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| Adson do Amaral |
Por Anderson Miranda — Especial para o Tribuna do Brasil
Brasília — Aos 92 anos, o poeta Adison do Amaral continua a surpreender com sua lucidez, vigor e domínio da palavra. Nesta nova composição intitulada “O Almo Sol Brasileiro”, o escritor, filósofo e humanista dá forma àquilo que poucos conseguem expressar: a comunhão entre a fé, a pátria e o divino.
O poema, de estrutura clássica e versos decassílabos heroicos e sáficos — inspirados na tradição de Tomás Antônio Gonzaga e Olavo Bilac — percorre os espaços do cosmos e do coração humano, exaltando o sol como símbolo da vida, da criação e do espírito imortal do Brasil.
O Poeta e o Tempo
Adison do Amaral é daqueles autores que não envelhecem — apenas amadurecem em claridade. Mesmo enfrentando as limitações próprias da idade, ele mantém a chama criativa acesa, escrevendo com a mesma intensidade de quem observa o mundo pela primeira vez.
Sua trajetória, marcada pela fé e pela profunda ligação com as letras, é também um tributo à cultura nacional. Com olhar lírico e patriótico, o poeta se coloca ao lado de gigantes da literatura, sem perder a humildade dos que sabem que a arte é um serviço à alma coletiva.
“Os poetas são imortais porque escrevem o que o tempo não apaga. Adison é um desses raros luminares.”—Anderson Miranda
O Brilho do “Almo Sol”
O poema nasce como um cântico ao Criador e à terra brasileira. Nele, o sol é símbolo da energia divina que vivifica
o mundo, e o Brasil, cenário sagrado dessa manifestação. O autor mistura mitologia egípcia, referências bíblicas e nomes da história nacional em uma sinfonia de imagens que atravessam eras e crenças.
“Deus disse: Haja luz, e houve luz —
E o almo sol abre nossos olhos para
Contemplar o grande país que ainda
Não foi descoberto afetivamente...”
O texto exalta o Brasil como promessa divina, pátria das riquezas naturais e da esperança espiritual do planeta. Ao evocar figuras como Tiradentes,Dom Pedro II, Caxias e Olavo Bilac, o poeta faz um chamamento à consciência nacional — como se a poesia fosse também um ato cívico.
Um Tributo à Língua e à Cultura
Além do fervor patriótico,“O Almo Sol Brasileiro” é uma defesa da pureza da língua portuguesa, tema recorrente nas obras de Adison. O poeta lamenta a invasão de termos estrangeiros e enaltece os grandes mestres da literatura, de Machado de Assis a Euclides da Cunha,Castro Alves, Rui Barbosa e Guimarães Rosa.
Entre as homenagens, o autor dedica versos ao jornalista Anderson Miranda, reconhecendo sua atuação nas letras contemporâneas e seu compromisso com a valorização da cultura brasileira — gesto que emociona e eterniza o vínculo de amizade entre dois homens que compartilham o amor pela palavra e pelo Brasil.
O Alvorecer da Eternidade
No desfecho do poema, o “almo sol” — palavra que significa nutridor, benigno, vital — torna-se metáfora da própria existência humana. Assim como o sol, o poeta alimenta e ilumina os que o cercam. Mesmo diante dabfragilidade física, sua obra é vigor, sua fé é luz e sua vida é poesia.
Adison do Amaral é o testemunho de que a alma brasileira ainda pulsa no coração dos que creem na beleza, na justiça e na esperança. E, enquanto houver poetas como ele, o sol jamais deixará de brilhar sobre o Brasil.
A verdadeira obra
O ALMO SOL BRASILEIRO
Poema em versos decassílabos heroicos e sáficos — metrificado e sem rima
(Inspirado na tradição clássica de Tomás Antônio Gonzaga em “Cartas Chilenas”, 1786.)
“Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste!”
