.       F i m   d e   F e i r a
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Joel Boechat

   Cantinho de
   Dificuldades  passageiras

Nos fundos da quitanda do
Seu Joaquim
Havia  um pequeno cortiço
Seis quartos e  lá no fim do
Quintal , um  mictório ...

Um "banheiro"  comunitário
Com  um  chuveiro de ferro
E um vaso sanitário...

De manhã, o  maior reboliço
Todos queriam tomar o seu
Banho...
E só havia um chuveiro ali

Ainda bem que  lá em casa
Tinha um penico pra gente
Fazer cocô e xixi ...

Café forte de manhã ,  para
Mamãe e Papai e  o  fraco
De segunda coada em bule
Separado
Para mim e duas irmãs.
Um pão comprido , cortado
Em cinco pedaços , mas só
Tinha dois bicos ...

Disputados  pelas crianças
Para evitar as fofocas e os
Mexericos ...
Tinha  que  se fazer rodizio

Num  certo dia  da semana
Havia a feira livre das sete
Até doze horas
A gente tinha um desconto
Na barraca  do  seu  Anízio
Mamãe ia,  as onze e meia
No fim das feiras, tudo era
Mais barato ...

A  sardinha  muito   miúda 
Era  barato,a  descartada
E , nas barracas de frutas,
100 réis o lote de bananas
Machucadas e feias ...
Gente leva pra casa, uma
Sacola cheia...

Uma vez por semana meio 
Quilo de carne moída.
Caso não desse, duzentos
E cinquenta gramas...
Que se comia  com  angu e 
Um  ensopado  de  abóbora
Com aipim e chuchu

O tempo passa e, o menino
Agora é um  rapazinho
Já tem carteira de trabalho
De menor ,  assinada.
Já ganha seu dinheirinho .

Irmã trabalhando também
A dificuldade, que parecia
Não ter fim, lá  no  cortiço
do  portuga,  seu Joaquim
Que, quando atrasavamos
Aluguel falava em despejo
E um monte de asneiras

Como  todas  dificuldades
Vividas ...
Com o Senhor Bom Jesus
Nos garantindo...  em Seu
Coração a guarida ...
Nosso Caminho Vedade e
Vida...
Com fé em Deus,   nunca
Serão " ad eternum " ...
Apenas ...passageiras.