

Em setembro de 1669, o Padre António Vieira partiu para Roma para promover a canonização de 40 jesuítas que tinham sido presos e martirizados nas Canárias por protestantes no ano de 1570. Além disso, o Padre António Vieira pretendia que a Santa Sé anulasse totalmente a sentença recebida pela Inquisição.

Depois de algum tempo em Roma, Vieira conseguiu a isenção "perpetuamente da jurisdição inquisitorial". Ficava assim explícito que poderia pregar sobre o que quisesse, embora estivesse sujeito às regras da sua Ordem, os Jesuítas. Neste período, ganhou grande prestígio em Roma, chegando a aprender italiano e assim poder proferir os seus sermões. Chegou a apresentar um Sermão ao Colégio dos Cardeais. A 22 de maio de 1670, partiu de Roma.

Quando em 1671, houve uma nova ordem para a expulsão dos judeus, o António Vieira ficou do lado dos judeus, sendo visto com desconfiança pela Coroa Portuguesa. Em 1681, cansado da Corte Portuguesa, regressou ao Brasil, onde se dedicou à compilação de muito do seu trabalho. As obras do Padre António Vieira começaram a ser publicadas na Europa, onde foram elogiadas até pelo Santo Ofício. Em 1694, já não conseguia escrever pelo seu próprio punho. Morreu a 18 de julho de 1697, na Baía.

Na literatura, os seus sermões possuem uma considerável importância no barroco brasileiro e português. Um dos seus textos que mais aprecio, O Sermão de Santo António aos Peixes, continua atualíssimo.
Francisco Miguel Nogueira

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Enviado por Antônio Soares Borges

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