Tradições do Natal Açoriano

A partir de publicação do Governo dos Açores numa página de cultura do Jornal Açoriano Oriental, de 23/12/2012, Sílvia Fonseca e Sousa do Museu Carlos Machado de Ponta Delgada, Ilha de São Miguel – Açores, descreveu algumas tradições natalinas açorianas. Algumas dessas tradições também são preservadas aqui no Brasil; outras, poderíamos absorver e retomá-las.
O Natal é a celebração do Nascimento de Jesus em Belém e assinala um ritual secular da Cultura cristã, onde a paz e a solidariedade imperam. É também a festa da Família, tempo consagrado ao espírito de união e amizade. Os preparativos e as vivências inerentes à quadra natalícia revestem-se de intensa simbologia. Cabe-nos aqui referir algumas das tradições do Natal açoriano, em particular da Ilha de São Miguel, muitas das quais ainda subsistem. No início do Advento, com as Novenas do Menino Jesus começa a preparação espiritual para as celebrações religiosas. Estas orações constituem um eco anunciador da festa da Família, que irmana todos no mesmo espírito de fé. De 16 a 24 de dezembro realiza-se também a Novena de Natal, que no passado decorria na igreja, de manhã bem cedo. Armar o presépio, ou lapinha, é outra tradição fortemente enraizada no povo açoriano. Objeto de entusiasmo e admiração, especialmente dos mais pequenos. Em alternativa ao presépio, é costume montar o altarzinho do Menino Jesus, que se dispõe sobre acómodado quarto principal da casa, ou numa mesa encostada à parede. Entre o dia de Santa Bárbara e o da Imaculada Conceição, ou então no dia de Santa Luzia, coloca-se agrelar em tigelas e pratinhos, ervilhaca, trigo, milho, tremoço e alpista para, juntamente com laranjas e tangerinas, enfeitar o presépio ou o altar do Menino Jesus. No passado, nas casas de piso térreo ou de pedra, ramos de criptoméria ou pinheiro, picados e depositados no chão, emanavam um aroma festivo, complementado por outras verduras dispostas pela casa, como cedro ou incenso. A nível decorativo, ainda hoje na época de Natal são utilizadas em muitas casas açorianas, camélias, estrelícias e outras flores da época. Relativamente à árvore de Natal, costume de origem pagã que foi assimilado pela nossa cultura, tornou-se também uma tradição desta quadra, sendo no passado enfeitada, entre outros elementos decorativos, como postais de boas festas que vinham das terras de emigração açoriana. No Natal a mesa é mais abastada. Nos meios rurais, próximo de dia de São Tomé, 21 de dezembro, era costume matar o porco, tradição fortemente enraizada que constituía uma fartura para a casa. As melhores galinhas e os capões eram também guardados para a consoada e para o dia de festa. Em relação à doçaria popular era costume servir sobre uma alva toalha algumas, ou todas, as seguintes iguarias: pão de milho e pão de trigo feitos para a festa, figos passados, massa sovada, alfarrobas, arroz doce, suspiros, laranjas e tangerinas e os gulosos biscoitos de amoníaco e de bicarbonato. Não faltavam também os licores caseiros, (nos Açores manda a tradição preparar licores, de leite e de tangerina, para oferecer na véspera de Natal a quem vai de casa em casa e pergunta: “O Menino Jesus mija?” Os licores são servidos na companhia dos doces natalícios próprios de cada ilha) ou mijinha do Menino, feitos com antecedência para a quadra festiva, em infusões de amora, cascas de laranja, tangerina e limão, entre outras. Todas essas iguarias eram saboreadas durante as visitas da festa, feitas entre família e amigos que, como agora, percorriam as casas uns dos outros para conviverem, admirarem o presépio e tomarem uma mijinha do Menino.Hoje, como no passado, na noite de Natal os sinos chamam os fiéis para a missa do galo. Na igreja plena de luz, todos cantam Glória, nasceu Jesus.No final realiza-se a tradicional cerimónia de beijar o Menino. É altura de prestar homenagem, através do ósculo, num preito de amor e gratidão para como Filho de Deus feito Homem. É tempo de reencontrar a ternura do Menino Jesus.
Do http://jornalbonsventos.com.br/tradicoes-do-natal-acoriano/
Veja também em
http://www.agencia.ecclesia.pt/noticias/nacional/angra-mijinhas-do-menino-e-presepios-sao-sinonimo-de-espirito-de-natal/
Enviado por Antonio Soares Borges