domingo, 14 de dezembro de 2025

Os 79 anos do Jornal O Norte Fluminense

 

Ésio Martins Bastos, o fundador do jornal O Norte Fluminense 

O jornal O Norte Fluminense nasceu em 25 de dezembro de 1946, quando o mundo ainda reaprendia a respirar após o silêncio das armas da Segunda Guerra Mundial. Fundado por Ésio Martins Bastos, ergueu-se como casa da lembrança, abrigo da palavra e farol atento sobre a cultura e a memória de nossa terra. Seu nome, escolhido com precisão quase poética, evocava a antiga região à qual pertencera nosso município e revelava, desde o primeiro exemplar, sua vocação de testemunha do tempo.

Durante 57 anos, Ésio conduziu e redigiu cada edição com devoção exemplar, até sua partida em 24 de agosto de 2003. A chama que ele acendeu foi mantida acesa por seu irmão, Luciano Augusto Bastos, que assumiu a direção do jornal e lhe deu continuidade até 8 de fevereiro de 2011, quando também se despediu deste mundo. Ao lado deles sempre caminhou o idealista João Batista Assad, o Andorinha, atual diretor comercial e guardião de sonhos, cuja persistência ajudou a sustentar este projeto coletivo.

Foi sob a liderança visionária de Luciano que o jornal ampliou seus horizontes e deu origem à Editora O Norte Fluminense, abrindo portas para a publicação de autores bonjesuenses. Graças a esse gesto generoso, o município viu nascer mais de dez volumes da Coleção Literatura Bonjesuense, três da Coleção História de Bom Jesus e quatro CDs com músicas de nossa gente, um legado cultural de valor incalculável.

Certa vez, um leitor sintetizou com sabedoria:
“Quem lê jornal sabe mais; quem lê O Norte Fluminense sabe muito mais.”

Essa frase traduz a linha editorial que sempre nos guiou: resgatar a memória, afirmar a cultura e valorizar nossas raízes, pois somente respeitando o passado é possível construir um futuro digno.

As páginas do jornal acolheram textos primorosos de articulistas que revelam a força cultural do povo bonjesuense, além de colaborações vindas de diversos estados, ampliando o diálogo entre o local e o universal.

Rendemos também reverência ao açoriano Padre-poeta Antônio Francisco de Mello, gênio da civilização e da cultura, apoiador do jornal e responsável por fazer florescer, em Bom Jesus do Itabapoana, a rica açorianidade que hoje se perpetua. Registramos sua atuação e seu falecimento, ocorrido em 13 de agosto de 1947. Décadas mais tarde, celebramos a ponte cultural lançada pelo amigo açoriano Francisco Amaro Borba Gonçalves, que, ao conhecer Bom Jesus, identificou-se com o jornal e levou O Norte Fluminense à prestigiada Banca do Rodolfo, na Tijuca, um marco simbólico que apresentou nosso município ao Rio de Janeiro.

Ao longo dos anos, o jornal teve a honra de registrar, em entrevistas exclusivas, a voz de dezenas de personalidades que marcaram a vida regional, estadual e nacional: Elcio Xavier, o Príncipe dos Poetas, e seu filho Rogério Loureiro Xavier; Ismélia Saad Silveira, viúva do ex-governador Roberto Silveira; os filhos do ex-governador Badger Silveira; Wilma Martins Teixeira Coutinho; o Tenente-Brigadeiro Sérgio Xavier Ferolla; Georgina Teixeira Mello; a musicista Dona Nina; a historiadora Maria Apparecida Dutra, entre tantos outros nomes cuja memória preservamos com respeito e gratidão.

Em parceria com a TV Alcance, de Isac Nascimento, e com o apoio de André Luiz de Oliveira, produzimos entrevistas, reportagens e documentários que registraram lugares de relevância histórica e cultural. Muitas dessas produções exigiram longas viagens por estradas difíceis, sempre movidas por um sentimento maior: o compromisso de registrar, para as futuras gerações, aquilo que faz palpitar a alma de nossa terra.

Somos feitos de memória. Somos feitos de história. Somos feitos dos que vieram antes de nós.

E assim seguiremos, fazendo de O Norte Fluminense uma trincheira serena e firme em defesa da cultura, do conhecimento e da construção de uma sociedade mais humana.

Agradecemos, de coração, a cada assinante que caminha conosco nesta longa e luminosa jornada, reconhecendo um trabalho movido por sonhos e ideais. Somos igualmente gratos aos anunciantes, aos articulistas que emprestam sua voz e sua alma às nossas páginas e a todos os leitores e apoiadores que nos presenteiam com o gesto precioso da leitura.

Que o espírito do Natal envolva cada um de vocês em serenidade e esperança, e que o Ano Novo floresça em conquistas, alegrias profundas e novos horizontes.

Os irmãos Ésio Bastos e Luciano Augusto Bastos 

O diretor comercial João Batista Assad, de O Norte Fluminense, o Andorinha, João Batista Assad, e Edalvo Florentino Balbino, impressor na máquina francesa Allauzet, do século XIX, que imprimiu o jornal O Norte Fluminense por décadas, e hoje integra o acervo do Museu da Imprensa do Espaço Cultural Luciano Bastos (ECLB)

O jornal O Norte Fluminense pode ser encontrado na tradicional Barraca do Rodolfo, localizada na Tijuca, Rio de Janeiro

 No alpendre das lembranças, uma cesta de madeira rústica repousava como um relicário. Dentro dela, repousavam exemplares do jornal O Norte Fluminense, como se fossem aves antigas que ainda sabiam cantar. Jornal O Norte Fluminense foi homenageado na 4ª FLIPir (Feira Literária de Pirapetinga), no dia 26 de julho de 2025




A Voz de Nossa História 


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