domingo, 7 de maio de 2023

"Seu" Eurico

 



Gino Martins Borges Bastos 



Uma das imagens do meu tempo de infância, que me acompanham até hoje, se refere a de "seu" Eurico, um negro idoso e que andava com bengala, em decorrência de um AVC.

Minha, avó Vivaldina Bastos, depois que enviuvou, passou a morar com meus pais, na casa localizada em frente, na mesma rua 15 de Novembro.

Certo dia, apareceu em nossa casa o "seu" Eurico, que havia trabalhado para meu avô Olívio Bastos, e solicitou que pudesse morar numa habitação que havia na parte de trás da antiga casa. 

O pedido de "seu" Eurico foi atendido. E, sempre quando eu ia pegar a fruta abil no quintal onde  ficava a habitação, ele costumava se dirigir a mim, de maneira carinhosa, me chamando de "patrãozinho", o que me causava surpresa.

Sua voz meiga e sua imagem apontando a bengala para algum lugar, no meio de uma conversa, nunca saíram da minha memória.

Um dia, alguém veio e anunciou: " - 'seu' Eurico faleceu!".

A tristeza e a saudade começaram na minha infância.

"Seu" Eurico morreu, mas não se foi! Ele habita em meu coração e em minha mente, desde quando o conheci!




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