segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

Faróis dos Açores em Bom Jesus do Itabapoana


Os presentes dos Açores não chegaram de uma só vez. Vieram aos poucos, no ritmo do mar que ensina a paciência e a permanência. Vieram de vagar, trazidos por mãos açorianas que cruzaram o oceano e aportaram, com delicadeza, em Bom Jesus do Itabapoana.

Foram as mãos de Francisco Amaro Borba Gonçalves, nascido na ilha Terceira, que entregaram esses presentes. O destinatário era Gino Martins Borges Bastos, açordescendente bonjesuense, herdeiro de uma linhagem cujo patriarca, Francisco Lourenço Borges, também nascera na ilha Terceira, levando consigo raízes profundas e sementes duradouras.

Os presentes foram encontrando lugar e sentido. Ora repousavam na residência da família Borges Bastos, ora se estabeleciam no Sítio Açoriano, assim batizado em homenagem a Francisco Amaro Borba Gonçalves, que ali se hospeda sempre que retorna a Bom Jesus do Itabapoana. Um espaço de acolhimento, memória e continuidade.

A travessia dos Franciscos açorianos, porém, não se encerra aí. Ela prossegue com a chegada, em meados do século XIX, de Francisco José Borges, descendente de Francisco Lourenço Borges, um dos responsáveis pela implantação da Festa do Divino Espírito Santo no município, celebração que até hoje palpita como herança viva da cultura açoriana.

A história segue ainda com a vinda, em 18 de junho de 1899, do açoriano Padre Antônio Francisco de Mello, verdadeiro gênio da civilização e da cultura, que ajudou a sedimentar, de forma definitiva, a presença açoriana em Bom Jesus do Itabapoana.

Cada presente entregue com o coração acendeu um farol. Um farol para Bom Jesus, um farol para o mundo. E cada gesto de Francisco Amaro Borba Gonçalves renova essa luz: faróis dos Açores que continuam a iluminar, com constância e afeto, Bom Jesus do Itabapoana e além-mar.












 


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