Por Gino Martins Borges Bastos
Hoje, em Campos dos Goytacazes, estive diante de um daqueles momentos que a vida nos concede como presente raro. Fui visitar Dona Maria Apparecida Dutra, que no dia 9 de setembro celebrará 95 anos de existência.
Entrei em sua casa carregando flores e respeito; saí de lá com a alma mais cheia do que quando cheguei. Fui recebido por ela e por sua filha, Maria Adelaide, que trouxe consigo o perfume das distâncias, vinda da Estônia, mas com os olhos marejados de saudade.
Ao ver Dona Apparecida, senti que estava diante de algo maior do que uma simples aniversariante. Era como se a História tivesse escolhido uma morada: os seus olhos serenos, sua fala suave, sua memória tão viva.
Ouvi Dona Apparecida recordar as aulas de infância com a professora Amália Teixeira na Escola Bom Jesus, e depois no Instituto do Sr. Orlando, após o falecimento precoce de Amália. Ouvi ainda falar sobre o estudo no Colégio Rio Branco com a saudosa colega Maria da Conceição Fragoso, com Padre Mello e o professor italiano Cappaci, sob a rigorosa direção de Dona Carmita. Ouvi também falar da saudade do irmão Pedro Dutra que foi professor no Colégio Estadual Padre Mello.
Dona Apparecida falou também de seus antepassados que fundaram Bom Jesus e promoveram o seu desenvolvimento: Alferes Silva Pinto, Pedro Gonçalves da Silva Jr., o Cel. Pedroca, seu avô, primeiro prefeito de Bom Jesus do Itabapoana nos idos de 1890. Enquanto ela recordava, percebi que não era apenas sua vida que se desfiava ali, mas também a história de todos nós, que se entrelaça na dela.
Em Dona Apparecida está presente a força dos educadores que marcaram sua vida. Senti que sua voz atravessa não apenas o espaço, mas também o tempo. É a voz da própria História, dita com mansidão e fé.
De sua pena, já adolescente, nasceu o texto “Anchieta”, publicado no jornal estudantil. De sua vida inteira, nasceu uma obra maior: a formação de incontáveis alunos, que encontraram nela não apenas uma professora, mas uma referência de humanidade.
Olhei suas mãos, firmes, apesar do tempo, e pensei em quantos cadernos corrigiram, quantos alunos guiaram, quantos destinos ajudaram a desenhar. Uma professora nunca ensina apenas o conteúdo: ensina também o jeito de olhar o mundo. E Dona Apparecida o fez com mansidão e grandeza.
Em sua simplicidade, Dona Maria Apparecida reúne a essência dos sábios: clareza, bondade, serenidade. Cada palavra que oferece é uma semente. Cada lembrança que partilha é um espelho no qual o município de Bom Jesus do Itabapoana se reconhece e se fortalece.
Ao sair, senti uma emoção difícil de traduzir. Era como se eu tivesse conversado não apenas com uma pessoa, mas com quase um século inteiro. Um século guardado em gestos simples, em memórias preciosas, em uma vida dedicada a servir e ensinar.
Hoje, o tempo se deixou tocar: encontrei nele o rosto doce de Dona Maria Apparecida Dutra. E guardei comigo a certeza de que algumas pessoas não envelhecem, apenas se transformam em memória viva para todos nós.
Sinto que não estive apenas diante de uma pessoa: estive diante de um tempo inteiro. Um tempo que não se apaga, porque vive nela, e que, graças a ela, vive também em nós.
Parabéns, Dona Maria Apparecida. Que seus dias sigam iluminados como sempre foi sua presença, farol manso e firme, a indicar caminhos para as gerações que virão.
Parabéns pelo lindo texto que elogia uma professora de muitas gerações inclusive a minha que teve a alegria e a honra de ter sido seu aluno.
ResponderExcluirParabéns para a minha querida professora Maria Aparecida. E um forte abraço na sua querida amiga Maria Adelaide. Fomos colegas de turma no Colegio Agrícola de Bom Jesus.
ResponderExcluirLindo texto!👏👏
ResponderExcluirParabéns, Dona Aparecida!🌹🌹🌹
Mas que linda gente 📚🖋️📕😍👏💕👏
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