.
![]() |
| Bob Dylan: uma das maiores lendas do rock e um dos mais influentes compositores da história |
“Knockin’ on Heaven’s Door” é uma das músicas que não se ouvem apenas, acontecem dentro da gente.
Bob Dylan escreveu versos simples, mas que atravessaram décadas como prece e despedida. Um xerife ferido, à beira da morte, pede que lhe retirem o distintivo e as armas.
Não há mais batalhas a travar, nem leis a impor.
Há apenas o silêncio e a porta do céu à frente, aquela fronteira entre o que fomos e o que deixamos de ser.
Nesse gesto de rendição há mais coragem que derrota.
Renunciar às armas é admitir que o poder não nos salva, e que a verdadeira paz não se conquista: se alcança, em entrega.
Dylan transformou a morte em metáfora.
Falou do fim com a serenidade de quem sabe que o viver também é um lento bater, discreto, paciente, à porta de algo maior.
Por isso a canção se tornou hino: não sobre morrer, mas sobre aceitar.
Aceitar a passagem, o cansaço, o silêncio, o inevitável.
E cada vez que o refrão se repete,
“Knock, knock, knockin’ on heaven’s door…”,
é como se cada um de nós também batesse, de leve, com esperança, pedindo entrada não apenas no céu, mas em um instante de paz que caiba aqui, dentro do peito, ainda em vida.
Porque, no fundo, todos nós caminhamos com um distintivo que um dia será posto de lado. E quando esse momento chegar, que possamos sorrir, desarmados, e dizer como Dylan ensinou:
“Estou apenas batendo na porta do céu.”

Nenhum comentário:
Postar um comentário