sábado, 13 de fevereiro de 2016

O BONJESUENSE QEU VOOU AO PÍNCARO DA GLÓRIA (2a parte)




Da Série Entrevistas de O Norte Fluminense


O BONJESUENSE QUE VOOU AO PÍNCARO DA GLÓRIA (2ª. parte)

Entrevista histórica com o  Tenente-Brigadeiro SÉRGIO XAVIER FEROLLA (página...)



 Ten-Brigadeiro Sérgio Xavier Ferolla




      O Norte FluminenseOnde e quando nasceu? Fale dos seus pais, avós e bisavós; onde nasceram e de onde vieram?



     Sou natural de Bom Jesus, onde nasci em janeiro de 1934. Meus avós paternos, Luiz e Maria Ferolla, vieram da Itália no final do Século XIX, como integrantes da grande imigração estimulada pelo governo brasileiro para receber mão de obra eficiente e qualificada, tão necessária para a agricultura e o setor produtivo. 

Meu pai, Domingos Ferolla, formado em Ciências Contábeis, dedicou-se à produção e ao comércio do café, num período em que nossa cidade foi líder nessa cultura e posterior preparação dos selecionados grãos para consumo e exportação. 

Dentre seus muitos irmãos destacaria, para fins históricos, o Dr. Cezar Ferolla, médico que, como Deputado Estadual, teve importante e decisiva participação na emancipação do nosso município.


 Minha mãe, Lucylia Xavier Ferolla, teve como seus ascendentes, avós e pais, uma estirpe de desbravadores e pioneiros. Migraram para a nossa região logo após  a execução de Joaquim José da Silva Xavier, o grande líder da Inconfidência Mineira. Na ocasião, aos lacaios da nobreza portuguesa cabia exterminar todos os familiares de Tiradentes. Como empresários e comerciantes de sucesso em Vila Rica, atual Ouro Preto, aplicaram seus recursos e experiência no Vale do Itabapoana.

 Carlos Xavier, o pai da minha avó Baldina, adquiriu uma grande área na margem esquerda do rio, onde instalou a sede da sua fazenda, que acabou dando origem à irmã Bom Jesus do Norte. 

Meu primo Elcio Xavier redigiu meticuloso trabalho no qual realça a saga dessa gente corajosa e empreendedora, mostrando que a Carlos Xavier, com recursos próprios, coube a construção da primeira ponte de madeira interligando as duas comunidades. Recorda, também, que nosso avô Samuel, primo de Baldina, foi com o pai para região de Santo Eduardo e mais tarde, em Bom Jesus, tornou-se destacado empresário na exploração e industrialização das toras de madeira extraídas nas imediações do município. 


     O Norte Fluminense: Fale sobre seus irmãos e sobre os colégios onde estudaram. Fale, enfim, sobre sua família.



     Eu e meus três irmãos, Benito, Guido e Dirceu, cursamos o Ginasial, atual fundamental, no inesquecível Colégio Rio Branco. Para prosseguir nos estudos  tivemos de buscar o Científico, atual nível médio, em outras escolas. Tal decisão acabou orientando, muito cedo, a minha carreira profissional quando, com quinze anos e cursando o Liceu de Humanidades de Campos, tomei conhecimento do primeiro concurso para a Escola Preparatória de Cadetes da Aeronáutica. 


     Meus irmãos seguiram caminhos semelhantes, com o Benito e o Dirceu ingressando no Exército para cursar a Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende, e o Guido na Escola Naval da Marinha de Guerra, no Rio de Janeiro. Posteriormente, já como Oficiais, optaram pela vida civil, com os dois primeiros na advocacia e o Guido na engenharia. O Dr. Benito se aposentou como Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Rio, o Guido é Doutor (PhD) na carreira acadêmica e o Dirceu empresário.



     O Norte Fluminense: Como foi seu ingresso na Aeronáutica?



     Tendo obtido bom resultado nas provas para a Escola Preparatória de Cadetes, fui matriculado no curso de formação de Oficial Aviador a partir de janeiro de 1950. Como Tenente e Capitão, entre 1956 e 1963, fui piloto operacional no Primeiro Grupo de Aviação de Caça, a heroica Unidade de combate que se destacou nos céus italianos durante a Segunda Guerra Mundial. Meus contemporâneos devem se recordar da Festa de Agosto em  1960 quando, com 4 jatos Gloster Meteor sob meu comando, a Força Aérea prestou inédita homenagem à cidade com passagens a baixa altura em alta velocidade. Por participar ativamente na logística daqueles modernos aviões, os primeiros jatos a operarem no Brasil, tomei a decisão de ampliar meus conhecimentos técnicos. Em 1963 ingressei no famoso Instituto Tecnológico da Aeronáutica, onde me graduei em engenharia eletrônica em 1967. Como aviador e engenheiro atuei no setor de ciência e tecnologia no Centro Técnico Aeroespacial, localizado em São Jose dos Campos, São Paulo. No fértil período dos anos 70 a Aeronáutica liderou o surgimento de várias empresas estratégicas, criou a EMBRAER e desenvolveu a técnica dos motores a etanol em seus laboratórios, conquista coroada com a implantação do PROALCOOL.



(contnua)

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