—Olavo Bilac, em “A Pátria”
O SOL ALMO que a vida impulsiona
Em longínquas regiões insinua-se,
Vencendo trevas abissais das fossas
Do infinito entre pedaços de imagens
Geométricas, rútilas ou soturnas,
Que rolam entre colossos siderais
Arcada celeste além aos milhões,
Em pelágicos fossos do mar sem
Fim, negror do espaço/tempo... infinitos,
Evocando os guerreiros do deus Rá
Contra Apófis a serpente monstruosa
Preservando a barca dos milhões de anos
Do seu esplendor a incolumidade,
Que a vida gera, alimenta e governa,
Dada ao povo na fé do Antigo Egito
Em época faraônica prístina.
E o formoso ancípite almo sol na alva
Brancacenta aos poucos delineando-se
Vai do céu na abóbada meio escura
Matinal a anunciar o astro rei.
De repente o disco surge radioso
E explode em luz com todo seu fulgor...
Fende e incendeia nuvens no horizonte,
Que se esbraseiam e escorem quais líquidos
Rubis sobre a verdejante esmeralda
Amazonense, e sua grandiosidade...
Fulge com seu esplendor inefável,
De clarões cobre montes e campinas
E a natureza acorda e abre-se em festa ...
Sobre o Amazonas, que é pulmão do mundo,
E o carro de Apolo aurifulgente
Extasiado pára enamorado;
E sorri em um sorriso de luz
Ao ver as lindas terras brasileiras,
Tinge a maior floresta do planeta
De áureo -verde, amarelo branco, anil
Nas folhas, flores, frutos e perfumes.
É um soneto lírico formoso,
E épico, ambos de prima grandeza.
O ALMO SOL refulgente e glorioso
Inunda penedias escarpadas,
vastas sombrias regiões do mundo,
Campos, montanhas, lagos, oceanos,
De Chevreuil co´ as mil tonalidades;
E de Lineau no “Systema Nature”
Deslumbrado com o poder divino
Das excelsas obras de Suas mãos ...
É DEUS vivificando a natureza.
E O ALMO SOL nos esplendores fecundos
Vida animando na bela natura,
Da casta formosura da mãe terra;
É canto cheio de encantos sinfônicos:
Homens viris e mulheres esbeltas...
Revela tudo o que existe sob o céu,
Que aos nossos olhos brilha e toma forma.
Ó gloriosa visão! Que beldade!
Diante de nós põe o belo BRASIL!
Pois que é maravilha das maravilhas,
De terras ricas, sem igual, ubérrimas.
Como sonhou Dom Bosco do Planalto
“Quando escavarem as minas escondidas [...]”.
Cayce, paranormal americano,
Disse: o Brasil é porvir radioso
Da fé e da paz a grande esperança
Do mundo, depois da grã transição
Atroz da era prevista há dois milênios
No Apocalipse de São João,
Ou que mais de um terço dos habitantes
Maus hão de deixar a face da terra,
A transformá-la no Reino de Deus,
Segundo Chico inda neste século.
Gente!... como é linda a luz divinal
Que arranca as coisas dos véus da noite
Escura, expondo aos olhos da manhã
Os ares que a luz do dia perfuma
E penetram pulmões de nossas vidas;
Clarões em cores por ondas magnéticas
Revelam as belezas do orbe ao cérebro
E o encanto da vida que em toda parte
Surge; o Genesis diz que o próprio ”Deus
Disse: Haja Luz e houve luz e Deus viu
Que a luz [além de formosa] era boa”.
E o almo sol abre nossos olhos para
Contemplar nosso grande país que ainda
Não foi descoberto afetivamente
Pela grã maioria dos brasileiros,
De outras longínquas terras de olhos fixos,
Desmemoriados que aqui nasceram,
Não por acaso, e compromissos têm
Com estas terras tão férteis de vida
E de riquezas incomensuráveis.
Deus meu! ... Esta nação tão desamada
É o grandiosíssimo Brasil! ...
E o Brasil interroga: – Brasileiro,
Sabeis vós que eu sou vossa grande terra,
A “natura” mãe que cria e agasalha,
Alimenta e governa, por Deus criada;
Sem o horror dos vulcões e dos tornados
Das nevascas que assolam outros países.
Com terras ricas, fecundas (três safras!)
