quinta-feira, 22 de novembro de 2018

O QUE PENSEI PELA MANHÃ

                   Saulo Soares


Gratidão. Como é importante sermos gratos e como, invariavelmente, amigos, esquecemos de sê-lo. Dizem que os muçulmanos têm para a palavra “ser humano” a tradução: “aquele que se esquece”. E para Deus: “Aquele que se lembra”. Por essa razão, eles, variadas vezes ao longo dos seus dias, voltam-se para a cidade sagrada de Meca, para simplesmente lembrar-se Dele.
Recordo-me de Jesus. Continuamente dando graças ao Pai. A propósito: Eucaristia significa “ação de graças”, agradecer. Antes de realizar o milagre da multiplicação dos pães – assim como na ceia derradeira – Ele eleva os dons e... agradece ao Pai. Daí então se segue o milagre. O milagre é sucedâneo ao agradecimento.
Já nos demos conta de quantos “milagres” podemos realizar com pequenos gestos de gratidão? O quanto de bondade, de paz e harmonia podemos “multiplicar” em nossos relacionamentos, no nosso ambiente familiar e de trabalho?
Não, não sou daqueles que pretendem desmistificar os milagres de Jesus, de fazer reducionismos e dar outras versões. O que Ele fez foi, de fato, um milagre. Ponto. Sem duplas interpretações. O que pretendo dizer é: quantos ensinamentos podemos retirar dos milagres por Ele realizados. O mínimo agradecido pode multiplicar-se e tornar-se o “máximo”; pode a muitos “alimentar” com o pão da esperança e do bom convívio.
O que pensei pela manhã ficou comigo o dia inteiro. Multiplicou-se. Agradecer é reconhecer, no favor e gratuidade do outro, o próprio outro que se oferece. Agradecer é tornar agradável o ar que se respira em comum.
Agradecimentos e, em contraparte, reclamações. Murmuramos exageradamente... Sei disso; também sou assim. Basta um pequeno tropeço, uma mínima contrariedade para deixarmos claro nosso descontentamento. Esquecemos, rapidamente, a “montanha” de benefícios recebidos e os depositamos diante de uma “pedrinha” de aborrecimentos. Esquecemos. Parece termos uma espécie de “memória seletiva”. Apta e pronta para recordar o mal, porém frágil e débil para a lembrança do bem recebido. Esmaecida para a gratidão e em vivas tintas para sentimentos como a vingança e a falta de perdão.
Bela é a oração de Santo Inácio, que ora transcrevo:Toma, Senhor, e recebe toda a minha liberdade e a minha memória também. O meu entendimento e toda a minha vontade, tudo o que tenho e possuo Tu me deste com amor. Todos os dons que me deste com gratidão Te devolvo. Dispõe deles, Senhor, segundo a Tua vontade. Dá-me somente o Teu amor, tua graça. Isso me basta, nada mais quero pedir”.
O que pensei pela manhã, da semana passada, ficou comigo até o presente momento. Como um trigo que se planta, colhe, tritura, amassa, fermenta, coze e se transforma em pão. Graças a Deus!
Obrigado a todos vocês que agora me lêem e tem lido ao longo desses anos. Sou-lhes muito grato, de coração.
Grande abraço.

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