domingo, 14 de dezembro de 2025

TV Alcance e o jornal O Norte Fluminense na Casa dos Açores do Rio de Janeiro

 


Quando a cultura atravessa estradas e faz história

No dia 13 de dezembro, a cultura venceu a distância. Quase 400 quilômetros separaram Bom Jesus do Itabapoana da cidade do Rio de Janeiro, mas foi justamente esse percurso que transformou estrada em ponte e notícia em memória viva. A TV Alcance e o jornal O Norte Fluminense estiveram presentes na Casa dos Açores do Rio de Janeiro para testemunhar e registrar um momento fundador: o nascimento da Tuna Açoriana da Casa dos Açores do Rio de Janeiro.

Mais do que cobertura jornalística, a presença dos veículos foi um gesto de pertencimento. Isac Nascimento, André Luiz de Oliveira e Paulino José Rocha da Silva formaram a comitiva bonjesuense que levou consigo não apenas câmeras e palavras, mas a herança cultural de um povo moldado pela travessia do Atlântico e pela persistência da memória.

O elo entre Bom Jesus do Itabapoana e os Açores não é circunstancial, é histórico, profundo e sensível. Em meados do século XIX, o município foi colonizado por açordescendentes, recebendo influência decisiva com a chegada do açoriano Padre Antônio Francisco de Mello, a partir de 18 de junho de 1899. Um verdadeiro gênio da civilização e da cultura, cuja presença ajudou a imprimir identidade, valores e tradição à terra fluminense.

Essa mesma herança ecoa no presente. Pela atuação incansável do açoriano Francisco Amaro Borba Gonçalves, frequentador assíduo de Bom Jesus, o jornal O Norte Fluminense, guardião e difusor das raízes culturais da região, passou a circular na tradicional Banca do Rodolfo, na Tijuca. Assim, o papel impresso fez-se ponte, ligando o interior ao coração da capital, unindo histórias, sotaques e pertencimentos.

Exemplares do jornal foram distribuídos no salão da Casa dos Açores. Entre as matérias de interesse açoriano do Rio de Janeiro há o registro da fabricação da Massa Sovada Açoriana pela Irmandade de Vila Isabel assim como o registro da Barraca do Rodolfo, na Tijuca, que divulga o jornal Bonjesuense em solo carioca e e-mails de cariocas que passaram a conhecer o jornal Bonjesuense.

Do outro lado dessa travessia simbólica está a TV Alcance. Fundada pelo visionário Isac Nascimento, a emissora construiu sua identidade longe dos holofotes fáceis da grande mídia. Seu compromisso é com o que permanece invisível aos grandes conglomerados: a cultura, a memória, os encontros que fazem história antes de virarem manchete. Onde muitos não vão, a TV Alcance chega. Onde poucos registram, ela eterniza.

Esse trabalho silencioso e essencial encontrou reconhecimento. Como gesto de gratidão e valorização, a recém-fundada Tuna Açoriana incluiu em seu banner oficial as referências à TV Alcance e ao jornal O Norte Fluminense. Um símbolo que vai além do agradecimento: é a confirmação de que jornalismo comprometido também constrói identidade, preserva laços e une povos separados apenas pela geografia.

Naquela noite, na Casa dos Açores, não se fundou apenas uma tuna. Firmou-se, mais uma vez, a certeza de que cultura, quando registrada com sensibilidade, transforma notícia em herança, e o presente em história.
















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