segunda-feira, 27 de outubro de 2025

O Fascismo da Virtude: à Direita e à Esquerda


Influenciadora Aline Bardy Dutra Reprodução/Instagram

Segundo noticiam os jornais, a influenciadora Aline Bardy Dutra, conhecida nas redes como Esquerdogata, foi presa em Ribeirão Preto, acusada de injúria racial contra policiais militares.

As imagens que circularam na internet mostram uma cena que, à primeira vista, parece apenas mais um confronto entre autoridade e cidadão. No entanto, há nela um símbolo do tempo em que vivemos.

Enquanto grava a abordagem policial, a mulher ergue o celular como se fosse um cetro, o emblema moderno do poder. Pergunta quantos seguidores os policiais têm, ostenta o número de um milhão e os chama de fascistinhas. Ocorre que os policiais também realizam a filmagem, como prova da correção da ação.

Logo em seguida, a influenciadora é algemada, colocada no camburão e levada à delegacia. Autuada por desacato, resistência e preconceito, foi libertada após audiência de custódia.

Mais tarde, em nota, o advogado afirmou que ela se sente constrangida, quer pedir desculpas e reconhece os excessos. E a história segue seu curso, mas não sem deixar marcas.

Vivemos um tempo em que o número de seguidores é confundido com o peso da verdade, e a popularidade com poder.

A figura do influencer, esse personagem da era digital, acredita, por vezes, poder moldar o mundo pela força do próprio reflexo. A câmera vira espelho, e o espelho se transforma em trono.

Mas há uma fronteira que a vaidade não enxerga: a do respeito.

E a realidade, sempre irônica, insiste em desafiar as teorias.

Neste caso, não foi a instituição militar o alvo mais ferido, e sim a própria imagem da influenciadora.

Diante da câmera, ela se viu refletida, e o reflexo revelou um paradoxo.

Em nome de uma história de luta por igualdade, respeito humano e social, cometeu o mesmo tipo de ofensa que dizia combater.

A própria influenciadora afirmou que os policiais militares não possuem consciência de classe. Foram suas palavras:

“Você não tem consciência de classe, você não tem o direito de me prender.

"Minha sandália vale o carro de vocês"

'Vai tomar no seu ... "

"Você não tem ensino superior completo"

"Você nasceu no Quintino?"

No calor da autoconfiança digital, profetiza:

 “Isso vai me fazer deputada federal, você sabia disso, né?” "Militante presa vai virar deputada federal.”

O episódio escancara uma verdade incômoda: se existe um fascismo de direita, há também um fascismo de esquerda, aquele que, travestido de justiça, recorre à mesma intolerância, à mesma soberba, ao mesmo impulso de humilhar.

Ambos brotam da mesma semente: a incapacidade de reconhecer o outro como igual.

A verdadeira disputa do nosso tempo não está entre direita e esquerda, nem entre fascistas e antifascistas autoproclamados.

Está entre os que, diariamente, agem com autoritarismo sob a máscara da virtude, e os que querem uma transformação verdadeira da sociedade, e que constroem essa mudança especialmente com a vida que levam: uma vida com simplicidade, sem precisar de palcos ou curtidas, apenas buscando ser inteiramente o que são.

O espelho, afinal, nunca mente.

Ele apenas devolve o que está diante dele.


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