Elcio Xavier
Levy Xavier |
Levy de Aquino Xavier, filho de Samuel e
Baldina, neto dos irmãos Carlos e Júlio, foi o grande herdeiro dos dotes
musicais da Família Xavier, cujos descendentes sempre se sobressaíram com
brilhantismo na arte de APOLO, dentre os quais, de passagem, podemos incluir
Júlio de Aquino Xavier, o filho, excepcional músico, grande maestro; Samuel e
seu bombardino,; Baldina, jovem pianista que a dura labuta doméstica impediu
seu progresso musical; Candoca, o preferido dos maestros com quem tocou,
Euclides e Juvenal, seus irmãos; Homero e Bininho, irmãos de Levy, e seus
sucessores, entre os quais se sobressaem Samuel Cerqueira Xavier e o sobrinho
de Samuel, Arthur, de apenas 15 anos e
já primeiro trompetista da banda de música de Lage de Muriaé.
Levy, o artista, por desmesurado amor à
sua cidade natal, Bom Jesus, preferiu a vida provinciana às glórias de uma
promissora carreira na cidade grande. Defendia seus ideais de maneira quase
radical, com veemência, o que lhe ocasionou muitas decepções. Era de uma
lealdade pura aos seus princípios e aos seus amigos, e seu coração sempre
esteve repleto de amor e esperança. Um grande filho e um extremado pai, foram
qualidades marcantes em Levy.
Falemos dele como músico:
Em 1920, aos 15 anos de idade, iniciou
seus estudos musicais em Bom Jesus com o maestro Muylart. Como esse professor
não era muito assíduo às aulas, pouco aproveitou na aprendizagem. Em 1921,
conheceu um músico campista, Nilo Constantino da Silva, que reconhecendo sua
aptidão nata para a música, ofereceu ensinar-lhe, sob a seguinte condição:
“todo aquele que perder uma aula terá de pagar uma multa de mil réis, tanto o
aluno como o professor.” Levy passou rápido pela Artinha e o solfejo, cumprindo
cinquenta lições em noventa dias, incorporando-se à banda de música local como
primeiro trompete.
No ano de 1923 viajou para Juiz de
Fora, quando se inscreveu na Academia de Comércio daquela cidade, e passou a
integrante da banda escolar como pistonista. Infelizmente adoeceu e regressou à
Bom Jesus. Após seu regresso passou a fazer parte da 1ª Orquestra Bonjesuense,
sob a direção do maestro Leopoldo, e participou nos anos de 1923 e 1924, das
bandas de música organizadas para abrilhantar as festas locais.
Em 1925, o maestro Leopoldo não quis
organizar a banda para os festejos do mês de maio, alegando que o povo não
valorizava música e não se criava uma corporação musical permanente. Diante da
recusa do maestro, a comissão dos festeiros saiu batendo à porta dos músicos
mais velhos, implorando que não deixassem o mês de maio sem música, mas não
conseguiu comovê-los. Foram, então, ao jovem Levy Xavier que ficou surpreso com
tal proposta recusando-a também. A pressão continuou, e ele acabou concordando
em liderar um grupo o qual, por ter sido criado em maio, recebeu o nome de
“FLOR DE MAIO”, indicação do Padre Melo. Este grupo durou apenas um ano porque
os instrumentos eram emprestados e uma nova banda estava em organização na
vila. Era a LIRA FUTURISTA, fundada em 1926, tendo como regente o maestro
Leopoldo Muyart, que obteve grande sucesso até agosto de 1926. Após a Festa de
Agosto, tendo o maestro adoecido e necessitando procurar recursos médicos na
cidade de Campos, chamou Levy e lhe fez a seguinte proposta: - “Toma conta da
minha orquestra no Cinema Bom Jesus e mantém a banda em atividade. Se eu
voltar, hei de ensinar-te tudo o que sei e, se eu morrer, lá da eternidade eu
te ajudarei.” Leopoldo morreu e seu sucessor veio de Campos: maestro Baetinha,
competentíssimo, porém irrequieto, sendo logo substituído pelo maestro Clóvis
Brandão. Durante todo esse tempo Levy foi o 1º trompete, e nas folgas ia tocar
em Rosal, Calçado, São Pedro e Santo Eduardo, onde sua presença era exigida por
ser reconhecido como grande músico.
