sábado, 11 de outubro de 2025

A Eternidade de Elcio Xavier: Entre Véus e Rosas

 De um canto sereno do interior fluminense, pode emergir uma voz que fala ao coração do mundo


Bom Jesus do Itabapoana tem do que se orgulhar.

Seu filho, Elcio Xavier, é considerado um dos grandes poetas do país, reconhecimento que enche de brio o coração bonjesuense e confirma a força da palavra que nasce de nossa terra.

Esse prestígio não se deve apenas à admiração dos leitores, mas ao olhar atento e generoso de três grandes nomes da literatura brasileira que se debruçaram sobre sua obra: Adonias Filho, membro da Academia Brasileira de Letras e crítico literário da terceira fase do modernismo; Lúcio Cardoso, escritor e poeta de alma introspectiva; e Edgar Pereira Coelho, mestre em Filosofia e estudioso da poesia brasileira.

 As vozes da crítica

Ao analisar o livro O Véu da Manhã, Adonias Filho afirmou que “Elcio Xavier é um poeta à margem das escolas e dos grupos. Isolado, porém, sua personalidade flagrantemente poderosa nesse livro de estreia o torna um poeta que exige atenção.”

Adonias reconheceu nele uma força autêntica, “uma emoção criadora que se irradia”, e destacou que, em sua poesia, o simples se eleva à condição de descoberta humana.

Já Lúcio Cardoso escreveu palavras de encantamento:

“O título O Véu da Manhã me parece extraordinariamente feliz, por sintetizar toda a força de véus que se descerram ante o ímpeto da descoberta e a aparição da luz.”

Para ele, Elcio Xavier é desses poetas raros que surgem como “intérpretes do sofrimento e da beleza”, capazes de dar forma à alma humana através da linguagem.

Décadas depois, Edgar Pereira Coelho, em ensaio de 2021, incluiu Elcio Xavier entre os poetas neossimbolistas brasileiros da Geração de 45, analisando as obras O Véu da Manhã e Rosaquarium.

Segundo ele, Elcio “pratica uma poética fortemente matizada de tendências simbolistas, com imagens etéreas e uma aura enigmática”, compondo versos em que “a natureza e a alma se fundem numa música delicada e misteriosa”.

O poeta e o seu canto

Elcio Xavier estreou nos anos 1950, conquistando o público e a crítica. Seu lirismo nasce do encontro entre o humano e o sagrado, entre a dor e a descoberta, entre a argila e a luz.

Nos versos que atravessam o tempo, ele molda sentimentos como quem molda o barro, com ternura e precisão.

Filho de Bom Jesus do Itabapoana, Elcio foi também coroinha do Padre Antônio Francisco de Mello, açoriano e poeta, outro nome que deixou marcas profundas na história literária e espiritual do município.

Hoje, novos poetas bonjesuenses seguem esse caminho de beleza e palavra, como demonstra a fundação da ABIJAL, Academia Bonjesuense Infantojuvenil de Artes e Letras, onde o futuro é gestado com poesia, esperança e amor à cultura.

 Um legado que floresce

Ler o que personalidades da literatura nacional escreveram sobre Elcio Xavier, o “Príncipe dos Poetas”, é reviver a certeza de que a poesia não conhece fronteiras, apenas raízes.

E que, de um canto sereno do interior fluminense, pode emergir uma voz que fala ao coração do mundo.













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