Joel Boechat |
Estou com 88 picolés e meio, sou viúvo, engenheiro dos Lucros e Perdas, dos débitos e créditos, dos montes de cheques para assinar...
Hoje, no silêncio do meu quarto, minha fiel e doce companheira é a poesia...
Não uso óculos, portanto não preciso descer e subir 17 degraus que separam meu aposento da sala...
Não ouço vozes tergiversando,
discutindo, preparando meu novo lar .
Meu menino mais novo faz comigo, hoje, o que fiz com ele, quando criança...
Me leva para passear
Outros tão longe de mim, muito atarefados, não encontram um tempo para dizer "oi"...
Ainda não estou naufragando, porque tenho um montão de amigos me apoiando e, sei lá,
se alguns suportando...
A todos os filhos desejo mais de 90 anos, sem discussões
sem disputas, sem noites de
pensar nas lutas para cuidar do biruta
Tudo, no, por enquanto, da Vida
é fantasia...
Vou relembrar umas bobagens que escrevi.
Ciranda cirandinha...
vamos com o tempo brincar ...
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Joel Boechat -Devaneios
Na casa de repouso para
idosos
O vento que soprou lá,
também
Ja soprou aqui...
O tempo deu um tempo ao
vento
Foi tudo o que eu entendi...
Covarde, o tempo é um
Covarde
É triste a realidade
Estou esquecido aqui...
Covarde é triste a
Realidade
Quando sinto saudade
Imensa saudade de ti...
Às vezes fico pensando
O que eu estou fazendo
Aqui?
Já tive fortuna e sorte
Tomara que a sorte me
Dê sorte
E que eu tenha uma boa
Morte
Só assim saio daqui...
Eu estava ficando um
Chato
Velho, fora da realidade
Muitas vezes esquecido...
Com o Coração moído
É dolorosa a verdade...
Reunião na família?
Ou amigos...
Ninguém me dava mais
Atenção
Ja fui muito querido
Tiro agora a privacidade
De quem está em tenra
Linda idade...
Me colocaram aqui...
Ciranda, cirandinha...
Levava, os filhos às
Manhãs para escola
Brincar no parquinho
Com eles jogava bola
Sempre arranjava um
Tempinho...
A bola agora está...
Murcha e furada...
Roda o pião, velho
Chato
Segura direito a feira
Ninguém curte o teu
Barato
Pula-pula, cirandinha
Brincar de esconde,
Esconde... Quem
Chegar em primeiro
Lugar
Casa com a filha do
Conde...
Ninguém escuta
Seu pranto
O almoço... Tá na hora...
Fica quietinho no canto
O tempo do jovem
É agora
Tem o mundo em suas
Mãos
Não jogue seu tempo
Fora.
Já tive do tempo, doce
Acalanto
Vamos todos cirandar
Vamos dar a meia
Volta
Para nas cirandas da
Vida
Volta e meia a gente
Dar...
A tua infância querida
Vale a pena recordar
Tome o elixir da vida
A vida tem um jargão
Cuida do teu coração
Terás a vida comprida
Bate forte o coração
Se não batesse tão
Forte
Seria o prelúdio da
Morte
Nunca serás ancião
Seja sempre um bom
Pai
Um bom filho e amigo
Presta atenção no que
Com experiência digo
Vou despedir-me de ti...
Troquemos um abraço
Forte
Deus que te dê boa sorte
Um dia...também
Tu vais ficar por aqui...
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