sábado, 18 de julho de 2020

Há exatos 323 anos, a 18 de julho de 1697, morria o Padre Antônio Vieira

JP | EFEMÉRIDE



Há exatos 323 anos, a 18 de julho de 1697, morria o Padre António Vieira, em Salvador, na Baía, já cego e surdo. O Padre António Vieira passou pelos Açores e deixou por cá a devoção ao terço.
O Padre António Vieira nasceu, em Lisboa, a 6 de fevereiro de 1608, e foi um religioso, escritor, filósofo e orador da Companhia de Jesus. Tornou-se uma das mais influentes personalidades do séc. XVII, destacando-se como missionário no Brasil.
Com um forte consciência social, o Padre António Vieira teve um papel de destaque na defesa dos direitos dos povos indígenas, combatendo a sua exploração e escravatura, mas não deixando de os evangelizar. Chamavam-no de "Paiaçu" (Grande Padre/Pai, em tupi), em sinal de respeito e afeição por ele.
O Padre António Vieira numa viagem do Maranhão, no Brasil, para Lisboa, a bordo de um navio da Companhia Geral, para reclamar dos maus-tratos aos índios, era também um grande defensor da reza pública do terço do Rosário. Perto do Corvo, uma tempestade abalou o barco, e perante a agitação das pessoas, o Padre terá dito: “Anjos da guarda das almas do Maranhão, lembrai-vos que vai este navio buscar o remédio e salvação delas. Fazei agora o que podeis e deveis, não a nós, que o não merecemos, mas àquelas tão desamparadas almas, que tendes a vosso cargo; olhai que aqui se perdem connosco”. Fez todos prometerem que iam rezar um terço todos os dias se, porventura, conseguissem escapar daquela tempestade. E assim foi, no momento do naufrágio, um dos corsários holandeses que andava pelos mares dos Açores, recolheu os náufragos a bordo, pilharam o que puderam do navio já quase naufragado e desembarcaram os portugueses sãos e salvos na Graciosa após os terem despojado de todos os seus pertences pessoais. Aí começou a divulgar o culto pelo terço.
Depois o Padre António Vieira passou à Terceira, a sua ação determinou também o aprestamento de uma embarcação para que todos os seus outros colegas de naufrágio chegassem a Lisboa. O Padre António Vieira permaneceu na Terceira durante mais algum tempo, iniciando também aqui a devoção do terço, que pela primeira vez foi cantado na igreja da Boa Nova, em Angra.
O Padre depois passou a São Miguel e, a 24 de outubro de 1654, embarcou a bordo de um navio inglês rumo a Lisboa. Esta viagem final, também cheia de peripécias, levou O Padre António Vieira finalmente à capital portuguesa onde queria falar e reclamar da forma como os índios eram tratados. Assim, é graças a este naufrágio que a devoção do terço começou em terras açorianas.
O Padre António Vieira defendeu também os judeus, sobretudo a abolição da distinção entre cristãos-novos e cristãos-velhos e criticou severamente a conduta e vida de muitos dos sacerdotes da sua época e a própria Inquisição, acabado por ser preso por esta de fevereiro de 1663 a outubro de 1665, mas estes meses de encarceramento não o desmotivaram das suas crenças e defesa dos mais fracos.
Na literatura, os seus sermões possuem uma considerável importância no barroco brasileiro e português. Um dos seus textos que mais aprecio, “O Sermão de Santo António aos Peixes”, continua atualíssimo.
Francisco Miguel Nogueira

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Enviado por Antonio Soares Borges

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