quinta-feira, 26 de março de 2020

.     "  N Ã O  H Á  V A G A S "
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            Joel Boechat... Cantinho
            Do Cordel

Literatura de cordel é longa e , 
Como se diz aqui no Nordeste 
No  Sertão;  não seja "inxirido"
Só   aperte   o ' curtir ' se  tiver 
Por inteiro , essa história lido.
Foi  escrita  no Linguajar dus
Sertanejo   no desterro.  Num
Arrepare us erro . Essa é uma
História  muito triste ...

          * * *  * * * * * * * **

No  Sertão do Ceará ,  a sêca
Sob um sol inclemente
Torna a terra dura e  rachada 
 E , nem uma  gotinha d'água
Muita enxada enferrujada ...
Nada  se pode cultivar , nem
Há  grão pra se  plantar...
Muita fome... Vamos rezar.
                                                           
Os "óios" dos  caborés razos
D'água    São os espelhos de
Suas mágoas...  O consôlo   
É , do sertão , o Luar  ...             
   
Severino José da Silva, mais
Conhecido por Bíu...
No Sertão do Ceará , muitas
Vezes dormia com fome .
Nem macaxeira ,  cuscuz e  Inhame botava no prato ...

Nem um pedaço de cará ou
Um "mói" de coentro barato
Que é , prás criança sobrá...
E aí  entonce , a fome matá

As "vez" conseguia uns três
 Litro  de farinha
Umas lasquinha de gordura
De charque ...
Que  os ricos podia comprá
Mandava  da carne arrancá

A farinha era pra sua nêga Rosinha..
Fazê farofa, com o resto da
Goma  de  mandioca  e  dar
Da horta pedaço de mamão
O  mingau   dos canenguim Aprepará se dé pra comprá 
Compre aí  uns cinco pão ...

Leite , graças  a Deus , num
Era a questão
Tinha  a  cabra   Margarida
Que ja estava parida ..
Mermo com uma  das teta
Ferida ..
O leite que ela dava, podia
Enchê  um canecão...

O Biu ,  um dia ouviu dizer
Que ,  na cidade de  " Sum
Paulo,  " Maior cidade  do
Brasil ...
Vaga ,  era o que sobrava
Nas obras de construção
Civil ...

Serralheiros, carpinteiros
Pintor ...
Apontador  ,   ladrilheiros
Auxiliares  de  pedreiro e
Armador ...

Vendeu  as  " traias"  que
Ainda tinha ...
Deixo  "Mil contos"" com
Sua  nega Rosinha
E umas compra de carne
De sol e farinha .

Pódi deixá,  minha muié
Que até  mês de agosto
Aí , se Deus e  o  Senhor
Jesus do Horto quisé ... 
Te mando uma coisinha
E   dinheiro que eu pudé 

La chegando foi a umas
Obras de construção ..
Só  via   placas de latão
Que  ,    com dificuldade
Soletrava ...
"NÃO HA VAGAS "

Foi  grande   desolação.
Desespero frio e  garôa
Foi-se  , o  restinho  do
Seu Dinheiro ...
Não sobrou ,  nem  pra
Comprá ..
Uns  pãozinho ou uma
Brôa...

Um cabra que tinha ido
Na 'merma"  situação ..
Deu  um  gole de pinga
Pra Biu  se  sentir mais
Aquecido... cama  que
Fez para os dois ..
Só pedaços de papelão

Conseguiu no  outro dia
Resto  dum  restaurante
Que  ia ser  jogado fóra
Recebeu em bôa hora .

Mas ,  pro café e o jantar
Só  uns  pedaços de pão
Que  conseguiu  guardar
No borso  do seu calção .

Mais doses de cachaça
Com o  choque térmico
Do  frio  , daqueles  que
Racha...
Acelerada  sua morte ...
Acontecia muito com o
Que vinha do Norte ...

A  famía ,  nu  Nordeste
Dele  num teve mais as
 " nutiça"
Como não tinham mais
Nada ...
Ficaram  na má sorte e
Na  "mundíça" ...

Permita  Senhor  !   Meu
Bom Deus e Jesus ...
Depois que passar essa
Crise ...... Que arrasou o
O Brasil

Tenha  alguém  de "Sum
Paulo"  ...
Que  a outros  Biu  avise
Qui  botaram  as  pracas
Na  " tar"  da construção
Civil. ...

E  ,  em letras garrafais
Os  Biu possa  soletrar
Vagas  pra  serralheiro
E ,  auxiliar de pedreiro

Mermo  assim e ,  cum
Pouca  leitura .
Muito dificil  e indecisa
Encontrem  nus versos
das praca, frases  onde
Se leia  ... PRECISA...

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