sexta-feira, 6 de julho de 2018

OS TÚNEIS E ELCIO XAVIER




Dentre as obras preciosas que Elcio Xavier doou à biblioteca do ECLB (Espaço Cultural Luciano Bastos), consta "Os Túneis", de Erasmo Cautali Caldas, publicada por Irmãos PONGETTI Editores, em 1949.

Em sua dedicatória a Elcio, no Rio de Janeiro, o poeta assinalou, em 1952: "Ao amigo Elcio ofereço tardiamente estes versos ásperos, mas nascidos de uma verdade interior, a qual não necessita de estética para realizar-se. Se esta vem posteriormente, a culpa não é do cantor,  nem lhe tira a autenticidade".

Na obra, Caldas fez questão de assentar trecho de Ibsen:


SILÊNCIO

Quando despertarmos de entre os mortos, veremos então que deixamos a vida passar, que não vivemos...
                                                                          


Caldas assentou, ainda, um trecho de Carlos Drummond de Andrade:


NOTURNOS

É a hora em que o sino toca.
Mas aqui não há sinos;
há somente buzinas,
sirenes roucas, apitos,
aflitos, pungentes, trágicos,
uivando escuro segredo:
desta hora tenho medo.

     


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 Entre as preciosidades que Elcio Xavier doou ao ECLB constam as" Obras Completas de Fernando Pessoa", considerado o mais universal poeta português

                    I 

           E.C. Caldas

A tarde morre num véu nebuloso
e no fatal e abrupto rompimento
da inconsciência repousa o fabuloso
mundo da afirmação do movimento.

E, assim, com um suspiro tão profundo,
tão dolorosamente grande e amargo,
caímos como os lírios moribundos
num outonal e trágico letargo.

Nossas vazias mãos vão sobre o cume
dos riachos alegres e cantantes,
como as pétalas mortas, sem perfume,
disformes, da campina em flor distantes.

E as águas levam nossas mãos embora,
como as pétalas mortas das campinas,
e as precipitam em sombrias horas,
no vórtice sagrado das turbinas.






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