Em 1886, um incidente quase provocou o fim do Quilombo das Camélias do Leblon, administrado pelo abolicionista português José Seixas Magalhães, e protegido pela Princesa Isabel e por Pedro II
Um grupo de abolicionistas amigos de Seixas, decidiram comemorar seu aniversário no quilombo com um grito imprudente:
"Vivam os escravos fugidos!"
Alarmando os vizinhos, o temido chefe de polícia João Coelho Bastos foi chamado para investigar.
Era conhecido na imprensa da época pela brutalidade com que tratava prisioneiros e escravos fugidos, ganhou o apelido de “rapa-coco” porque mandava raspar a cabeça dos Escravos fugidos e bandidos presos pela polícia.
Temendo sua prisão, Seixas e outros abolicionistas fugiram para a casa da Princesa Isabel em Laranjeiras.
A princesa ouviu-o com interesse e tranquilizou-o que falaria ao Imperador. Realmente a autoridade não devassou os rosais do Leblon.
O incidente morreu num dialogo risonho. Foi em São Cristóvão.
O barão de Cotegipe encontrou D. Pedro II preocupado.
“Que tinha havido no Leblon?”
A presença de Isabel advertiu o presidente do Conselho da natureza da interpelação.
Explicou, minucioso:
“Os rapazes abusavam da tolerância do governo dando vivas sediciosos. Ademais, o Seixas asilava negros fugidos e não dissimulava essa cumplicidade.”
Dom Pedro II então perguntou que horas ocorreu o incidente.
“Meia noite, majestade”
“Ah, tão tardei”
E trocando olhares com a filha:
-“Não; tão tarde assim, ninguém ouviu. . . ninguém ouviu...”
Cotegipe sorriu.
Olhou o Imperador, que parecia bem humorado, e a princesa, com o rosto iluminado pela emoção que recalcava; compreendeu; e aprovou, levemente irônico:
“Se Vossa Majestade diz...”
e a polícia acabou não investigando o incidente.
Seixas Magalhães no dia seguinte mandou as suas mais belas camélias para o Paço Isabel em Laranjeiras.
A Princesa apresentou-se em publico com uma daquelas flores a que os jornais da causa, com intenção dúplice, para lisonjeá-la e amofinar o ministério, deram o nome de "Camélias da Abolição".
Fonte: Princesa Isabel. A Redentora. De Pedro Calmon.
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Enviado por Antonio Soares Borges
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