Música "Simplesmente Ismélia", interpretada pela Escola de Música JEMAJ, homenageia a nossa Eterna Primeira Dama
Nascida em 1930, Ismélia Silveira, conhecida como a nossa Eterna Primeira Dama, expressão cunhada pelo gênio de Raul Travassos, faleceu no dia 14 de março, um dia após seu aniversário.
Ismélia Saad (E), viúva de Roberto SIlveira, e a irmã Marian Saad (Acervo de Eliane Chalhoub) |
Retornando à sua cidade natal, matriculou-se no Curso do Comércio, no antigo Colégio Rio Branco, onde concluiu o 2º grau. Pretendia fazer o vestibular, opção que abandonou após conhecer e casar-se com Roberto Silveira.
COMO ISMÉLIA CONHECEU ROBERTO SILVEIRA
Ismélia e Roberto se conheceram no baile da Rainha da Festa de Agosto, no salão do Grupo Escolar Pereira Passos, atualmente, Colégio Estadual Governador Roberto Silveira |
O livro " ROBERTO SILVEIRA, A PEDRA E O FOGO", (Casa Jorge Editorial), do jornalista José Sérgio Rocha, relata como foi o encontro de Ismélia com Roberto Silveira:
"Aos 17 anos, Ismélia, que passava o tempo sonhando com os príncipes de papel das revistas de Hollywood, bateu o pé para não competir. Entre outras desculpas, alegava que Didinha fora a rainha de 1946. Mas houve apelos para que ela concorresse e, assim, ajudasse a arrecadar fundos para o Hospital São Vicente de Paulo. Tanta insistência que, a contra gosto, a morena de rosto redondo e pernas bem torneadas teve o nome incluído pelos jurados entre as candidatas. Dessa vez, deu graças a Deus por ter pai durão: em julho, quando as outras moças abriam mão de passar férias fora da cidade para poder vender seus bônus, Merhige enviou-a, como todos os anos, para a casa dos parentes em Tombos do Carangola, Minas Gerais. Ismélia voltou quase em cima da hora, certa de que sua participação naquela "idiotice de concurso" caíra no esquecimento. Para sua surpresa, mesmo assim foi escolhida, não para ganhar o cetro de rainha, mas a faixa de princesa. Às pressas, a mãe encomendou o vestido. Não dava mais para escapar.
"Aos 17 anos, Ismélia, que passava o tempo sonhando com os príncipes de papel das revistas de Hollywood, bateu o pé para não competir. Entre outras desculpas, alegava que Didinha fora a rainha de 1946. Mas houve apelos para que ela concorresse e, assim, ajudasse a arrecadar fundos para o Hospital São Vicente de Paulo. Tanta insistência que, a contra gosto, a morena de rosto redondo e pernas bem torneadas teve o nome incluído pelos jurados entre as candidatas. Dessa vez, deu graças a Deus por ter pai durão: em julho, quando as outras moças abriam mão de passar férias fora da cidade para poder vender seus bônus, Merhige enviou-a, como todos os anos, para a casa dos parentes em Tombos do Carangola, Minas Gerais. Ismélia voltou quase em cima da hora, certa de que sua participação naquela "idiotice de concurso" caíra no esquecimento. Para sua surpresa, mesmo assim foi escolhida, não para ganhar o cetro de rainha, mas a faixa de princesa. Às pressas, a mãe encomendou o vestido. Não dava mais para escapar.
Enfim, a grande noite chegou e caiu num sábado. Ao entrar com a família no salão, ela logo notou que todas as famílias importantes e tradicionais ali estavam: Borges, Teixeira, Ferolla, Figueiredo, Travassos, Seródio, Silveira... A colônia árabe, seus primos e primas compareceram em peso — a turcalhada toda apareceu. Ninguém ousava discriminar aqueles bonjesuenses morenos, narigudos e ricos que, de acordo com a central de fofocas municipais, 'eram os únicos que trabalhavam na cidade, além dos médicos'.