Minérios de valor que movem naves
Que sulcam o espaço interestelar;
Eu alimento grande parte do mundo,
Nações amigas de plagas distantes.
Como disse Tiradentes: “Se todos
Quisermos, fazer poderemos deste
Grande País uma grande nação.
Eu Jurei morrer pela independência
Do Brasil, [e] cumpro a minha palavra”.
E em Itororó qual Caxias disse:
“Sigam-me os que forem brasileiros”,
Ato histórico em selo registrando
A bravura de um Chefe, Comandante
De tropas brasileiras posta em alvo,
De uma ponte estreita, à mira inimiga...
Soldado de tal grandeza hoje existe?!
E meus heróis D. Pedro, Deodoro,
Gonçalves Ledo, José Bonifácio,
Imperatriz consorte Leopoldina,
A Redentora Princesa Isabel,
E os heróis particulares, que os tenho,
Posto que são milhares cito alguns
São os meus diletos Apejotistas:
Adalberto Eing, Salles e irmão Backes,
Murilo, Ademir, Leo, Aminadab...
Entre escritores? Machado de Assis
Poeta fundador da Academia
Brasileira de Letras, literária
Coroa Imortal de ilustres patrícios.
Lídima defensora da linguística
As expressões prescrevem genuínas,
A isentar de influências estrangeiras
Que maculam a língua portuguesa
Com expressões estranhas para o povo;
Como, entre algumas, as expressões dúbias:
Com significados deprimentes.
Sim, podemos estudar quaisquer línguas,
Mas não as misturar ao português,
Pois muitos autores a embelezaram.
A Academia é glória da nação:
Euclides, Rui Barbosa, Castro Alves
Bilac, Humberto, Alberto de Oliveira,
Alencar, Humberto, Guimarães Rosa,
— Os meus diletos irmãos escritores:
Viegas, Fagundes, Felipe, Osmar,
Salles. Das belas letras que me encantam:
O jornalista Anderson Miranda,
E outros muitos de penas encantadas.
BRASIL!... Pátria gentil que abriga os povos
Do Mundo, os “brasis “, que nos enriquecem.
Brasil, terras de Cristo Redentor
Com estradas cheias de luz, de sonhos,
Também de esperança e de muito amor!
Nação operosa que crescer quer
Em paz, no amor e na sabedoria,
Na justa fidelidade ao Brasil;
Nossa casa é, devemos receber
Amigo; amizade implica respeito.
Quem assim não age amigo não é,
Quer nos enganar, subtrair bens:
Nossa magna floresta amazônica
De subido valor, — e a juventude,
O bem mais precioso da nação.
O ALMO SOL BRASILEIRO nos revela:
Brasil é o melhor país do mundo
E o maior em riqueza natural.
Disse Olavo Braz Martins Bilac:
“Quem com o seu suor a fecunda e umedece,
Vê pago o seu esforço, e é feliz, e enriquece,
Criança! Não verás nenhum pais como este,
"IMITA NA GRANDEZA A TERRA EM QUE NASCESTE!”
Nota Final
O poema “O Almo Sol Brasileiro” é um hino de amor à pátria e à criação divina, em que Adison do Amaral, com a lucidez e vigor de seus 92 anos, demonstra que os verdadeiros poetas não envelhecem — apenas amadurecem em sabedoria e luz. Sua pena, mesmo trêmula, escreve com o coração aceso pela fé, pela arte e pelo Brasil.
Palavras de Anderson Miranda:
“Momentos como este nos lembram que a história não se faz apenas com grandes feitos, mas também com gestos simples, com olhares sinceros e com o reconhecimento entre almas que compartilham o mesmo amor pela verdade, pela justiça e pelo Brasil. O poeta Adison do Amaral, com seus 92 anos de lucidez e luz, é prova viva de que a inspiração é uma dádiva que não envelhece. E é com o coração cheio de gratidão e respeito que registro este instante — não como um repórter diante de uma pauta, mas como um brasileiro diante de um símbolo. Porque o verdadeiro sol que ilumina a nossa nação é aquele que nasce dentro de cada um de nós.”

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