quinta-feira, 24 de novembro de 2022

O mundo necessita de Donas Carmitas!


                 
Gino Martins Borges Bastos 


Conheci Dona Carmita (Maria do Carmo Baptista de Oliveira), uma das maiores educadoras da região - que ajudou a formar gerações de jovens - quando, adolescente, cursei o ginásio no Colégio Rio Branco.

Além de educadora notável, Dona Carmita era competente diretora do educandário e excelente professora de História.

O rigor de sua autoridade estava em consonância com o seu tempo, mas deve ser destacado que ela possuía uma visão humanista da Educação. A ela não interessava simplesmente o sucesso do aluno na aprendizagem das matérias escolares, mas a sua edificação total como ser humano.

Assim é que, sempre que recebia notícia de que algum aluno estava tendo um comportamento irregular fora do colégio, fazia questão de chamar os pais. Recordo-me, por exemplo, de uma vez em que ela soube que uma aluna teria ido a um bar comprar algo. Imediatamente, Dona Carmita mandou um bilhete para os seus genitores.

Como excepcional professora, nos levava a sonhar com as grandes narrativas dos eventos históricos. Além disso, recordo-me que ela realizava os famosos "Combates". Grupos de alunos eram formados e, em dia marcado, cada um realizava perguntas ao outro. Isso era muito estimulante, porque esmerávamos não apenas em estudar as matérias, como em  preparar perguntas difíceis para os adversários.

Uma das lições de Dona Carmita que aprendi e sempre levei comigo foi a do método de gravar frases ou palavras:    "- Procure fixar, concentrado, apenas o início da frase ou da palavra! Assim agindo, você terá condições de, posteriormente, se lembrar de toda a frase ou palavra", ensinava a mestra!

O olhar rígido e penetrante, mas amoroso, de Dona Carmita, sempre foi marcante na vida de quem a conheceu.

Se é possível conjecturar que, naquela época, o mundo estava imbuído de um certo excesso de autoridade, é certo, também que, hoje, constatamos a ocorrência de uma antítese.

Em relatório interdisciplinar encaminhado por profissionais, em processo judicial, relativo a adolescentes apreendidos por tráfico de drogas, constava o seguinte, a respeito dos jovens infratores: "ausência total de referência de autoridade".

Penso ser isso o suficiente para concluí que o mundo, hoje, necessita de Donas Carmitas nos lares e nas escolas!


BIOGRAFIA DE DONA CARMITA

(Extraída do blog espacoculturallucianobastos.blogspot.com)


MARIA DO CARMO BAPTISTA DE OLIVEIRA – a D. CARMITA, um dos nomes mais importantes de Bom Jesus do Itabapoana na área da educação no século XX, iniciou os estudos no Colégio Rio Branco desde a sua fundação, em 1920, ali permanecendo até sua aposentadoria, em 1979, deixando um grande legado em nossa terra. 

Na semana em que comemoramos o Dia do Professor, nossa homenagem e todo o nosso reconhecimento a uma vida dedicada ao ensino e ao Colégio Rio Branco.

Consta, nos arquivos do Rio Branco, uma concisa biografia, que aqui trazemos para que se possa conhecer um pouco mais sobre ela.

PROFª. MARIA DO CARMO BAPTISTA DE OLIVEIRA 
(D. CARMITA)

Nasce em 12/12/1908, no município de João Pessoa, atualmente Mimoso do Sul (ES). 

  
Augusto Teixeira de Oliveira e esposa, em fotografia pertencente à família


Seus pais: Augusto Teixeira de Oliveira e Maria da Conceição Baptista de Oliveira, de tradicional família bonjesuense.

Fundado o Colégio Rio Branco em 1920, pelo Prof. José Costa Jr., ela foi uma das primeiras alunas ali matriculadas. Em 1928, no mesmo Colégio, começou a lecionar ministrando aulas de História Geral e do Brasil.

Em 1939, convidada pelo sr. Olívio Bastos, Diretor Comercial do Rio Branco, assumiu a Direção Técnica do tradicional educandário, desenvolvendo uma atuação brilhantíssima que marcou época na história educacional bonjesuense.

D. Carmita – como era mais conhecida – fazia parte de uma família excepcional de educadores, todos, como ela, com seus estudos iniciados em 1920 no Colégio Rio Branco, como: Dr. Francisco Baptista de Oliveira (Dr. Chiquinho), Profª. Clarice Baptista de Oliveira Jesus, Profª. Maria José Baptista de Oliveira, Profª. Zilda Baptista de Oliveira Teixeira, Profª. Geny Baptista de Oliveira Silva.

Ao se afastar da Direção do Colégio Rio Branco, face sua aposentadoria, na década de 70, D. Carmita ainda dedicou alguns anos de sua preciosa existência ao Ensino Oficial no Estado do Rio de Janeiro, lecionando no C.E. Padre Mello, quando era Secretário de Educação e Cultura do Estado o Prof. Dr. Delton de Mattos, seu ex-aluno.

Faleceu nesta cidade, no dia 23/10/1980.


Biografia realizada pelas alunas do 2º ano do Curso de  Formação de Professores do Colégio Rio Branco, sob coordenação das Prof. Walesca Araújo Coelho e Keli Cristina Tardin dos Santos. 1992


Gino Martins Borges Bastos 



 




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