Lucília Stanzani
Natural de Bom Jesus do Itabapoana, Noroeste Fluminense, Badger Teixeira da Silveira, nasceu em 10 de março de 1916, faleceu em 09 de maio de 1999, era filho de Boanerges Borges da Silveira e de Maria do Carmo Teixeira da Silveira, a Biluca. Atuou intensamente na vida política, assim como dois de seus irmãos, José Silveira, como deputado federal pelo Paraná de 1959 a 1963, e Roberto Silveira, como governador do estado do Rio de Janeiro de 1959 a 1961.
Boanerges Borges da Silveira, a esposa Maria do Carmo Silveira, a Biluca, e os filhos Badger, Dinah, José e Roberto. Foto de 1925 (do livro ROBERTO SILVEIRA, A PEDRA E O FOGO, de José Sérgio Rocha) |
Casou-se com a resendense Renée Braile Ferraiolo da Silveira, na capela de Nossa Senhora do Rosário e o celebrante do casamento foi Monsenhor José Sandrup. O casal teve oito filhos, José Roberto, Ana Maria, Maria Luiza e José Luís (gêmeos), Maria Cristina, Badger, José Fernando e Maria Tereza.
Fez o primário em sua cidade natal, Bom Jesus do Itabapoana, cidade em que nasceu e viveu sua infância, onde alcançou o 1º. lugar no Colégio Rio Branco em 1933, atual Espaço Cultural Luciano Bastos. Cursou o secundário em Niterói, tornou-se Advogado e foi eleito presidente do Centro Acadêmico Evaristo da Veiga, concluindo o curso em dezembro de 1941. Lecionou história nos colégios Plínio Leite e Nossa Senhora das Mercês, em Niterói.
Badger foi um dos fundadores do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) no Rio de Janeiro, foi delegado de polícia e vereador em mandatos sucessivos de 1940 a 1954 e presidente da Câmara em 1951, na legenda do PTB, em Resende (RJ), onde se radicou. Com a ascensão de Roberto Silveira ao governo do estado em janeiro de 1959, Badger foi secretário de Educação, secretário sem pasta, diretor da Fundação Anchieta, diretor da Empresa Fluminense de Energia Elétrica e ministro do Tribunal de Contas do estado do Rio de Janeiro, e teve participação ativa na campanha nacionalista pró criação da Petrobras.
Em sua campanha eleitoral, Badger Silveira defendeu a implantação das chamadas reformas de base, principal bandeira política adotada pelo presidente Goulart, apresentando um plano estadual de eletrificação que visava eliminar o déficit existente e previsto de energia elétrica. Esse plano, por sua vez, subordinava-se a uma planificação de desenvolvimento baseada em três pontos primordiais: industrialização, educação e reforma agrária. Badger criticou também a improvisação administrativa que levava à aplicação de políticas contraditórias e ociosas quanto aos recursos financeiros do estado, tendo recebido um manifesto de apoio assinado por cerca de quinhentos estudantes — inclusive pelo presidente da União Fluminense dos Estudantes, José Carlos de Almeida — afirmando que contribuiriam a seu lado para a concretização do projeto do PTB.
Com um número inédito de candidatos concorrendo ao governo do estado do Rio de Janeiro, Badger Silveira saiu vitorioso no pleito de outubro de 1962, através da coligação formada pelo PTB e o Partido Democrata Cristão (PDC), com 260.841 votos, derrotando seu principal adversário, Tenório Cavalcanti, que concorrera na coligação composta pelo Partido Social Trabalhista (PST) e o Partido Trabalhista Nacional (PTN) e obtivera 224.734 votos.
No período em que foi vereador em Resende, nos festejos de aniversário da cidade, Resende recebeu com grande manifestação popular a visita do Presidente da República Getúlio Vargas e do Governador do Estado Almirante Hernani do Amaral Peixoto. Na ocasião a Câmara Municipal conferiu aos dois o titulo de Cidadão Resendense, no diploma do então presidente da República podia-se ler:
“Diploma de Cidadão Resendense”
Conferido ao Senhor Getúlio Dornelles Vargas. O Município de Resende, por seus Órgãos de Administração, o Poder Legislativo e o Poder Executivo, sob o consenso unânime dos membros que o compõem, houve por bem, conforme lei n. 189 de 20 de julho de 1951 e sancionada em 30 do referido mês, conferir ao Cidadão Getúlio Dornelles Vargas, natural de São Borja, Rio Grande do Sul, onde nasceu em 19 de abril de 1883, o título de “Cidadão Resendense Meriti Causa” – Resende 29 de Setembro de 1951 – Badger Teixeira da Silveira, Presidente da Câmara Municipal de Resende – João Maurício de Macedo Costa – Prefeito Municipal de Resende.
Com a morte de Roberto Silveira em acidente aéreo, no dia 20 de fevereiro de 1961, Badger teve seu nome lançado pelo PTB para concorrer ao governo do estado no pleito previsto para outubro de 1962. Eleito governador do estado do Rio nas eleições de 1962, empossado em 1963 e deposto pelo golpe militar de 1964, teve seus direitos políticos cassados por dez anos com base o Ato Inconstitucional-1, mesmo havendo negado qualquer envolvimento com movimentos subversivos e reafirmando sua fé católica, nas suas últimas tentativas de se manter no poder.