Há um fato de grande realce na vida do
nosso homenageado: Em 1925 deu seus primeiros passos como regente de banda, na
cidade de São Pedro. Em 1928 ajudou a organizar as bandas de música de Boa
Vista (Apiacá): Lira Santo Antônio e Lira Boa Vistense. Em 1929, organizou uma
festa em Santa Angélica, a qual dizia ter-lhe dado muito trabalho e despesa,
por ser uma festa cívica, 7 de Setembro, cabendo-lhe ensinar às crianças a
marchar para o grande desfile militar, além de tê-las vestido de branco com um
laço de fita verde e amarela no braço. Em setembro do mesmo ano foi chamado a
Santo Eduardo para dirigir a banda local a qual atravessava uma fase difícil.
Reorganizou essa banda e em um ano e meio ela se tornou referência em
qualidade, na região.
Em 1931, por necessidade financeira
resolveu montar uma casa comercial em Mutum, logradouro às margens da rodovia
Bom Jesus - Campos. Uma tarde enquanto executava em seu trompete, um trecho da Ópera
“O Guarani”, passou de automóvel pela estrada o usineiro José Carlos Silveira
Pinto. Ao ouvi-lo, parou o carro e foi ao seu encontro propondo-lhe organizar
uma banda de música em sua usina. Levy fechou sua venda, para a qual não tinha
muita aptidão, e foi para Santa Maria. Ali, em noventa dias, colocou na rua uma
corporação musical brilhante, segundo diversas opiniões, quando ela desfilou
garbosa pelas ruas de Bom Jesus. Por motivo de saúde foi forçado a deixar Santa
Maria 18 meses após sua mudança para aquela usina, regressando à Bom Jesus. Mas
a música em sua vida era mais forte que as condições físicas e, julgando-se
curado, organizou em 1933 o Jazz Sorriso, que abrilhantou os bailes
bonjesuenses até 1938, sobretudo os inesquecíveis carnavais de nossa terra.
Finalmente teve que ceder à
precariedade física: seu coração impedia os esforços que seu instrumento exigia
do corpo. Recolhido à família, dedilhava sempre que podia seu violão,
cantarolando suas composições musicais, cujo acervo vasto e valioso, está sob a
guarda de seus filhos.
Encerrou seus dias como um eterno
sonhador e os anjos no céu devem tê-lo recebido com um majestoso coro de
trombetas.
Levy Xavier nasceu no dia 16 de junho
de 1904 e faleceu no dia 23 de março de 1970.
NOTA:
homenagem prestada a Levy Xavier, por seu sobrinho Elcio Xavier, durante o 1º
Encontro da Família Xavier realizado em setembro de 2000, na cidade de Bom
Jesus do Itabapoana (RJ).
Banda de Levy Xavier |
LEVY DE AQUINO XAVIER (1904 – 1970)
Nascido em 16/06/1904 em Jardim
Falecido em 23/03/1970 em Bom Jesus do Itabapoana - RJ
Casado com: Inah Caldeira
Teve 3 filhos:
- Maria José Caldeira Xavier – 2 filhos
Casada com: Egon Alberto Buhlmann
- Egon Alberto Buhlmann Junior
Casado com: Marcele
- Gustavo Alberto Xavier Buhlmann
Casado com: Luiza de Almeida
- Samuel Caldeira Xavier – 1 filho
Casado com: Regina Célia Ferreira
- Jefferson Ferreira Xavier – 1 filho
Casado com: Kelly Jacomini
- Bryan
- Lenice Caldeira Xavier – 2 filhas
Casada com: José Roberto de Almeida
- Marcela Xavier de Almeida – 2 filhos
Casada com: Wilton Soares Mesquita dos Santos
- Barbara Xavier Soares Mesquita dos Santos
- Raul Xavier Soares Mesquita dos Santos
- Roberta Xavier de Almeida
Levy Xavier no Bloco de Carnaval |
Levy Xavier e família |
Inah Caldeira Xavier |
Foto da família em 2013, por ocasião do Natal Aniversário de 90 anos de Inah Caldeira Xavier, em 2015 |
Acervo: Elcio Xavier
Parabéns pela homenagem ao maestro Levy Xavier!
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