Por tradição, o diretor do clube e organizador do baile, doutor Oliveiros, escolhia o par da rainha para a hora da valsa e, naquele ano eleitoral, a honra seria reservada ao jovem filho de Boanerges,a quem a cidade acabava de acolher, advogado diplomado e deputado atuante. Surgiu um problema de última hora: Roberto não queria rodopiar pelo salão com a ex-namorada Dilah Ferolla e, discretamente, deu um jeito de convencer Oliveiros a valsar com a rainha, enquanto ele faria par com aquela princesa bonita e quieta que corava e abaixava a testa quando o descobrira devorandoa com os olhos. Foi uma dança após a outra. E a paixão — fulminante para o arrebatado Roberto, tranquila para a doce Ismélia — foi imediata.
— Eu lhe conheço. Você é a filha do seu Merhige. Quantos anos você tem?
— Eu lhe conheço. Você é a filha do seu Merhige. Quantos anos você tem?
— Dezenove — mentiu a princesa.
— Você tem namorado?
— Não — mentiu só um pouco.
— Quer namorar comigo?
— Não quero, não (mentira da grossa).
— Por quê?
— Porque não.
— Então, vamos fazer uma experiência.
— Só se for escondido, porque papai não pode saber (a princesa de agosto, enfim, jogava aberto com seu político encantado).
— Claro que pode, mas tudo bem. Amanhã posso te encontrar na praça? Roberto saiu do baile com uma certeza: aquela era a mulher com quem queria dividir o resto dos seus dias. Bem, talvez estivesse exagerando um pouco mas não custava fazer a tal experiência. No dia seguinte e na hora combinada , uma tarde fria de domingo, os dois apareceram na pracinha. Ela, sorrateiramente, usando como escudo a irmã. Ele, com o jeito de sempre, cumprimentando todo mundo que via pela frente.
Ismélia entrou em pânico: a notícia logo chegaria na casa de dona Alzira, suas tias seriam as primeiras a espalhar. O medo logo passou. Não era só o político novato que se encantara por ela: a moça também estava fascinada rapaz de olhos e cabelos castanhos claros. No banquinho da praça, Roberto falou da vida que levava em Niterói, Ismélia contou-lhe sobre sua passagem pelo internato, trocaram confidências, o que uma e outro gostavam mais de fazer. Ah! ele gostava muito da Serenata de Schubert que ela tocava no piano! (Roberto gostava mesmo era de Jackson do Pandeiro, Ciro Monteiro e Jorge Veiga ). A conversa foi muito boa e demorada, mas no dia seguinte era segunda-feira e o deputado de 24 anos precisava madrugar na estação ferroviária de Bom Jesus do Norte, na outra margem do Itabapoana, e voltar à capital.
A partir daí, as viagens à terra natal ficaram menos espaçadas, mesmo com toda a trabalheira da Constituinte estadual e da construção partidária. Afinal de contas, um deputado precisa visitar suas bases! Numa das visitas, Roberto levou ninguém menos que o presidente do partido, comandante Abelardo dos Santos Mata, para emprestar um ar mais oficial e solene ao pedido de namoro. Para surpresa das filhas, Merhige Saad os recebeu muito bem, ofereceu o melhor café que produzia e deu sinal verde. Evidente que chegara a seus ouvidos o tal encontro na praça. Bom Jesus inteira ficou sabendo, minutos depois, o nome da musa eleita pelo galante deputado.
Com o aval do pai, o romance engrenou. E as cartas, até então enviadas por Roberto para uma funcionária dos correios que concordara em servir de ponte entre os dois, passaram a ser remetidas diretamente para a residência da moça.
Logo vieram o primeiro beijo, na varanda da casa dela; o primeiro presente de aniversário dado por ele, um par de canetas Parker 51 acompanhado de um bilhete: "Eu ganhei e estou te dando porque não tenho dinheiro para comprar um presente"; o primeiro filme, Carnaval no Fogo, com Anselmo Duarte, Eliana Macedo, Oscarito e Grande Otelo, que os dois assistiram juntos no Cine Monte Líbano; o primeiro presente dado por ela: uma cigarreira dourada parecida com a que o gângster em início de carreira José Lewgoy usa, na chanchada, para ser identificado pelos cúmplices no Copacabana Palace... " (páginas 180 a 182)
Convite para o casamento de Ismélia com Roberto Silveira Aos familiares e amigos manifestamos os nossos mais profundos sentimentos! ISMÉLIA SILVEIRA VIVE! |
💔💔💔💔💔💔💔💔
ResponderExcluirLinda história!❤⚘⚘⚘⚘
ResponderExcluirUma bela história de amor e linda a música. ❤️❤️
ResponderExcluir