Ana Maria Silveira |
Nasceu Renée Braile Ferraiolo, em
Resende-RJ, em 02 de dezembro de 1917. Seus pais, José Ferraiolo e Deolinda
Braile Ferraiolo eram filhos de imigrantes italianos, que vieram para trabalhar
nas lavouras de café. Acabaram todos migrando para o centro da cidade por não
se adaptarem ao regime de semi escravatura e por terem, na grande maioria, suas
profissões.
Renée Ferraiolo, em 1961 |
Renée foi muito bem-vinda ao mundo. Seus
primos, primas, todos os familiares, falavam da sua Renéesinha com muito
encantamento: “Era a criança mais querida, mais alegre, risonha e linda, a mais
amorosa de todas!”.
Talvez, por ter sido a caçula da sua geração,
era mimada por todos.
Diziam
que quando ela foi para o Rio de Janeiro estudar deixou um imenso vazio. Ficou sob o
regime de internato no Colégio Sacré Coeur de Marie,
onde teve sua formação fundamental. Nesse período consolidou muitas amizades,
que a acompanharam por toda a sua vida.
Renée, à esquerda, a menor, estudante do Colégio Sacré-Coeur de Marie - Rio de Janeiro,
uniformizada juntamente com o pai José Ferraiolo e a irmã Egle. Foto de 1925
|
Sua
marca era a generosidade.
Dotada de uma capacidade incomum para acolher
a todos, não discriminava ninguém. Possuía um forte senso de dever e um
espírito independente herdados dos avós anarquistas.
Logo deixou o colégio e retornou a Resende,
foi ser auxiliar da sua tia Chiquinha, num consultório odontológico. Em seguida
trabalhou no cartório do seu pai por longos anos e o substituiu como tabeliã.
Nessa ocasião conheceu seu futuro marido, Badger Silveira, o
novo delegado, encontro esse num momento de agitação na cidade.
Renée estava passeando por Campos Elíseos quando percebeu um grande aglomerado de pessoas em frente à loja de tecidos de um casal de poloneses recém chegados à cidade, que nem falavam ainda o nosso idioma. As pessoas, iradas com as notícias do afundamento do navio brasileiro pelos alemães, os confundiram, e resolveram depredar o imóvel do casal.
Renée estava passeando por Campos Elíseos quando percebeu um grande aglomerado de pessoas em frente à loja de tecidos de um casal de poloneses recém chegados à cidade, que nem falavam ainda o nosso idioma. As pessoas, iradas com as notícias do afundamento do navio brasileiro pelos alemães, os confundiram, e resolveram depredar o imóvel do casal.
Indignada com a gratuita violência, a jovem
Renée se pôs de braços abertos à frente de todos impedindo a selvageria e pediu
para que um menino que por ali passava, fosse chamar o novo delegado, por todos
ainda desconhecido. Quando Badger chegou, apresentou-se como tal. Pediu
tranquilidade aos presentes num falar tão comovente que foi inesquecível para
Renée.
Badger ficou impressionado com a coragem
daquela jovem, enfrentando, sozinha, furiosos desconhecidos. Mais impressionado
ainda ficou com a sua beleza. Dizia que nunca havia visto moça tão bonita e que
se apaixonou perdidamente por ela desde então.
Casaram-se e iniciaram a vida em Resende. Pouco tempo depois, Roberto já estava em franca ascensão política. Decidiram ir para Niterói, pois poderiam acompanhar mais de perto os acontecimentos.
Casaram-se e iniciaram a vida em Resende. Pouco tempo depois, Roberto já estava em franca ascensão política. Decidiram ir para Niterói, pois poderiam acompanhar mais de perto os acontecimentos.
Toda a política dos Silveira passou a ser
feita à Rua Lopes Trovão, 89. Renée sentia-se totalmente à vontade com toda
aquela movimentação, pela qual já estava acostumada, pois seu pai, José
Ferraiolo, havia sido prefeito de Resende durante 15 anos, acompanhando a
presidência de Getúlio Vargas.
