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Raul se apresentando no Festival Estudantil de 1970, no palco do Cine XV (blog Tadeu Miracema) |
Em 1970, quando as luzes se apagaram no palco do Cine XV, em Miracema, o jovem Raul Travassos já intuía que o futuro lhe pertencia. A fumaça se tornou tela; nela, imagens dançavam, a Capela Sistina, a Mona Lisa, o Fórum Romano. A música Apostasia soava como um manifesto, rebuscado e ousado, feito de ecos que não cabiam apenas nos limites do festival. Esse é o relato do blog Tadeu Miracema, onde consta a foto histórica que acompanha esta postagem.
Ali, nascia não apenas um vencedor, mas um criador de atmosferas, um inventor de mundos.
Raul viera de Itaperuna, onde nascera em 1949, e trouxera de Bom Jesus do Itabapoana a formação que moldaria seu olhar sensível. Pianista formado, psiquiatra graduado, cenógrafo por destino: nele, as artes se entrelaçaram como se fossem um único idioma.
Na Rede Globo, desde 1973, seu talento se espalhou em novelas, minisséries e musicais. Em cada cenário, não havia apenas decoração, mas respiração: ambientes que narravam junto com os personagens, espaços que tinham alma. Roque Santeiro, O Clone, Terra Nostra, Esperança… por trás das câmeras, Raul desenhava a poesia invisível que sustentava cada história.
Foi também companheiro silencioso de gigantes: Elis Regina, Gonzagão, Rita Lee, Paulinho da Viola. Nomes grandes que encontraram em sua cenografia o pano de fundo ideal para engrandecer ainda mais o palco.
Sete vezes premiado como melhor cenógrafo pela revista Contigo, Raul provou que criar cenários é muito mais que erguer paredes ou iluminar espaços: é construir realidades onde o público possa acreditar, sentir e sonhar.
E tudo começou naquela noite de 1970, quando um jovem ousou projetar imagens na fumaça e transformar um festival estudantil em espetáculo inesquecível. Desde então, Raul Travassos não parou mais de revelar o invisível.
Um artífice de mundos, um poeta das formas, um criador de atmosferas: Raul, afinal, sempre soube que a verdadeira arte é aquela que permanece mesmo quando as luzes se apagam.
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