domingo, 25 de agosto de 2019

Ilha de São Miguel, uma viagem inesquecível


                      Nino Moraes Seródio

Ao descobrir a ilha de São Miguel, o Infante Dom Henrique era o promotor das descobertas marítimas portuguesas, assim deu a boa nova ao Reino português.

Os descobridores desembarcaram entre duas frescas ribeiras de águas claras e frias, entre rochas e terras altas todas cobertas de espesso arvoredo de cedros e pinhos.

Como aqueles desbravadores, eu e meu irmão Joaquim Jacinto voltamos à terra firme dos Açores, numa manhã de março de 2012, após 126 anos da partida de nossos bisavós. Cristalizamos aquele momento na chegada à Vila da Povoação, sudeste da ilha Miguelina, onde vivem nossos descendentes.

Como aqueles navegantes da terra de nossos antepassados, eu volto e relato a vocês cada passo de nossa viagem.

Foi a confirmação das passadas ancestrais de quem nos deu o presente da vida, os Vieira e os Seródio.

Essa viagem foi como um momento de reflexão, uma viagem de busca e inacreditáveis descobertas, viagem a nossas próprias origens na qual fazemos o reencontro do passado com o presente, um encontro Açoriano, intercontinental, rumo ao futuro.

Na igreja velha, na encosta do mar, pudemos rever os passos de nossos antepassados no ano de 1764, quando ali realizou-se o casamento do nosso pentavós Francisco e Bárbara.

Na igreja N. S. Mãe de Deus, resgatamos documentos de nossos tataravós, trisavós, bisavós e batismo do vovô Jacintho e irmãos: Maria, Manoel e José.

Meus caros, ao ver as encostas escarpadas de rochedos vulcânicos dos quais se estendem colinas verdejantes com muitos lírios e hortênsias, eu me senti romeiro e ao mesmo tempo parte daquele lugar, daquela ilha, imaginando nossos descendentes caminhando, trabalhando, vivendo.

Foi como se passasse um filme em nossas vidas através dos olhos dos nossos antepassados.

Não pude deixar que o vento viesse e me abraçasse, e sentir a presença deles. Foi uma sensação muito especial que compartilho com vocês.

Com essa viagem, aprendi mais uma vez que coragem é fazer, e o que se tem a fazer, e foi assim que nossos bisavós, com seus filhos pequenos, cruzaram o Oceano Atlântico em um vapor e chegaram em terras brasileiras para trabalhar em serviços braçais na fazenda São Domingos.

Com essa viagem, queremos homenagear a todos os colonizadores do Vale do Itabapoana, em especial aos Açorianos, Italianos, Libaneses, Suíços, Franceses e Espanhóis. Ao Padre Mello, açoriano que, por quase 50 anos, foi o nosso guia espiritual e incansável sacerdote das leis divinas.

Caríssimos, como navegantes que somos, com o sangue de grandes navegadores correndo em nossas veias, sigamos guiados pelas estrelas que iluminam nossas estradas do rio Atlântico, ora chamado Oceano.

Nossa viagem aos Açores e à Ilha Miguelina, mostrou-nos que o Açores não é um arquipélago oceânico apenas, mas um encontro das grandes chegadas e partidas do velho e novo continente; Açores significa encontro, reencontros, belezas e coragens.

Após essa viagem, estivemos em Fátima - Portugal continental - e pedimos a sua intercessão, e fomos agraciados com a cidadania portuguesa.

Ilha de São Miguel, uma viagem inesquecível...

Nino Moreira Seródio é membro da Academia Bonjesuense de Letras

Um comentário:

  1. Linda a descrição dos Açores e toda a qualidade dos sentimentos que representam! Agradecida pela generosidade em compartilhar conosco esse encanto de viagem!

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