"Fé e Vida" é uma das obras importantes que compõem a Biblioteca Comunitária do Centro Cultural Maria Beatriz (CCMB) |
Maura
Garcia de Freitas Goulart é nascida em 14 de Junho de 1930, em Laje do Muriaé - RJ ( Distrito de Itaperuna na
época), filha de Mariano de Araújo Freitas e Margarida Garcia Freitas.
Cursou
até a 5ª série em Miracema (RJ) no Colégio
Ferreira da Luz.
Aos 17 anos, já sentia a grande necessidade de
ensinar por conta própria. Assim, mesmo sem nomeação, iniciou o seu trabalho de
ensinar na Lajinha, zona rural de Laje do
Muriaé, então distrito de Itaperuna. Concluiu o
Ginásio (6ª a 8ª série) no período de 11 meses pelo Projeto Minerva. Segundo
dona Maura, não era difícil ensinar porque "passava para os alunos o
que aprendia com os livros".
Em 1949, aos 19 anos, submeteu-se a um concurso
público pela Prefeitura de Itaperuna, recebendo nomeação e passando a trabalhar
como professora leiga, ainda na
Lajinha, alfabetizando em turma mista até a 3ª série. Posteriormente, foi transferida
para o Barro Branco, zona rural de Laje do Muriaé. Impossibilitada de assumir a atividade na escola devido à dificuldade de transporte, teve que tirar licença especial, ficando afastada da sala de aula por 2 anos.
Com a
emancipação do município de Laje do Muriaé, em 1962, houve um movimento que pretendia acabar com a
escola municipal. Dona Maura lutou, contudo, para que isso não ocorresse, visto que muitas crianças e jovens do município necessitavam ser alfabetizados. A luta de Maura Garcia foi vitoriosa e, assim, continuou trabalhando na escola
municipal. Ocorre que, ao retornar para a escola, constatou que não havia local onde pudesse
ensinar. Assim, disponibilizou um cômodo de sua casa para continuar
a alfabetização.
Em 1964, a prefeitura se prontificou em construir uma escola
municipal na cidade, embora não houvesse um local para isso. Dona Maura doou o terreno ao lado
de sua residência, onde foi construida a Escola Municipal Santos Dumont.
Após a construção da mesma, o educandário
enfrentou dificuldades porque nessa escola não havia água e nem local para fazer a merenda das crianças. Sem medir esforços, ela carregava água de sua casa para as necessidades da
escola e fazia também em sua casa a merenda escolar.
Em 1975, para continuar a ensinar, passou a ser obrigatório que o professor tivesse o curso normal. Mais um desafio que essa mulher guerreira. Pelo
amor ao ensino, contudo, venceu mais uma vez. Concluiu o normal em 1977 no Colégio Municipal
Maestro Masini em Laje do Muriaé. Entre os seus professores constavam sua
filha e seu genro. Tão logo se formou,
fez o concurso pelo Estado, sendo aprovada, e iniciando imediatamente suas atividades. Foram 53
anos de ensino. Aposentou-se com 31 anos
de trabalho pela Prefeitura Municipal, dedicando-se, a partir daí, a escrever poemas.
Em comemoração aos seus 70 anos e o fim de sua
jornada de trabalho, suas filhas
Marilena, Tânia e Silvana, surpreenderam-na com o lançamento do livro com
seus poemas, intitulado "Fé e Vida" que foi por elas prefaciado, nos seguintes termos:
Apresentação
Reunimos neste livro os escritos de
nossa mãe que, vislumbrando o fim de uma longa jornada de trabalho dedicada ao
ensino – nada menos que 53 anos, sentiu o impulso de escrever poemas e, como
ela mesmo diz no seu verso, “agora não vai mais parar...”
Seus versos, ricos de ensinamentos e simples como ela mesma, revelam sua
sensibilidade diante de fatos corriqueiros do dia-a-dia e, ainda, o seu desejo
de ver compartilhada sua emoção, comiseração, amor, surpresas e amarguras da
vida. São pequenas quadras de esperança e desolação, sempre marcadas pelo seu
forte espírito religioso que faz dela uma pessoa forte e serena, severa e
bondosa, confiante e feliz!
Em sua vida marcada por lutas e sacrifícios, nunca perdeu a fé e a
esperança – sentimentos que marcam seus versos.
Deus que te enriqueceu com tantos
dons, continue te abençoando.
Obrigada, mãe, por esse belo
presente!
Marilena, Tânia e
Silvana.
Laje do Muriaé (RJ), 14 de Junho de
2000.
Segue um poema da mestra, extraído do livro "Fé e Vida".
TEMPO
QUE SE VAI
De
repente
o
tempo passou
e
não percebi.
Hoje
vejo
que
a vida foi dura.
Não
tive tempo
para
leitura.
Que
engraçado! Vejo agora!
Lendo
mais sobre uma autora
senti
vontade de imitá-la
a
ser também uma escritora.
Vejo-me
envolvida com poemas
de
nossos poetas locais.
Comececei escrever versos
e
agora não paro mais...
Parabéns dona Maura pelo seu esforço em alfabetizar os alunos, uma lição para os estudantes de todas as idades.
ResponderExcluirQue dona Maura, realmente, não pare mais de poetar...
ResponderExcluirExemplo de mulher dedicada, ativa e guerreira.
ensina, mas muitos aprenderão não a alfabetização, mas liçoes de vida.
Parabéns.... E muita saúde...
Beijos.
Uma das coisas belas no universo é a gente poder escrever, poetar, levar para o papel nossos pensamentos mais belos! Parabéns.
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