terça-feira, 6 de março de 2018

GOLPE NO HOSPITAL



Hospital São Vicente de Paulo: um histórico de prevalência de interesses privados sobre o público 


Entre as propostas de alteração do estatuto do Centro Popular Pró-Melhoramentos, entidade que rege o Hospital São Vicente de Paulo, há uma que conduz à alteração do quadro societário, promovendo, a partir daí, o controle da entidade com fins inconfessáveis. 

Dentre as propostas de modificação estatutária, que serão apresentadas aos sócios, para deliberação, está a que altera o art. 10.

Atualmente, o referido dispositivo preconiza que os sócios pagarão mensalidade mínima de R$ 3,00 (três reais), podendo ser revista e modificada bienalmente, a critério da diretoria, com aprovação do Conselho Deliberativo.

A nova proposta prevê, contudo, que cada sócio seja obrigado a pagar uma anuidade de um salário-mínimo vigente no mês de fevereiro de cada ano.

O art. 13, por sua vez, estabelece que o sócio perderá seu direito, se atrasar por mais de seis meses no pagamento das contribuições devidas, após a notificação do débito.

Caso seja aprovada a nova regra, haverá o alijamento de sócios que não possuam situação econômica que permita dispor de um salário-mínimo por ano, para pagar a contribuição ao Centro Popular. Ao mesmo tempo, será formado um conjunto de associados que consistirá em uma elite que poderá, a partir de então, levar o Hospital São Vicente de Paulo para caminhos que levem ao desvirtuamento do propósito para o qual foi fundado.


Regra atual do art. 10 prevê que os sócios paguem uma mensalidade mínima de R$3,00 (três reais), podendo ser revista e modificada bienalmente a critério da diretoria, e aprovada pelo Conselho Deliberativo



Nova proposta para o art. 10 prevê o pagamento de uma anualidade de um salário mínimo vigente no mês de fevereiro de cada ano


O art. 13, em sua alínea "a", prevê que o sócio perderá o direito se atrasar por mais de seis meses no pagamento das contribuições devidas, após serem notificados do débito


HOSPITAL FOI FUNDADO PARA ACOLHER OS POBRES


O Hospital São Vicente de Paulo e a Capela de Nossa Senhora do Rosário foram fundados no dia 6/1/1925



No dia da inauguração do Hospital, no dia 6/1/1925, César Ferolla pronunciou um discurso histórico, que foi publicado no jornal bonjesuense Nossa Terra, editado por Antônio da Costa Freitas, e do qual aqui reproduzimos uma parte:

"Inaugura-se afinal, hoje, o Hospital São Vicente de Paulo, fato que ansiosamente esperávamos. Trazendo as nossas congratulações aos denodados cavalheiros que a custa de não pequenos esforços conseguiram erigir esse grandioso monumento, é com o maior e sincero prazer que vemos Bom Jesus dotado de uma das maiores instituições que poderíamos imaginar. Uma das maiores sim, porque tudo pode ser dispensado em uma localidade, menos a igreja, a escola e o hospital; a primeira, para a alma, a segunda, para a inteligência, e a terceira, para o corpo. A igreja, graças aos esforços do ilustre amigo e virtuoso Padre Mello, aí está, obra prima de arte e bom gosto; a escola, vêmo-la nos diferentes institutos de ensino, particulares e públicos. Faltava-nos, pois, o hospital: era uma dívida para com os nossos pobres, era um dever a que não se pode afastar todo o povo que se diz civilizado, mas finalmente, eis o pujante, grandioso, e que não sei se é pelo amor que temos à medicina, ciência magna, ou por outra qualquer causa, consideramos iniciada em Bom Jesus uma nova era, farta em bênçãos divinas, e que garantidamente há de ser o reflexo da alma bondosa daqueles que erigiram e hão sustentar a nova casa de caridade...".


  Cesar Ferolla: texto histórico por ocasião da inauguração do Hospital 


O Hospital e a Capela foram fundados pela Associação São Vicente de Paulo, cujo presidente era o Dr. Diogo Cabral de Mello.

Após procissão ocorrida às 16h30min, deu-se início à solenidade de inauguração, ocasião em que o presidente da entidade convidou para a mesa o Reverendo Padre Mello e o Monsenhor Henrique Mourão, Bispo da Diocese de Campos. Fizeram uso da palavra, na oportunidade, o médico Dr. Agenor de Barros, Octacílio de Aquino e Cesar Ferolla. Padre Mello, impressionado com a qualidade dos discursos, solicitou, então, que os mesmos fossem impressos, para divulgação.

A orquestra regida pelo maestro Leopoldo Muylaert abrilhantou o evento.

Ao final, Monsenhor Mourão se disse "impressionado com a demonstração de fé que assistia", afirmando que "a verdadeira caridade é a que se origina do amor de Deus".







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