segunda-feira, 28 de maio de 2018

Subsídio para a organização da História do município de Bom Jesus do Itabapoana




(Publicado na edição de abril de 1990 de O Norte Fluminense)

                                         Jorge Renato Pereira Pinto



A tradição fala que, por volta de 1842, chegou as barrancas do rio Itabapoana, Antônio José da Silva Neném com sua mulher, dois filhos e alguns agregados, oriundo da localidade mineira de Bom Jesus da Vista Alegre. 

Desbravou, construiu moradias e fez plantações. Ao local, deu lhe o nome de CAMPO ALEGRE para lembrar o lugar de onde veio. Consta também nas tradições que Neném associou o rio Itabapoana com o nome de Bom Jesus da localidade de onde se originara, criando assim o nome de Bom Jesus do Itabapoana.


Aos poucos foram chegando conterrâneos de Neném que se instalaram juntos começando a formar um povoado. Assim, os primeiros integrantes de Bom Jesus eram mineiros e constituíram os primitivos povoadores.


Quando Neném se retirou por volta de 1847, deixou o povoado consolidado. Ainda por volta de 1850 eram encontrados índios para os lados da Serra do Tardim.

O povoado pertencia ao Município de Campos dos Goytacazes em 19/3/1856 foi criada a sub delegacia de policia, agregada ao 2º distrito da freguesia de Santo Antonio de Guarulhos (Campos).


Os limites da sub delegacia, delineavam uma área cujos limites eram: ao Norte, o rio Itabapoana; a leste Santo Eduardo; ao sul as ramificações da Serra Cayana (Hoje Santo Eduardo) e a Oeste a Serra do Canaval onde nasce o rio itabapoana (que deve corresponder a contrafortes da serra do Caparaó). Transformado em arraial com o nome de Senhor Bom Jesus foi transferido para Freguesia de N. S. de Natividade.


Por Lei provincial de 14/11/1862, quando era presidente da Província do Rio de Janeiro, o Dr. Luiz Alves Leite de Oliveira Bello, foi criada a Freguesia de Bom Jesus do Itabapoana, cuja área tinha então 1485 KM², pertencente ao município de Campos dos Goytacazes. Em 1879 outro decreto provincial desmembrou a Freguesia em duas, criando a de Varre-Sahe com cerca de 800 KM², ficando a de Bom Jesus com 685 km².


Uma das curiosidades da criação das Freguesias era que para sua criação deveria existir, igreja, sub delegacia, Juiz de Paz e escolas e com o desmembramento, as duas escolas existentes ficaram em Varre-Sahe.


Bom Jesus era uma região cuja economia se baseava no café e estava em franca expansão.

 Com o desmembramento, ficou diminuída a sua população que por volta de 1880, apresentava os seguintes números:

      

        Homens                                               1689

        Mulheres                                             1886

        Crianças do Sexo Masculino             384

        Crianças do Sexo Feminino               286

        Homens Escravos                                624

        Mulheres escravas                              365

                                                        TOTAL  4.684 habitantes







Em 1885, Bom Jesus do Itabapoana passou para a jurisdição do Município de Itaperuna, desmembrado do município de Campos dos Goitacazes. 


Em 24 de Novembro de 1890, o 1º Governador do Estado do Rio de Janeiro, Dr. Francisco Portella, criou o município com o nome de VILA DE ITABAPOANA, que existiu até o Governo do Dr. Porciúncula, quando foi extinto juntamente com outros, em 8 de Maio de 1892.


Daí para diante, Bom Jesus sempre sonhou com o retorno ao status de Município, cuja ideia jamais caiu no esquecimento. Em várias gerações, muitos lutaram, sonharam e tentaram a emancipação. As crônicas de épocas atrás destacam Francisco Teixeira de Oliveira, João Catarina, Jerônimo Batista Tavares, Pedro Gonçalves da Silva e muitos outros cujos nomes, por dever de justiça precisam ser levantados e registrados para a posteridade.


A reconquista da emancipação foi concretizada quando era interventor do Estado do Rio de Janeiro o Comandante Amaral Peixoto. O Município recebeu o nome de Bom Jesus do Itabapoana. O decreto emancipacionista tinha o número 633 e era datado de 14/12/1938; o Município foi instalado em 1/1/1939. Mais tarde foi criada a Comarca pelo Decreto-Lei nº 1.056 de 31/12/1943.


Até 1950, a grande mola propulsora da região foi o café tento registrado em 1930 a produção de 40 mil sacas.

A partir dos anos 50, o café foi perdendo a importância e o açúcar acabou por superar com produções crescentes, graças a existência das Usinas Santa Maria e Santa Isabel.

Outra atividade importante e que prevalece até nossos dias é a pecuária de corte e de leite. E digno de registro que as Usinas Santa Maria e Santa Isabel eram também produtoras de Álcool Anidro e Hidratado e nos anos 60 havia em Santa Isabel, uma fabrica de papel que por alguns anos funcionou produzindo 4 toneladas diárias de papel comercial.


Segundo o IBGE, a área do Município é de 389 KM² e a evolução de sua população, neste século 20, nos últimos 40 anos foi a seguinte:




Ano                       Popul. Total                       Popul. Urbana                       Popul. Rural

1950                        31.852                                   5.734                                       26.118

1960                        38.010                                  11.406                                      26.613

1970                        29.428                                  16.307                                      13.111

1980                        27.910                                  18.387                                        9.523

1989                        26.269                                  19.097                                        8.472





ESTIMATIVAS DO IBGE
(extraído de O Norte Fluminense, ed. de 1989) 

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