No silêncio de um salão preparado para acolher, o barro repousa, úmido e maleável, esperando as mãos que sabem transformá-lo. É 17 de outubro, e no Retiro de Casais, na Primeira Igreja Batista de Rio das Ostras, fundada em 1968, como um gesto de fé que atravessa gerações, a história continua a ser moldada.
As mãos do mestre artesão Daniel de Lima, acostumadas ao diálogo silencioso com a argila, deslizam com a suavidade de quem há mais de trinta anos conversa com o barro. Ali, sob o sopro da música instrumental, cada curva do vaso que nasce é também uma metáfora: o amor é matéria bruta, mas, sob o cuidado, torna-se forma, beleza, morada.
Casais se unirão em silêncio diante da cena, contemplando mais do que um ofício: veem-se refletidos na obra, lembrando que relacionamentos também precisam da paciência da modelagem, do carinho que sustenta, da força que dá forma sem quebrar.
O barro e a vida, lado a lado, ensinam que a fragilidade pode ser o ponto de partida para o milagre da resistência. E assim, sob a palavra e a arte, cada coração é convidado a recordar que Deus, como artesão, cuida, ampara e molda, para que o amor conjugal seja vaso firme, mas sempre aberto para receber a água viva.
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