Lá, constantemente, se reuniam Boanerges e os filhos. Não havia decisão partidária ou político-pessoal que os quatro não repassassem juntos, para chegarem à melhor solução. Às vezes entravam pela madrugada. Quando não chegavam a um consenso era comum o Roberto ou o Zequinha a chamarem, confiando na sua capacidade prática para resolver problemas: “Comadrinha, você que tem experiência política, o que acha disso?”
Ou: “Renesinha, você que sabe tudo, qual a melhor solução?”
Os filhos chegaram. Oito, no total. Mas outros foram sendo acolhidos, e outros chegando e ficando, como a nossa Cecinha - Conceição de Maria Gama Pereira, o segundo anjo que Deus colocou na sua existência, a melhor filha que Renée teve.
Maria Luíza (filha), Berenice (grande amiga), Cristina (filha) e Renée, em foto de 1960 |
Lá, constantemente, se reuniam Boanerges e os filhos. Não havia decisão partidária ou político-pessoal que os quatro não repassassem juntos, para chegarem à melhor solução. Às vezes entravam pela madrugada. Quando não chegavam a um consenso era comum o Roberto ou o Zequinha a chamarem, confiando na sua capacidade prática para resolver problemas: “Comadrinha, você que tem experiência política, o que acha disso?”
Ou: “Renesinha, você que sabe tudo, qual a melhor solução?”
Badger Silveira, Renés Ferraiolo Silveira e os filhos José Roberto, Ana Maria, Maria Luiza e José Luis (gêmeos), Maria Cristina, Badger, José Fernando e Maria Tereza. Foto de 1962 |
Os filhos chegaram. Oito, no total. Mas outros foram sendo acolhidos, e outros chegando e ficando, como a nossa Cecinha - Conceição de Maria Gama Pereira, o segundo anjo que Deus colocou na sua existência, a melhor filha que Renée teve.
Badger,
governador, com Renée, em uma Escola Agrícola em Resende, idealizada e
construída por Deolinda Ferraiolo, mãe de Renée, com o apoio da D. Darcy
Vargas. Foto de 1963
|
O primeiro anjo foi Idalina, ama-de-leite de
Badger, nascida na fazenda São Tomé, em Bom Jesus do Itabapoana. Era a nossa
amada Vó Preta, como fazia questão de ser chamada. Seu estar atenta a tudo
permitia a Renée acompanhar Badger em todos os eventos.
Missa no Instituto Abel, em Niterói, comemorando as bodas, em abril de 1963 |
A eleição de Badger para governador reavivou
em todos a enorme esperança de realizar,
no Estado, as obras que Roberto não pôde terminar.
Renée, inesperadamente primeira-dama, montou
uma pequena e eficiente equipe que conseguiu, em pouco tempo, atender a todos
os municípios com obras sociais, eventos culturais, capacitação humana, como
estimular as escolas agrícolas, e laser.
Jorge Loretti em saudação ao aniversário de casamento no Palácio do Ingá |
Um dos
eventos que mais a animou foi participar da Feira da Providência a convite de
D. Hélder Câmara, com a barraca do Estado do Rio de Janeiro. Seu esforço foi
compensado, tendo sido uma das mais visitadas e, principalmente, por termos nos
deliciado com a presença ímpar do amado D. Hélder, na ocasião do evento.
Muitos anos após a deposição de Badger pelo
golpe militar, Renée ainda recebia visitas frequentes de funcionários do
Palácio do Ingá. Levavam-lhe junto com flores e doces, afetuosos abraços e
muitos jamais se esqueceram de cumprimentá-la pelos seus aniversários, natais
ou viradas de ano.
Badger e Renée eram muito animados, estavam
sempre juntos. Adoravam dançar, cantar, ir ao teatro, cinema ou comemorar
qualquer coisa, com ou sem motivo. Suas festas juninas no sítio ficaram
famosas, pois viraram casamenteiras. Os amigos
muito os admiravam pela afinidade, parceria e afetuosa cumplicidade.
Badger dizia que Renée, pela sua coragem, o
impediu de ser sequestrado num episódio durante o golpe militar. Ela o segurou
enquanto era levado preso por um grupo sinistro da Marinha, provavelmente do
CENIMAR. Gritou para seu irmão Roberto
Ferraiolo para que avisasse o outro irmão, José Ferraiolo Filho, comandante.
