quinta-feira, 4 de abril de 2019

Tirando as Máscaras

                             Joel Boechat

Cantinho de Ilusões
         
             Do bloco das ilusões,
             Tiremos as fantasia
             Aproveitemos bons
             momentos, para
             Esquecer nostalgias

As máscaras que usamos
Não disfarçam nossas dores
E nem aquilo que somos

Não importa o colorido
Do confete e serpentina
Sempre haverá um triste
Pierrot
E uma alegre  Colombina


Fiz economias logo
Depois do Natal
Ficava muito ansioso 
esperando o Carnaval

Comprei lança-perfume
"Rodouro "
Para jogar nas meninas
Tinha nas cores prata e
ouro
Custava sessenta cruzeiros
Era o meu maior tesouro

Um prazer, uma alegria
Brincar na Rio Branco
Bem pertinho da Central
Vestir minha fantasia
Pular o meu Carnaval

Na esquina da Rio Branco
Com a Rua do Ouvidor
Encontrei aquela menina
Que foi... Meus ais
O meu sonho de amor

No Carnaval que passou
Vestida de Colombina
E eu, meio desajeitado
Com cara de cão lambido,
Vestido de Pierrot

Joguei o lança perfume
Me agradeceu com confete
Perguntei: qual o seu nome?
Me respondeu: sou Ivete!

Era u'a mentirinha
Mentira de Carnaval
Ninguém dizia o seu
Verdadeiro nome
Para não se tornar banal

Eu fiquei ali grudado
Adorando  a menina
A fantasia,  o bordado
Uma linda Colombina

Passado o Reinado de
Momo
Recebi uma ligação
Dizendo que a mãe dela
Tinha dado autorização

Levei-a a um cinema
E, no cinema, o escurinho
Quantas coisa na cabeça
Passei em seus ombros o
meu braço ...
Roubaria,  se pudesse,
nem que fosse um só
Cheirinho
E, quem sabe,  talvez saísse
um gostoso amasso

Mas a sua irmã mais velha
Que segurava a vela
Ficava vigiando a gente
E nem olhava pra tela

Conheceu outro menino
Conheci outra menina   
Foi um simples final de
História
Sem beijos,  abraços e
Glória
Sem poder contar aos meus
Amigos  nenhuma vantagem
E de outras coisas,
a estória

Só fiquei com  saudade
Da esquina Rio Branco
Com a Rua do Ouvidor
Foi ali que começou
O  meu despertar do amor...

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