Delton de Mattos |
Esio
é, antes de mais nada, um talentoso participante da nossa vida social e
política. Quando foi fundado o PSD fluminense de Amaral Peixoto e do Senador
Pereira Pinto, naquela memorável convenção, realizada em Campos, recordo-me com
absoluta nitidez de sua figura inteligente e prestativa, animando a caravana de
Bom Jesus durante a viagem, com os seus famosos chistes e trocadilhos, e suas
observações oportunas e entusiastas, que ajudavam romper o percurso através da
péssima estrada, com poeira entrando por todas as frestas do velho Ford 12 do
motorista Lé.
A
completa redemocratização do país, depois da Segunda Guerra, exigia uma boa
organização partidária, pois logo se consolidou a ferrenha oposição da UDN,
reunindo em suas fileiras uma elite de excelente nível cultural, que no entanto
logo assumiu as características da direita extremada e bem nutrida, pondo em
risco os legítimos interesses do povo, especialmente das classes menos
favorecidas.
Em Bom Jesus, o então único jornal A Voz do
Povo tomou posição clara e combativa a favor da UDN, fechando-nos por completo
as suas colunas. É possível imaginar o que isto significou, do ponto de vista
da campanha eleitoral, uma vez que não havia no município qualquer outro meio
de comunicação falada ou escrita.
Mas
o nosso Esio Bastos era um bom jornalista, e tinha sido um dos eficientes
redatores da própria A Voz do Povo, da mesma maneira que outros bonjesuenses,
igualmente competentes e admirados. Diga-se entre parêntese, que alguns desses
às vezes são hoje inexplicavelmente esquecidos, nos momentos das euforias
comemorativas. Em suma, Esio Bastos teve a iniciativa de criar um novo jornal,
para romper o monopólio e abrir novas perspectivas políticas ao município.
Diretor
fundador do Centro Popular Pró-Melhoramentos de Bom Jesus, vereador desde a
primeira Câmara Municipal depois da independência do município, reeleito por
mais duas vezes, Esio participou de diversas organizações de interesse local,
tendo sido fundador da Lira Operária, candidato ao cargo de prefeito também
duas vezes, e depois candidato a deputado estadual quase vitorioso, ficando na
primeira suplência do seu partido.
Na área administrativa, sempre se notabilizou,
desde que foi executivo da Cia. Ferroviária Itabapoana, assessorando o seu
prestigioso pai, até quando assumiu o lugar de Diretor Superintendente do
Instituto Vital Brasil, importante entidade de experimentação e pesquisa do
Estado, na gestão do Governador Badger Silveira. Ainda em Bom Jesus, organizou
a Cia. de Armazéns Gerais do Vale do Itabapoana, que tantos serviços prestou ao
comércio do café e ao financiamento bancário.
Sempre
jovial e bem humorado, companheiro que não abandona os amigos nos momentos
difíceis, simpático e perspicaz, vibrante nas suas famosas tiradas de espírito,
parece que não é fácil encontrar alguém mais credenciado para trabalhar pelo
nosso progresso.
Finalmente,
é uma grande esperança vê-lo no páreo, nas eleições que se avizinham,
disputando uma cadeira de vereador. E tenho certeza que, com o seu passado e a
sua experiência, sem desmerecer outros nomes ilustres que eventualmente forem
eleitos, sua presença na Câmara emprestará também em nossos dias novas
dimensões à vida política administrativa do município.
Que bom que republicaram!De pessoas assim não podemos nos esquecer.
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