José comunicou-se com o então Ministro da Marinha, o almirante Augusto
Rademaker que imediatamente enviou sua própria lancha que os recolheu e
conduziu em segurança para o Ministério da Marinha.
Estava sempre pronta para defender seus
semelhantes contra quaisquer injustiças. Católica devotadíssima.
Assim como Badger, foi uma filha, neta, irmã,
esposa, mãe, avó, tia, prima, cunhada, nora, sogra, patroa e amiga maravilhosa.
Igualmente destemida e desprendida dos bens materiais.
Renée Ferraiolo Silveira e Ruth Bueno, cunhada de Dinah, grandes amigas sempre
|
O genro Wagner
Rocha bem a definiu no impresso do seu falecimento, em nove de novembro de 2005:
“ Renée
Ferraiolo Silveira, um coração onde couberam todos.”
21 de abril
de 2016
Ana Maria
Silveira é filha de Renée Ferraiolo Silveira e do ex-governador Badger Silveira
Sobre os filhos de Renée e Badger,
todos naturais de Resende(RJ)
e datas de nascimento:
todos naturais de Resende(RJ)
e datas de nascimento:
José
Roberto Ferraiolo Silveira
Ana Maria Ferraiolo
da Silveira
Maria Luíza
Ferraiolo Silveira
José Luiz
Ferraiolo Silveira
Maria
Cristina Silveira da Rocha
Badger
Teixeira da Silveira Filho
José
Fernando Ferraiolo Silveira
Maria Teresa
Ferraiolo Silveira
Datas de
nascimentos:
José Roberto Ferraiolo Silveira
: 05 de Janeiro de 1948
Ana
Maria Ferraiolo da Silveira: 15 de Janeiro de 1949
Maria
Luíza Ferraiolo, 02 de Outubro de 1950
José Luiz Ferraiolo Silveira (gêmeos): 02 de Outubro de 1950
José Luiz Ferraiolo Silveira (gêmeos): 02 de Outubro de 1950
Maria
Cristina Silveira da Rocha: 23 de Maio de 1952
Badger
Teixeira da Silveira Filho: 09 de Junho de 1956
José
Fernando Ferraiolo Silveira: 08 de Janeiro de 1961
Maria
Teresa Ferraiolo Silveira: 29 de Dezembro de 1961
+++++
José Roberto
Ferraiolo Silveira, topógrafo, e Glicélia do Carmo Rodrigues. Filhos: Natália
Poliana Rodrigues da Silva, mãe de Angelina Renée; Natasha Christina Rodrigues
Silveira, estudante de Arquitetura; Arthur Felippe Rodrigues Silveira,
vestibulando.
Ana Maria
Ferraiolo da Silveira e José Jeremias de Oliveira Filho, professor da
USP-Universidade de São Paulo. Filhos: Fabio Silveira de Oliveira, CGU-
Controladoria Geral da União e Franciele Fernanda Borges de Oliveira (nora),
administradora, e Aline Silveira de Oliveira, advogada pós-graduada em Direito
Constitucional, mãe de Giuliana.
José Luiz
Ferraiolo Silveira, artesão.
Maria Cristina Silveira da Rocha, formação: turismóloga, do lar, casada com Wagner Neves Rocha,
nascido em Niterói aos 26 de junho de 1939, formação antropólogo, professor da
UFF aposentado. Pais de Gabriel Silveira da Rocha, nascido em Niterói aos 4 de
janeiro de 1975, formação advogado, casado com Sabrina Antunes da Rocha.
Badger Silveira Filho, servidor público aposentado
José Fernando Ferraiolo Silveira, agrônomo.
Maria Luíza e
Maria Luíza e
Maria Teresa Ferraiolo Silveira, falecida.
TROVA DE BADGER PARA RENÉE
TROVA DE BADGER PARA RENÉE
"Eu nas contas sou um bamba,
Faço tudo, arrumo bomba,
Tendo a Renée ao meu lado!
Do contrário eu me aperto
Erro tudo, nada acerto,
Fico todo encabulado..."
Carta de RENÉE FERRAIOLO SILVEIRA
ao DR. LUCIANO AUGUSTO BASTOS,
diretor do Colégio Rio Branco, no dia 7 de agosto de 2000
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