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| Adson do Amaral |
Às vésperas de completar 93 anos, o escritor e poeta Adson do Amaral, autor de doze livros e de uma vida inteira dedicada à palavra, residente em Vitória, ES, envia ao Jornal O Norte Fluminense o que chama, com modéstia e ternura, de “meu último poema”. Em sua mensagem ao editor, escreveu:
“Estou enviando o meu último poema, às vésperas de comemorar 93 anos; se o achar conforme, peço a Vossa Excelência publicá-lo no excelente Jornal O Norte Fluminense. Abraços. Gentileza acusar recebimento. Seu admirador.”
O pedido, singelo e afetuoso, revela a elegância de um autor que, mesmo após quase um século de vida, conserva o brilho sereno da juventude espiritual.
Mas o que se pode dizer de Adson do Amaral, aos 92 anos, agora 93, autor da festejada obra Tributo a Brasília e de tantos outros títulos que enriquecem a literatura brasileira? Talvez que sua poesia seja o reflexo mais puro de uma alma que aprendeu a dialogar com o tempo e a transcendê-lo.
Seu novo poema, intitulado “ALMO”, chega como uma oferenda ao sol da vida e à eternidade da arte. Escrito em versos soltos decassílabos heróicos, sáficos e “adisoninos”, uma marca pessoal de seu estilo, o texto evoca as tradições clássicas de Tomás Antônio Gonzaga, em Cartas Chilenas, e de Olavo Bilac, que também celebraram o idioma e a pátria com fervor e métrica.
Nos primeiros versos, Adson invoca a luz primordial com a força de quem ainda vê beleza no amanhecer:
O ALMO SOL BRASILEIRO!
“Ama com fé e orgulho, a terra em que nasceste!”, (Olavo Bilac, em A Pátria)
O SOL ALMO que a vida impulsiona
Em longínquas regiões insinua-se,
Vencendo trevas abissais das fossas
Do infinito entre pedaços de imagens
Geométricas, rútilas ou noturnas,
Que rolam entre colossos siderais
Arcada celeste além aos milhões
Em pelágios fossos do mar sem fim,
Negror do espaço/tempo... infinitos,
Evocando os guerreiros do deus Rá.
Todo o seu grande poema, que será publicado integralmente na edição de novembro do jornal, é uma verdadeira sagração da existência, onde o sol é mais que astro: é símbolo da persistência humana, metáfora da criação e centelha divina que move o verso.
Neste aniversário, celebramos não apenas a idade, mas o renascimento poético de Adson do Amaral, que segue transformando o tempo em arte e a vida em memória.
Que Deus continue o abençoando com os sonhos de poesias, e as poesias de sonhos, que sempre o acompanharam. Que venham novos anos, novas páginas, novos versos, junto à sua digna família, que é seu orgulho e o reflexo da serenidade que construiu com amor e sabedoria.
Parabéns, Adson do Amaral, o poeta que fez do sol o seu espelho.





