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| Glenda Kozlowki, Yelmo Papa e Rosane Araújo |
Em meados de 2013 eu já estava morando em Bom Jesus e afastado do meio televisivo há quase sete anos. Mas algo me fez mandar um currículo para uma velha amiga, a Rosane Araújo, que conhecera em 1991, quando comecei a aprender fazer TV, no esporte da Globo Rio, levado pelo grande amigo e enxadrista (além de velejador e campeão de totó e pingue-pongue) Tino Marcos.
Na época eu dava “aulas” de xadrez para crianças das redes municipais de Bom Jesus do Itabapoana e de Campos dos Goytacazes, como monitor do Mais Educação, do Governo Federal. O projeto consistia em oferecer atividades esportivas e culturais no contra turno.
Enviei o tal CV (Curriculum Vitae) e continuei tocando a vida. Até que um dia a Rosane, que era a editora-chefe do programa semanal Esporte Espetacular, ligou-me e perguntou onde eu estava eu estava e se aceitava um contrato temporário de três meses, podendo, eventualmente, tornar-se definitivo. Ela deixou claro que seria uma experiência e que, naquele momento, não havia vaga para editor de texto (cargo pleiteado por mim).
Aceitei sem pestanejar, despedi-me dos colegas e alunos do xadrez e parti para meu Rio de Janeiro natal. Confesso que me precipitei um pouco e fiquei cerca de dez dias esperando a burocracia da contratação, só gastando e sem ganhar nada. Mas em parte foi bom esse tempo, pois, sempre previdente, fui ver os melhores caminhos e ônibus entre o Grajaú (onde me instalei na casa de um amigo provisoriamente) e o Jardim Botânico, sede da famosa “Vênus Platinada”.
Fazia 22 anos que eu iniciara minha carreira em televisão, mas os sete anos em que fiquei fora da “pista” (saíra do Sportv em 2006, contra minha vontade) fizeram falta. Tive que me readaptar, e logo. Na verdade, eu não tinha ideia de como funcionava o EE (como o programa é chamado internamente, assim como o Globo Esporte é GE, o Jornal Nacional, JN, assim por diante).
A primeira diferença é que lá não havia quem atuava só como editor ou só como produtor. A equipe, bem coesa e em sua maioria jovem, “jogava nas 11”, como dizem os peladeiros e amantes do futebol. Outra coisa era o fechamento do programa, tempo em que são editadas as últimas matérias e é definida a ordem definitiva delas no “espelho” (roteiro) do EE.
Eu já havia, lá em 1992, passado pelo programa, só que ele era exibido aos sábados e às sextas-feiras a gente ficava editando até meia noite ou 1 hora. Só que agora (em 13) o programa já ia ao ar nas manhã de domingo. Então nosso plantão, com a turma que não folgaria naquele fim de semana (no seguinte sim), começava às 21/22 horas de sábado e ia até às 5 ou 6 horas da madrugada. Confesso que levei umas semanas pra me adaptar, pois já tinha mais de 50 anos e não frequentava mais baladas, boates, etc...
Mas depois a adrenalina de todo mundo correndo entre a redação e as ilhas de edição – que têm horários loteados entre as diversas produções da casa e por isso éramos obrigados a virar noite – me contagiou e me acostumei. Quem fazia essa maratona, tinha o resto do domingo de folga e a segunda-feira inteira (a gente chamava de folga de garçom).
Bom, para não me alongar demais, quero contar umas poucas histórias que vivi nestes três meses “globais”. Uma dela, acho que em meu primeiro vt (sigla que veio do videoteipe e hoje, mesmo com tudo digital, virtual, permanece), sobre o meia Paulinho (ex Corinthians e seleção) que estava estreando no time inglês do Tottenham. Ele tinha feito o primeiro gol pelo clube e precisávamos mostrar isso.
Fui buscar o gol nas agência de notícias, nas imagens de satélites que chegam diariamente e nada. Aí meu editor de imagens (um craque, hoje no Globo Repórter), Walteman Júnior, lembrou da internet. Sim, citando a fonte poderíamos usar qualquer imagem da web. Foi a primeira vez que vi isso em tv.
Na época os apresentadores do EE eram a querida Glenda Kozlowski (que já conhecia desde 2005, quando trabalhei no Sportv em Sampa e ela apresentava o GE paulistano) e o Ivan Moré, que conheci também em S. Paulo. O Tande, medalhista olímpico com o vôlei brasileiro, era um dos repórteres, além de outras feras como Clayton Conservani e Carol Barcellos. Foi muito bom trabalhar com eles.
Outra passagem interessante é que, na época, havia a expectativa para a escolha da sede dos Jogos Olímpicos de Verão (as populares Olimpíadas) de 2020 – que acabaram adiadas por um anos por causa da tragédia da Covid19. Quando Tóquio foi a escolhida tivemos reportagens do Márcio Gomes, então correspondente no Japão (hoje acho que está na CNN Brasil).
Eu tinha que esperar dar 20 horas de Brasília para ligar para o escritório da Globo em Tóquio e combinar horários de geração, o que ele iria mandar, etc... O que achei incrível é que para fazer essa ligação de milhares de quilômetros, bastava pegar um telefone (fixo) na redação e digitar uns três ou quatros números. Sim, era apenas um ramal da mesa da Globo no Rio ligado por satélite lá na Terra do Sol Nascente.
Um dia eu fiquei até mais tarde na emissora e observava dois colegas editando uma reportagem. Então ouvi uma voz de trombone e pensei: por que alguém está editando um vt em outra ilha, com narração de Galvão Bueno, e está com o volume tão alto?
Quando olhei para trás, levei um pequeno susto, pois era o próprio Galvão ensaiando para gravar um texto que acabara de escrever. Que vozeirão, parecendo ter amplificador artificial. De tempos em tempos, quando o programa batia as metas comerciais, principalmente, a Globo pagava um lauto almoço pra toda a equipe, num restaurante de categoria internacional, na zona sul do Rio.
Foi num desses almoços que eu me despedi de todos os colegas – alguns viraram amigos – já que não haveria chances de continuar. Eu estava casado há 5 anos, não havia uma vaga no momento e minha amada esposa Angélica precisava de mim aqui na nossa cidade. É curioso o que vou dizer, para concluir, mas eu era espectador assíduo do EE, inclusive dos eventos ao vivo durante o programa. Depois de trabalhar lá eu fui deixando de assisti-lo e hoje não vejo mais. Não sei explicar porquê.
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| Tande, Yelmo Papa e o repórter Tiago Asmar |
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| Tino Marcos, o maior jornalista esportivo da televisão brasileira, "padrinho" de Yelmo na TV |



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