terça-feira, 16 de abril de 2024

"Minha Memória", por Wilma Martins Teixeira Coutinho


Wilma Martins Teixeira Coutinho 


Eu converso comigo mesmo e faço grande divagação, lembro de toda a minha história desde a infância até os dias de hoje. Tenho certo bloqueio em falar publicamente. Eu divago no meu subconsciente e viajo no emocional, ao encontro do meu viver. Sou livre de pensar. Minha familia amada, meu orgulho, um farol a iluminar minha existência. Meu Avô, João Martins Teixeira, figura notória  no Cenáculo Fluminense, Médico Cientista, Professor de Medicina da  Faculdade do Rio de Janeiro e no Colegio Pedro ll, cujas aulas eram assistidas até pelo próprio Imperador Dom Pedro ll, ávido de saber, conforme se pronuncia em suas notas a Academia Fluminense de Letras, quando era Presidente Albertina Fortuna. Com toda essa trajetória, morreu em Niteroi, pobre, suas tardes eram ao som de flauta e músicas, era Maestrino. Esse era o meu Avô, pena que não o conheci.

Meu Pai, João Martins Teixeira Junior, minha Mãe, Rosa Martins Teixeira, ele, então Membro do Ministério Público, falecendo na Comarca de Araruama, quando esta memorialista tinha cinco anos. Poeta, grande orador que também ocupou uma Cadeira na mesma Academia, possuidor de grande inteligência e aguda presença de espírito, que deixava ate paralisado quem com ele debatia. Permitam-me contar um caso que se comenta até hoje nas rodas forenses em Araruama: Meu Pai era gago e no Júri debatia com o Advogado de defesa, cujo nome era Dr Gago. Em dado momento acalorado, o Dr Gago explode: "Vossa Excelência é um gago!" O Promotor, meu pai, devolve: "eeeu sssou gaago e tu és gaggago  viivemos na mesma peleja, mmmas em questão de Direito eu ssou ggago e ttu GAGUEJAS!" Esse era meu Pai João Martins Teixeira Júnior. Eu, hoje aos noventa e seis/97, Poeta, meu DNA. Apaixonada pelo Direito em sua homenagem abracei essa Carreira, Advogando na Área de Família, na defesa inclusive de quem não podia pagar. Meu Pai também recebia ovos, aves, frutas, dos clientes defendidos por ele em agradecimento.

Eu cultuo essa minha Memória de quem deixou marcas profundas no meu orgulho. Quando hoje no geral é: "toma lá dá  cá". Uma minoria tem aquele  espírito de se doar em bem comum.


Wilma Martins Teixeira Coutinho

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