Empossado em 31 de janeiro de 1963, encontrou os cofres públicos com um déficit orçamentário de 26 bilhões de cruzeiros antigos. Ao final do mesmo ano, anunciaria a redução do déficit para dois bilhões de cruzeiros antigos, o que se conseguiu graças ao crédito de diversas agências financeiras. Em agosto de 1963 foram criadas as Centrais Elétricas Fluminenses (Celf), concebidas no governo de Roberto Silveira, com o intuito de centralizar sob uma única administração o fornecimento de energia das quatro subsidiárias estaduais.
Em janeiro de 1964, Badger reuniu-se com o ministro da Educação e Cultura, Júlio Sambaqui, para tratar da campanha nacional de alfabetização implementada por esse ministério. Acompanhado do professor Paulo Freire, que fez uma exposição sobre seu método de ensino, o governador debateu a implantação do Plano Piloto de Alfabetização, em presença da secretária de Educação, Clésia Diniz, e do técnico do setor no estado.
No dia 1º de maio de 1964, a Assembléia Legislativa fluminense votou o impedimento do governador Badger da Silveira e do vice-governador João Batista da Costa por considerá-los comprometidos com o governo deposto. Em 3 de maio, após aprovação pela Assembleia estadual da reforma do regimento interno e da emenda constitucional, o general Paulo Torres e o deputado Simão Mansur, líder da oposição durante o governo Badger da Silveira, foram eleitos respectivamente governador e vice-governador do estado do Rio, eleição por via indireta.
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Cintia de Oliveira Nunes dos Santos, Diretora do Memorial Governadores Roberto e Badger Silveira, lendo seu discurso, ladeada por filhos, parentes e amigos de Badger Silveira e Roberto Silveira |
Em 07 de agosto de 2016, foi inaugurado o Memorial Governadores Roberto e Badger Silveira, mais uma realização para que o nome desse ilustre político fique definitivamente gravado na memória de Bom Jesus do Itabapoana.
Na oportunidade, estiveram presentes:
Badger Teixeira da Silveira Filho, Cristina Silveira e José Ferraiolo Silveira, filhos de Badger Silveira e Renée Ferraiolo Silveira, Luana Silveira Teixeira,neta de Badger Silveira, Marilu Silveira Bueno, filha de Dinah Silveira, irmã de Roberto, Badger e Zequinha Silveira, Wilma Teixeira Martins Coutinho, que trabalhou nos Gabinetes dos Governadores Roberto e Badger Silveira, e que sempre apoiou o Memorial, Sandra das Graças Monteiro e Maria Lúcia Rutter Mattos, amigas da família de Badger Silveira, Maurício Alcântara Guimarães, cinematografista Oficial dos Governos Roberto e Badger Silveira, e sua digna esposa Sandra Maria Araújo da Fonseca,
Luitgarde Cavalcante, Doutora em Ciências Sociais e Pós-Doutorada em Antropologia e Ciência das Letras, professora aposentada da UFRJ e UERJ, Ismélia Saad Silveira, viúva de Roberto Silveira, grande apoiadora do Memorial, sua filha Dora Saad Silveira e sua irmã Mariam Saad Salma.
Grande Encontro da Silveirada ocorreu no Memorial Governadores Roberto e Badger Silveira, no dia 18/08/2019 |
No dia 17 de agosto de 2019, foi lançado pela Editora O Norte Fluminense, por ocasião da Festa de Agosto, na Tenda Cultural, o livro "GOVERNAR EM TEMPOS DIFÍCEIS.1964. MEMÓRIAS DE BADGER SILVEIRA", com textos datilografados pelo ex-governador Badger Silveira, e introdução da consagrada historiadora Andreia Telo da Corte, e a obra "VIDAS E HISTÓRIA, Crônicas de Família", de Ana Maria Silveira, filha do ex-governador.
Ana Maria Silveira autógrafos os livros, ladeada por seu irmão Badger Silveira, Wilma Martins Teixeira Coutinho e Lilia Willian |
A Silveirada no lançamento dos livros |
A atualidade dos escritos de Badger surpreende. Ele relata, por exemplo, na página 47, "a campanha de desmoralização contra mim, publicando diálogos que nunca travei... porque eu não usei a verba de publicidade do governo nos jornais".
Na página 48, Badger assinalou outro episódio em que um coronel exigiu sua renúncia: " - O senhor deve renunciar!... - Coronel... esta mão jamais assinará a renúncia. A renúncia é uma fraqueza e a confissão do que eu não fiz. Eu não renuncio em hipótese alguma".
Badger Teixeira da Silveira vive!
As informações aqui contidas são fruto de pesquisas sobre a história política de Badger Teixeira da Silveira, em materiais disponíveis na internet em especial os citados abaixo, arquivos históricos e entrevistas do ‘Jornal O Norte Fluminese’ a familiares e cidadãos bonjesuenses.
Figura impar que jamais esqueceremos! Carater ,
ResponderExcluirDeterminação e altivez!🙏❤🌷 ficou a saudade.
Pai querido, foi um privilégio conviver com você! Sempre alegre, brincalhão e sério nos momentos de tensão politica, a defender e exigir respeito aos cidadãos fluminenses, arriscando a própria vida! Obrigada, amado pai!
ResponderExcluirEstamos passando por uma pandemia. Seu exemplo de serenidade diante das dificuldades tem sido fundamental para atravessarmos esses momentos inéditos e difíceis.
Um beijo grande e um sorriso de esperança...
Pessoa que muito amei e respeitei como amigo e conselheiro, sinto enorme falta, me ajudou a superar momentos de grandes instabilidades na minha adolescência principalmente, estará sempre presente em minhas recordações mais gratas.
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