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| Adalto Boechat Júnior |
Se eu não penso em onde meus pais estão, imagino que ficariam decepcionados comigo.
Passei a vida inteira tentando ser o melhor que eu podia ser, por eles.
Quando saí de casa para o meu primeiro emprego, minha mãe varria o quintal.
A única recomendação que me deu foi simples e definitiva:
“Saia de casa para ser um homem de bem. Não importa o que o mundo te faça.”
Eu nunca esqueci. Ela estava ali, vassoura na mão, roupa muito simples, chinelo velho nos pés.
Sempre abriu mão de si para que eu pudesse estudar.
No dia da minha formatura, foi ela quem fez a minha beca. Mas não foi à cerimônia.
Mais tarde soube o motivo: ela não tinha roupa, nem sapato.
Na época, adolescente e cego, pensei:
“Poxa… minha mãe não me ama. Não veio à minha formatura.”
Hoje eu sei.
Aquela ausência foi a maior prova de amor.
Imagino o quanto ela deve ter chorado sozinha, dentro de casa, esperando que eu voltasse com o diploma nas mãos.
Uma lágrima cai em mim agora...

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