sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Franca Amaral e a Fazenda Vista Alegre, em Rosal

Franca Amaral tinha uma residência no alto desse morro, na Fazenda Vista Alegre, zona rural de Rosal


Franca Amaral é o nome de um importante engenheiro que projetou a Grande Usina de Rosal na década de 1940.

Seu nome está eternizado na Usina Piloto localizada na Barra do Pirapetinga, e cuja construção teve início no governo de Roberto Silveira, prevista para ceder energia para a referida Usina de Rosal.

Quem se recorda de Franca Amaral é Maria Aparecida Moraes, filha de Jerônimo Nunes de Moraes e Laisi Valadão de Moraes. Irmã de Maria Angélica, José Carlos, Maria Terezinha e Maria do Perpétuo Socorro, ela conta que, quando criança, ficava encantada com as festas organizadas por Franca Amaral.

"Eu tinha seis anos e ficava vidrada com as festas que Franca Amaral realizava em sua bela residência, localizada num morro da Fazenda Vista Alegre. Ele trazia convidados do Rio de Janeiro, inclusive os músicos. Recordo-me que sempre havia um violinista, um acordeonista e um gaiteiro. Eram festas com gente muito fina. 

Certa vez, quando ele chegou à fazenda, eu saí de casa e fui à residência dele. Ao chegar lá, vi dona Maria, uma negra, empregada dele, preparando a comida para a festa. Perguntei a ele: - Vai ter festa hoje? - Sim, mas apenas para amigos e convidados! - O senhor deixa eu vir na festa? - Seu pai é sistemático e não vai deixar. - O senhor poderia pedir para meu pai deixar eu vir. - Está bem, você pode vir cedo, antes da festa começar, mas vou avisar seu pai. Meu pai, depois, me disse: - você vai à festa cedo, mas volta cedo também!

Fui, então, com minha irmã Tereza, de 8 anos, à casa de Franca Amaral. Lá chegando, ele nos recebeu e começou a nos mostrar a casa. Na sala, havia um móvel mais bonito que cristaleira, cheia de taças de cristais. O assoalho, com madeira de friso, estava encerado. Franca Amaral disse, então: - vou mostrar a vocês o toilete! (eu fiquei a me perguntar o que seria isso!). Lá chegando, vi uma penteadeira redonda. Nesta, havia frascos de perfume, blanche e batons. Perguntei, então a Franca Amaral: - posso usar todos? - sim, o que você quiser. Eu usei, então, todos. Depois, tive que me banhar para tirar tudo. No quarto masculino, além de uma cama, havia um móvel antigo, que tinha sobre ele um aparelho de barbear. No quarto feminino, havia uma cama. No terceiro quarto, havia várias camas.

Essas festas ocorriam vez ou outra e chamavam a atenção de todos.

Teve um outro momento em que fui estar com Franca Amaral, assim que ele chegou. Corria a conversa que as águas da Usina que ele projetava iria inundar tudo, inclusive terras de Guaçuí. Perguntei a ele: - vou ter de mudar da minha casa por causa da água que vai inundar tudo? Ele ria muito e me respondeu, educadamente: - Você gosta daqui, portanto, você não vai precisar ir embora, você vai continuar aqui! Tanto a Igrejinha como a sede da fazenda não serão inundadas.

Com efeito, o projeto de Franca Amaral não previa a inundação da sede da fazenda, sendo certo, contudo, que precisaríamos de bote para sair e chegar até à mesma. Depois, fiquei sabendo que o projeto havia sido alterado e que as águas da represa alcançariam apenas a região conhecida como Prata.

Franca Amaral possuía um funcionário de nome Sílvio, que fazia as medições para ele. Eles saíam para as áreas e só retornavam tempos depois de muita medição. Além disso, tinha um chauffer, de nome Paulo Faria. Depois que Franca Amaral morreu, sua filha veio e levou todos os móveis da casa. Esta acabou sendo transformada na Escola Municipal Vista Alegre", disse Maria Aparecida.

Com o falecimento dos pais de Maria Aparecida, a fazenda Vista Alegre foi dividida entre os 5 filhos. 

Maria Aparecida se aposentou como professora em Bom Jesus do Itabapoana e em Varre-Sai, e mora na área que lhe coube da divisão da fazenda, após a morte de seus pais.

A sede da fazenda ficou, contudo, com a irmã Maria Angélica, nascida no dia 09/04/1952. Ela se aposentou na Escola Municipal Vista Alegre, cujo prédio não existe mais.

Maria Angélica diz que pretende preservar a sede da fazenda. Foi ali que residiram os avós paternos Josefina Rodrigues Rios e José Macário Nunes de Moraes, e onde frequentavam os avós maternos João de Moraes Teixeira e Angélica Rodrigues Valadão. Ali é local onde a história da família se revela de modo mais intenso.

Tanto Maria Aparecida como Maria Angélica dizem que só têm a agradecer a Deus: pelo passado, pelo presente, e pelo futuro que desejam deixar para as novas gerações de sua família.


        A USINA FRANCA AMARAL
 na Barra do Pirapetinga










OBJETOS ANTIGOS DA RESIDÊNCIA DE MARIA APARECIDA MORAES


Objeto para retirar botas





O ANOITECER EM VISTA ALEGRE



                                            O anoitecer em Vista Alegre, zona rural de Rosal


A FAZENDA VISTA ALEGRE



                                        Sede da Fazenda Vista Alegre está preservada


                                                                         Porão da fazenda


                                            Móveis raros guarnecem a sede da fazenda


A CAPELA DE VISTA ALEGRE



                   Capela de Nossa Senhora Aparecida, construída sobre o cemitério de escravos




                                                Júlio Macário e a filha Daniela, na capela, em 2013


José Macário Nunes Moraes e Dona Juca (Josefina Rodrigue Rios) construíram a capela, no século XIX




O CEMITÉRIO DE ESCRAVOS EM VISTA ALEGRE


                                             Cemitério de Escravos localizado ao lado da capela

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